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Cobertura 5G no Brasil cresce em ritmo cinco vezes acima do previsto

Mais de 180 municípios são atendidos pelo que se chama de "5G puro sangue", com maior velocidade de navegação

8 jul 2023 - 09h10
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Praticamente um ano após o início da ativação da internet móvel de quinta geração (5G) no País - que começou por Brasília, em 06 de julho de 2022 -, a cobertura está se espalhando em ritmo acima do estabelecido pelas regras do edital de leilão das frequências, realizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Pelas regras da agência reguladora, a cobertura começou pelas capitais. O edital do 5G estabeleceu como compromisso a instalação de 632 estações rádio base (Erbs) por operadora, considerando a presente data. Assim, Vivo, Claro e TIM deveriam ter colocado em operação um total de 1.896 estações até o momento. No entanto, já existem 9.481 estações licenciadas nas capitais, o equivalente a cinco vezes o previsto.

"Essa corrida é efeito da competição. Se uma empresa coloca antena, as outras tendem a colocar também, porque o 5G é algo que atrai mais clientes", diz o membro do conselho diretor da Anatel e presidente do Gaispi (grupo responsável pela limpeza da faixa do 5G), Moisés Queiroz Moreira.

Hoje, 184 municípios são atendidos pelo 5G no padrão "puro sangue" (ou "standalone", no jargão técnico), com antenas totalmente dedicadas ao sinal, garantindo maior velocidade de navegação e menor tempo de resposta entre os dispositivos conectados. Essas antenas já instaladas pelas operadoras cobrem uma população de 70 milhões de brasileiros nessas localidades.

A TIM tem liderado a instalação de antenas até aqui. Nas capitais, do total de 9.481 Erbs, 4.414 (46,5%) foram colocadas pela operadora. Na sequência vêm a Claro, com 3.067 (32,3%) e a Vivo, com 2.000 (21,1%).

Já no conjunto dos 184 municípios, há um total de 12.579 estações rádio base, sendo 5.681 da TIM (45,1%), 3.573 da Claro (28,4%) e 3.325 da Vivo (26,4%).

Na avaliação de Moreira, é questão de tempo para que os benefícios do 5G se espalhem pela sociedade, com a chegada de novos aplicativos e funcionalidades. Ele lembra que no 4G foram necessários alguns anos para o sinal ganhar escala suficiente a ponto de permitir a popularização de aplicativos de música e vídeo, motoristas por chamadas, banco no celular, entrega de alimentos, entre outros.

"Toda tecnologia nova demora de quatro a cinco anos para se consolidar, assim como aconteceu no 4G. Por enquanto, dá para dizer que está andando mais rápido que o previsto. O sinal tem velocidade alta e a perspectiva de desenvolvimento de novas funcionalidades é otimista", afirma o conselheiro.

Na vanguarda

Levantamento da consultoria independente Open Signal aponta que o 5G brasileiro está no pódio global em termos de velocidade. A velocidade de download por aqui está em 346,4 megabytes por segundo (Mbps), atrás apenas de Cingapura (376,8 Mbps) e Coreia do Sul (432,5 Mbps). O resultado representa um salto em relação ao 4G, cuja velocidade média varia de 13 Mbps a 80 Mbps.

Para Moreira, a evolução da nova tecnologia tem sido muito positiva até aqui. "Fico satisfeito porque o Brasil está dentro da vanguarda do 5G no mundo. O modelo aqui é elogiado em vários países", conta.

Uma das explicações para o resultado, segundo ele, é que o leilão das frequências realizado pela Anatel em novembro de 2021 teve caráter não arrecadatório. Ou seja: a maior parte do dinheiro levantado pelo certame foi destinado para projetos com objetivo de levar internet para áreas não atendidas do País, desde a Região Norte até escolas públicas e rodovias.

"O leilão não arrecadatório foi acertado, porque hoje se vê um avanço mais rápido da conectividade do País", avalia Moreira.

Na ocasião, o leilão movimentou R$ 47,2 bilhões, dos quais R$ 4,8 bilhões foram outorgas e R$ 42,4 bilhões, compromissos de investimentos na instalação das redes. As faixas leiloadas - 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz - foram utilizadas tanto para o início do 5G quanto para reforço do 4G.

Moreira destaca também o trabalho da Anatel para a limpeza da faixa de 3,5 GHz, destinada ao 5G. Até aqui, a faixa de 3,5 GHz era ocupada pelo sinal de TV por antenas parabólicas. A limpeza consiste em migrar o sinal das parabólicas da banda C para a banda KU por meio da instalação de kits com filtros nas parabólicas. Só depois disso, as operadoras podem ligar suas antenas e oferecer o 5G em planos comerciais. Já se algo der errado no processo, podem ocorrer interferências entre os sinais de TV e internet.

O total de municípios já liberados para ativação do 5G já chega a 1.610, o que representa 29% do total de cidades brasileiras, englobando quase 70% da população brasileira. "Acredito que até o fim do ano cerca de 2 mil cidades estarão aptas a receber o sinal 5G", estima Moreira. "É um desafio fazer a migração do sinal, porque é como trocar o pneu com o carro andando, mas não tivemos nenhuma reclamação até aqui. Foi um trabalho exitoso do Gaispi e da Anatel."

Estadão
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