Como a Uber e o 99 lidam com pessoas com deficiência
Passageiros relataram ter dificuldades no transporte de cadeiras de rodas, ou afirmaram que muitos motoristas não saem do carro para ajudar
A Justiça dos Estados Unidos multou a Uber na segunda-feira (18) em US$ 2 milhões (R$ 10,8 milhões) por cobrar taxas extras de pessoas com deficiência (PcDs). A plataforma emitia a tarifa para quem demorava a entrar nos carros de viagens pedidas pelo app.
De acordo com a denúncia no Departamento de Justiça americano, em abril de 2016, a Uber começou a cobrar taxas de tempo de espera dos passageiros em várias cidades do país. Os valores adicionais começaram dois minutos depois que o carro da Uber chegava ao local da retirada.
No Brasil, o Terra Byte também verificou queixas do tipo para a Uber e 99 na página Reclame Aqui. Passageiros relataram ter dificuldades no transporte de cadeiras de rodas, ou afirmaram que muitos motoristas não saem do carro para ajudar PcDs.
“Minha mãe cadeirante solicitou ontem um Uber que a desrespeitou várias vezes: primeiro a impediu de ir no banco da frente, sendo que ao cadeirante é melhor para se locomover. Segundo, ela foi impedida de levar a sua cadeira de rodas simplesmente por dizer que não cabia no porta-malas e não querer levar no banco de trás, sugerida por minha mãe”, diz um relato ocorrido neste mês.
“Meu amigo é PCD cadeirante e estávamos (…) juntos quando ele solicitou um carro para ir pra casa. Quando saímos da portaria (…) o motorista [da 99] olhou pra gente e disse: ‘é pra ele? num levo não!’ (…) Ele ainda teve a petulância de dizer pra gente: ‘Meu banco é de couro. Se fosse seu carro, você levaria?’”, relatou outro em março no Reclame Aqui.
Quais são as políticas dos apps de corrida para pessoas com deficiência?
De acordo com um guia de acessibilidade disponibilizado pela própria Uber, pessoas com deficiência física preferem embarcar no banco da frente, pois “conseguem ter um espaço mais apropriado para os movimentos de entrada e saída do veículo. Como, por exemplo, fazer a transição da cadeira de rodas para o banco do carro”.
O documento também destaca aos motoristas que um cliente PcD “poderá se movimentar de forma mais lenta. Tenha paciência” e que “possivelmente precisará da sua ajuda”.
Ainda de acordo com o guia, a pandemia de covid levou à suspensão da possibilidade do cliente usar o banco ao lado do motorista nas viagens, mas existe uma exceção quando for uma pessoa com deficiência. Além disso, a empresa diz reembolsa a taxa de limpeza caso seja necessário limpar o carro por transporte da cadeira de rodas ser acomodada no banco de trás.
A 99 também possui um guia da comunidade. A empresa tem um ponto sobre casos de capacitismo (discriminação contra pessoas com deficiência). Orienta os parceiros a transportar cadeiras de rodas e cães-guias. Estes últimos têm entrada liberada em qualquer carro da empresa e também ajudam os motoristas a lidar com passageiros que possuem deficiências auditivas.
O que dizem Uber e 99 sobre PcDs no Brasil
Procurada pela reportagem, a Uber informou que, no Brasil, não há processos correndo por questões relativas a PcDs e que desconhece reclamações nesse sentido em solo brasileiro. Também reforçou sua política e guia de orientações para motoristas.
A 99 recomendou que os passageiros que necessitarem de alguma característica especial no veículo “sempre que possível optem pelas categorias Táxi Top ou 99Comfort”, que dão mais conforto. Essas categorias costumam ser um pouco mais caras que a econômica, tanto na 99 quanto na Uber, com o Uber Comfort.
No caso de o veículo não ser suficiente para transportar uma cadeira de rodas, a 99 recomenda que o passageiro cancele a corrida, entre em contato com a Central de Ajuda (0300-3132-421), se identifique como PcD e explique a situação. Assim, a taxa de cancelamento pode ser anulada e um novo veículo enviado.
A plataforma também diz que não é permitido no app o cancelamento da corrida por capacitismo. “Em caso de descumprimento, o aplicativo toma todas as atitudes legais cabíveis”, afirmou a empresa.