Cirurgia corrige artéria em cérebro de feto de 34 semanas ainda no útero
Bebê nasceu dois dias depois sem complicações; cirurgia foi realizada em Boston, nos EUA
Médicos realizaram pela primeira vez uma cirurgia para corrigir má formação na veia de Galeno de um feto de 34 semanas. A condição pode causar pressão sobre o coração e os pulmões e privar o cérebro de oxigênio. O procedimento foi realizado no Hospital Infantil de Boston, nos Estados Unidos.
A cirurgia corrigiu um vaso sanguíneo anormal no cérebro do feto. O bebê nasceu sem complicações, indicando que o método pode tratar bebês com segurança.
A malformação da veia de Galeno se forma antes do nascimento, quando as artérias do cérebro se conectam de volta à veia central do órgão. Isso expande essa veia e permite que mais sangue corra, pressionando o coração e os pulmões e privando o cérebro de oxigênio.
Bebês com a doença geralmente desenvolvem insuficiência cardíaca e sintomas semelhantes aos do derrame poucos dias após o nascimento.
“Há muitos pacientes que não podemos ajudar mesmo com o melhor padrão de atendimento”, disse Darren Orbach, do Hospital Infantil de Boston, ao New Scientist.
Antes do nascimento de bebês com essa condição, a placenta ajuda a aliviar parte da pressão. Depois que nascem, pode ser tarde demais para realizar a cirurgia. “Infelizmente, eles falecem apesar de nossos melhores esforços, ou ficam com lesões cerebrais graves”, explicou o médico ao site norte-americano.
Os exames de ressonância magnética mostraram que a veia central tinha mais de 14 milímetros de diâmetro.
“Quando a largura da veia é de 8 milímetros ou mais, sabemos com 90% de certeza que o bebê ficará muito doente após o nascimento”, disse Orbach. “Essa foi uma das malformações mais agressivas que já vimos.”
O procedimento
A mãe do bebê recebeu a raquianestesia antes da cirurgia e o feto também recebeu uma injeção de anestésico para evitar movimentos durante o procedimento. Uma agulha foi inserida no útero. A ultrassonografia ajudou a apontar para a parte de trás da cabeça do feto, onde a malformação estava localizada.
De acordo com o site New Scientist, os cirurgiões empurraram suavemente a ponta da agulha na veia. Em seguida, um cateter é injetado para inserir bobinas de metal especiais no espaço extra criado pela malformação. Essas bobinas diminuem a quantidade de sangue que flui pela veia. A cirurgia durou menos de duas horas.
Um ultrassom um dia depois mostrou uma diminuição de 43% na quantidade de sangue bombeado pelo coração do feto. As ressonâncias magnéticas feitas antes e depois da cirurgia também revelaram que a veia encolheu quase 5 milímetros de diâmetro.
O bebê nasceu prematuro dois dias depois, sem complicações. Ele não precisou de medicamentos para o coração ou cirurgia adicional.
“Foi notável porque esses bebês geralmente ficam muito doentes. A criança agora com sete semanas de idade ainda parece saudável”, disse o médico.
“É obviamente muito emocionante ter esse resultado no primeiro paciente, mas é literalmente o primeiro paciente. Temos que fazer a ciência e demonstrar que funciona em todos”, complementou Orbach, que planeja realizar a cirurgia em mais 19 fetos.