Cientistas usam vírus para combater tipos resistentes de câncer
Quando são infectadas por um vírus específico, as células do sistema imunológico conseguem eliminar diferentes tipos de tumores, segundo estudo norte-americano
Para combater tipos de câncer que são resistentes aos tratamentos convencionais, uma equipe de pesquisadores norte-americanos desenvolveu uma estratégia que envolve o uso de um vírus benigno que infecta células do sistema imunológico. A estratégia inovadora busca impulsionar o sistema imune do próprio paciente.
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Publicado na revista científica Cancer Cell, o estudo sobre a viroterapia — uso terapêutico de vírus contra o câncer — foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual do Arizona (Asu), nos Estados Unidos. Apesar dos resultados promissores, mais testes são necessários até que o tratamento esteja amplamente disponível.
Inclusive, a técnica que envolve o uso de vírus pode beneficiar o tratamento com terapias já existentes. Segundo os autores do estudo, este seria o caso da terapia CAR-T, baseada na reprogramação das células de defesa do próprio paciente. Mais especificamente, das células T. Mesclando as duas terapias, os pesquisadores acreditam que será possível estender o uso da CART-T — hoje, disponível para o tratamento de leucemia (câncer no sangue) — para combater tumores sólidos.
Como funciona o uso de vírus contra o câncer?
No estudo, a equipe de pesquisadores detalha como funciona a viroterapia oncolítica. Segundo os autores, os vírus oncolíticos são capazes de "caçar" e "exterminar" células cancerígenas ao mesmo tempo que preservam as que estão saudáveis. Além disso, ajudam o sistema imunológico a reconhecer quais tipos de células são cancerígenas.
Neste processo, os pesquisadores usaram um vírus conhecido pelo nome de mixoma (MYXV) e que é, normalmente, associado aos coelhos. Nos testes, as células T (do sistema imune) infectadas por este agente infeccioso se tornam altamente eficazes em eliminar células cancerígenas.
"Descobrimos uma sinergia inesperada entre as células T [do sistema imunológico] e MYXV [vírus do mixoma] para reforçar a autose [eliminação] de células tumorais sólidas que reforça a eliminação do tumor", detalham os cientistas.
Além disso, as células cancerígenas nas proximidades daquelas visadas pela terapia também foram destruídas. Isso indica que a terapia pode ser bastante promissora no tratamento de alguns tipos de câncer considerados resistentes, onde faltam terapias disponíveis.
Fonte: Cancer Cell e Asu
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