Como a Nestlé finalmente criou cápsula de café que não faz mal ao meio ambiente
Empresa lançou cafeteira e linha de cafés Dolce Gusto cujas cápsulas são biodegradáveis; produto chega primeiro ao Brasil em dezembro
A Nestlé precisou repensar toda a sua linha de produção para finalmente chegar ao resultado desejado e lançar na quinta-feira (10) a Neo, sua cafeteira e linha de cafés Dolce Gusto cujas cápsulas são biodegradáveis. Foram cinco anos de pesquisa e desenvolvimento; segundo os executivos, a dificuldade de acertar em todos os processos justificou este tempo.
"O elemento da segurança do alimento podia ser frustrante, tendo em vista a qualidade e a degradação ao longo do tempo", explicou Petel Mul, líder de pesquisa da Nescafé Dolce Gusto, aos jornalistas brasileiros em visita ao centro de pesquisa e desenvolvimento da marca, em Vevey (Suíça). O Brasil foi o local escolhido para o lançamento mundial da Neo devido à importância do país no mercado mundial de café.
Como a empresa tem uma meta de emissões zero de poluentes até 2050, o novo produto tinha a sustentabilidade como uma prioridade, mas a Nestlé também não abriu mão de que os novos materiais afetassem as características do pó de café. "O melhor material para ser sustentável pode não ser o melhor para produzir a cápsula. Tivemos que achar uma linha fina de equilíbrio para a fabricação do produto", disse Julia Lauricella, diretora do centro de tecnologia da Nescafé.
A cápsula, em seu produto final, é feita de um grama de papel certificado pela FSC (Forest Stewardship Council) na parte externa e de baixo; a organização não governamental comprova, assim, que o material de fato se degrada de forma natural em até seis meses. Dentro, há um tipo de plástico biodegradável compostável que protege o café da oxidação. Ele é bastante fino, mais do que um fio de cabelo, segundo a Nestlé. Na "tampa" da cápsula, há um filme de celulose que também se decompõe sozinho.
Tecnologicamente falando, a parte superior da cápsula guarda um segredo. É um código de pontos que identifica como o determinado tipo de café em seu interior será "compreendido" e devidamente preparado pela cafeteira (temperatura, bombeamento etc.). Esta, por sua vez, traz uma câmera em seu interior para ler esses pontos protegida por um cubo de plástico contra a umidade. A tecnologia permite que novos tipos de cafés Neo sejam lançados, fazendo apenas ajustes no código.
Ainda que o código traga diretrizes gerais da receita, o aplicativo Nescafé Dolce Gusto permite ao consumidor alguns graus de personalização pelo celular, como estar um pouco mais ou menos quente ou a quantidade de água desejada. A cafeteira pode ser conectada via Bluetooth ou wi-fi e também foi desenhada com 50% de plástico reciclado.
São seis opções da Linha Regular: Espresso Delicate, Espresso Dark, Lungo Dark, Ristretto Intense, Caseiro Delicate e Caseiro Dark; dois orgânicos: Lungo Cerrado Orgânico e Espresso Sul de Minas Orgânico; e dois da marca Starbucks: Americano House Blend e Espresso Roast.
Houve ainda um investimento para tornar a fábrica da Nestlé em Montes Claros (MG) a primeira apta a produzir a cápsula Dolce Gusto Neo. Segundo Tiago Buischi, diretor de marketing da Dolce Gusto no Brasil, uma equipe de dez pessoas foi capacitada para isso, e a previsão é de fabricar 240 milhões de cápsulas por ano. O lançamento será em 1° de dezembro, com a nova cafeteira custando R$ 899. Já o sachê com dez cápsulas será vendido por preços entre R$ 2,80 a R$ 3,20 a unidade (R$ 28,00 a R$32,00 no total).
O jornalista viajou a Vevey (Suíça) a convite da Nestlé