Comer antes de dormir aumenta fome e favorece obesidade, diz estudo
Estudo aponta que metabolismo pode ser prejudicado pela ingestão de alimentos pouco antes de dormir
Um estudo realizado por médicos e especialistas de diferentes departamentos de pesquisas nos EUA e na Espanha, publicado na terça-feira (4) pelo site de saúde Cell Metabolism, diz que comer antes de dormir, além de aumentar a fome, provoca outras importantes alterações no metabolismo.
As discussões e resultados do estudo propõem avaliar como a alimentação tardia pode interferir no corpo humano e tem sido associada ao risco de obesidade.
“Não está claro se isso é causado por mudanças na fome e apetite, gasto de energia ou ambos, e se as vias moleculares nos tecidos adiposos estão envolvidas. Portanto, realizamos um estudo personalizado, controlado e cruzado para determinar os efeitos da alimentação tardia versus precoce, controlando rigorosamente a ingestão de nutrientes, atividade física, sono e exposição à luz”, informa o estudo.
Além de aumentar a fome
Os pesquisadores chegaram à conclusão de que a ingestão tardia de alimentos aumentou a fome, praticamente dobrando as chances de senti-la; e alterou os hormônios reguladores do apetite, aumentando o tempo de vigília e a relação grelina-leptina, que são hormônios importantes na regulação metabólica.
Outros efeitos observados foram a diminuição do gasto energético ao acordar e a redução da temperatura corporal central (TCC) média de 24 horas.
Ao analisar a expressão gênica (informação hereditária contida em um gene) de tecidos com gordura, o estudo concluiu que a ingestão tardia de comida alterou as vias envolvidas no metabolismo lipídico, ligado ao colesterol e aos triglicerídeos.
Hipóteses testadas
Os pesquisadores testaram três hipóteses sobre os mecanismos pelos quais a alimentação tardia pode promover mais absorção de energia pelo corpo:
1. Via aumento do impulso para a ingestão de energia (usando aumento da fome, diminuição da leptina e aumento da grelina);
2. Via diminuição do gasto de energia (usando diminuição do número de quilocalorias queimadas e diminuição da temperatura corporal central como desfechos primários);
3. Via alterações moleculares coordenadas que favorecem a adipogênese.
Tais observações destacam a importância do horário das refeições para a regulação da energia. Todos os achados com o estudo mostram mecanismos convergentes para o aumento do risco de obesidade.
Quase 650 milhões de adultos em todo o mundo são obesos segundo um levantamento de 2017 da rede de cientistas NCD Risk Factor Collaboration. Isso coloca em alerta as autoridades de saúde, já que a obesidade está entre os principais fatores para o aumento de doenças crônicas e incapacidades. Também eleva o risco de problemas como diabetes, doenças cardiovasculares, certos tipos de câncer e mortalidade por covid-19.