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Como decisão do Reino Unido de permitir atuação da Huawei no 5G afeta o mundo

Índia, Alemanha e Brasil estão entre os países que ainda vão decidir se devem usar o kit 5G da empresa chinesa; decisão britânica desagradou aos aliados americanos.

28 jan 2020 - 18h12
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Huawei logo
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Foto: PA Media / BBC News Brasil

O Reino Unido decidiu permitir que a empresa chinesa Huawei participe da instalação das redes 5G no país, mas com restrições.

Alguns observadores do setor acreditam que a decisão beneficiará a implantação mais ampla dos serviços de dados móveis de próxima geração. Mas a decisão, aguardada há muito tempo, vai contra as orientações e pressões dos Estados Unidos para bloquear a empresa por razões de segurança.

A empresa está no centro da guerra comercial entre China e Estados Unidos e foi banida pelo governo americano de fazer negócios com companhias do país.

Os Estados Unidos alegam que a tecnologia da Huawei para redes de dados e a proximidade do governo chinês com a empresa representam uma ameaça à segurança nacional nas nações que a adotam.

A Huawei e a China negam as acusações. Mesmo assim, a empresa já sofreu revezes em outros mercados após as sanções dos Estados Unidos.

As redes 5G prometem velocidades de download até 20 vezes maiores que as 4G, permitem que mais gente fique conectada em uma mesma região simultaneamente e oferece conectividade quase instantânea entre aparelhos.

Mas como essa decisão do Reino Unido afetará o resto do mundo?

Impactos diversos

Em primeiro lugar, a decisão é vista como um golpe nas relações entre os Estados Unidos e o Reino Unido.

Após meses de pressão de Washington, o governo britânico decidiu ir contra um de seus aliados mais próximos.

Angela Merkel diz que a eliminação de fornecedores individuais de equipamentos 5G pode não tornar a Alemanha mais segura
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Foto: EPA / BBC News Brasil

Um funcionário do governo Donald Trump disse que os Estados Unidos "estão decepcionados" com a decisão.

E políticos americanos, tanto democratas quanto republicanos, tuitaram críticas.

O congressista democrata Ruben Gallego disse no Twitter que a relação especial dos americanos com o Reino Unido deve ser reconsiderada. "Nossa capacidade de compartilhamento de inteligência será comprometida por essa ação", escreveu.

Já o senador republicano Lindsey Graham foi mais duro. "Essa decisão tem o potencial de comprometer os acordos de inteligência entre os Estados Unidos e o Reino Unido, e pode complicar bastante um acordo de livre comércio. Espero que o governo britânico reveja sua decisão", tuitou.

Por outro lado, a permissão para que uma das empresas mais importantes e valiosas da China opere no Reino Unido vai agradar o governo do país asiático.

Diplomatas chineses alertaram o Reino Unido de que poderia haver repercussões "significativas" em outros planos de comércio e investimento caso a empresa tivesse sido totalmente banida.

Outros países vão seguir o Reino Unido?

Fontes próximas à Huawei indicam que a decisão do Reino Unido provavelmente terá um impacto favorável em outros mercados, onde a companhia está sendo considerada como parte do lançamento do 5G.

Os Estados Unidos, a Austrália e o Japão decidiram há algum tempo proibir o uso dos equipamentos da Huawei nas redes de telecomunicações 5G, mas muitos outros países ainda estão decidindo o que fazer.

Espera-se que a decisão tenha um impacto quase instantâneo para as nações que compõem a parceria de segurança conhecida como "Five Eyes": enquanto os Estados Unidos e a Austrália já proibiram a empresa de operar seu 5G, a estimativa é que a Nova Zelândia e o Canadá sigam a decisão do Reino Unido.

Trump e Xi Jinping, primeiro-ministro da China, em encontro do G20 no ano passado
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Foto: Reuters / BBC News Brasil

Esse debate está ocorrendo em toda a União Europeia (UE), onde as principais operadoras de telecomunicações da Europa — todas clientes da Huawei — fizeram lobby contra uma proibição total.

A UE publicará em breve uma norma para lidar com os riscos nas redes, mas ela não deve impedir nenhuma empresa em particular de operar na região.

Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel tem discordado de muitos membros do seu próprio partido, que desejam banir a Huawei das redes alemãs. A decisão britânica pode reforçar a posição de Merkel.

A Huawei tem uma presença forte em muitos países africanos há anos, e o 5G já está sendo produzido e testado com kits da empresa no continente.

A África do Sul é o primeiro e único país africano a lançar comercialmente um serviço 5G. E a empresa responsável por fazer isso, a Rain, usa os produtos da empresa chinesa.

Outros países, incluindo a Índia, estão atualmente testando a tecnologia da Huawei, mas ainda não decidiram pelo lançamento completo. Sem dúvida, agora, eles devem olhar para a resolução do Reino Unido, inclusive para os documentos publicados pelo Centro Nacional de Segurança Cibernética, para tomar sua decisão.

Já o Brasil ainda vai decidir como será a implantação da tecnologia no país, pois está previsto um leilão para essas redes móveis de quinta geração ainda para este ano.

Portanto, esse "semi-apoio" do Reino Unido à empresa chinesa, sem dúvida, ajudará a Huawei no restante do mundo.

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