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Como as formigas podem "farejar" o câncer em urina

Mesmo sem nariz, insetos são capazes de identificar produtos químicos liberados pelos tumores

30 jan 2023 - 11h47
(atualizado às 11h49)
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Formigas
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Foto: kuritafsheen77 / Freepik

Uma descoberta de uma equipe internacional de cientistas, incluindo pesquisadores da Sorbonne Paris North University, pode mudar a forma como médicos rastreiam câncer. Mesmo sem nariz, as formigas conseguem “farejar” tumores graças à abundância de receptores olfativos em suas antenas. 

De acordo com um novo estudo, publicado na revista Proceedings of the Royal Society B, os tumores cancerígenos liberam versões distintas de produtos químicos chamados compostos orgânicos voláteis, que geralmente aparecem em fluidos corporais, como suor e urina, e no vapor da respiração, e as formigas podem farejar esses compostos na urina.

Segundo os autores, esses insetos podem ser usados um dia como um método de detecção não invasivo e menos caro para o câncer.

Baptiste Piqueret, etólogo da Sorbonne Paris North University e principal autor do estudo, já sabia que as formigas conseguiam detectar compostos orgânicos voláteis que exalavam das células cancerígenas. 

Anteriormente, o pesquisador descobriu anteriormente que poderia treinar a espécie de formiga Formica fusca para distinguir entre células cancerígenas e células saudáveis cultivadas. No entanto, a nova descoberta levou a pesquisa um passo adiante usando tumores reais.

Formigas descobrem câncer

Primeiro, a equipe de Piquet transplantou um câncer de mama de humanos para camundongos e deixou crescer – uma técnica chamada xenoenxerto. 

Depois, eles coletaram urina de camundongos com tumores e animais saudáveis. Para treinar as formigas, a equipe adicionou uma gota de água com açúcar na frente da urina de animais com câncer, fazendo com que os insetos associassem o cheiro do câncer a uma recompensa. 

Quando a equipe removeu a água com açúcar, os insetos permaneceram no xixi de camundongos cancerosos por cerca de 20% a mais do que em ratos saudáveis, porque estavam procurando por um doce.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é a segunda causa de morte mais comum no mundo, matando 9,6 milhões de pessoas em 2018. A detecção precoce é a melhor forma de garantir que haja um tratamento promissor no combate à doença. 

Apesar de ser promissora a ideia de usar formigas para detecção do câncer, Piqueret enfatiza que o estudo é apenas uma prova de conceito: a pesquisa ainda está longe de qualquer tipo de aplicação clínica. 

Isso porque, em comparação com um ambiente de laboratório altamente controlado com ratos como cobaias, os pacientes da vida real apresentarão muitas variáveis – incluindo idade, sexo e dieta – que podem afetar os resultados.

Fonte: Redação Byte
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