Como a inteligência artificial ajudou a PF a identificar golpistas de 8 de janeiro
Software possibilita a análise forense de evidências multimídia e utiliza inteligência artificial para o processamento
O Supremo Tribunal Federal (STF) deu início, nesta quarta-feira (13), à análise de quatro ações penais contra acusados de participar dos atos extremistas do 8 de janeiro, em Brasília. Nesta fase do julgamento, serão analisados o envolvimento de quatro réus enquadrados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como "executores" do ato.
• No dia do ataque aos prédios públicos do governo, milhares de pessoas invadiram a sede do Planalto do Palácio, do Congresso Nacional e do STF.
• Os participantes gravaram a ação e compartilharam nas redes sociais. Alguns, chegaram a se cadastrar no wi-fi dos prédios públicos para ter acesso à internet.
• Profissionais do Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília, incluíram na investigação as imagens gravadas entre meio-dia e 19h daquele dia por mais de 200 equipamentos instalados nos prédios oficiais.
• Vídeos feitos por celulares dos participantes e recebidos pelo canal de denúncia criado pelo Ministério da Justiça também foram usados na investigação.
• Por oito meses, a Polícia Federal criou e aperfeiçoou ferramentas de inteligência artificial (IA) para ajudar na identificação dos golpistas que participaram do ato.
• Até o momento, os peritos já analisaram mais de 1.300 horas de gravação em câmeras de segurança das sedes dos Três Poderes para concluir os laudos com a dinâmica dos golpistas, segundo reportagem de O Globo.
Inteligência artificial
• Com o material coletado, a equipe de investigação fez a comparação facial para chegar ao nome e a conduta de cada um dos invasores flagrados pelas câmeras no dia do ataque.
• De acordo com O Globo, a partir das ferramentas, foram processadas 2,5 milhões de imagens faciais extraídas de todos os quadros de vídeos examinados.
• A equipe de investigação usou o programa Peritus, software que possibilita a análise forense de evidências multimídia e utiliza inteligência artificial para o processamento.
• A plataforma brasileira foi desenvolvida pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC) e integra diversas ferramentas dedicadas à análise e elaboração de laudos de modo personalizado à atividade de perícia criminal.
• Os exames contidos na plataforma são: análise de conteúdo de vídeo, comparação facial e fotogrametria forense.
• O sistema Peritus foi elaborado com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e é disponibilizado gratuitamente a todos os institutos de criminalística do país.
• Entretanto, mesmo com o uso dessa e de outras ferramentas de inteligência artificial no processamento das imagens, todo o trabalho passa pela análise humana de especialistas.
• Os investigadores usaram também outra ferramenta de inteligência artificial, recém-criada no INC a partir da adaptação de softwares já disponíveis, para comparar a imagem dos suspeitos presos com a participação no ato golpista.
• A confirmação dessas identificações depende da avaliação de características morfológicas da face de cada pessoa, realizadas também com técnicas padronizadas pelos especialistas.
• "Sem dúvida nenhuma, a Polícia Federal já teve outras apurações de grande porte, não desse para área de imagem, que trabalhamos apenas manualmente e nos prolongamos por muito mais tempo porque não tínhamos à disposição esse tipo de tecnologia e de ferramenta de inteligência artificial. Mas elas deve ser usadas sempre como um suporte ao trabalho humano", disse o perito criminal federal Frank Wilson Favero ao Globo.