Como drones "suicidas" antigos viraram arma da Rússia contra Ucrânia
Equipamentos podem voar durante horas sem serem percebidos; ucranianos buscam ajuda no Ocidente para ampliar defesa aérea
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia no começo deste ano, diversos tipos de armas, incluindo os sistemas de foguetes Himars, armas antitanque Javelin e drones turcos Bayraktar e iranianos, tiveram um impacto visível no curso do conflito que já dura oito meses. Agora, autoridades ucranianas estão acusando a Rússia de usar drones do Irã classificados como suicidas.
O presidente Volodmir Zelenski disse nesta segunda-feira (10) que isso ocorreu em várias cidades e regiões ucranianas, além da capital Kiev. Ele ainda fez um apelo para que os cidadãos fiquem em seus abrigos.
"O alarme antiaéreo não para em toda a Ucrânia. Há ataques de mísseis. Infelizmente, há mortos e feridos. Peço a vocês: não saiam dos abrigos. Cuidem de vocês e de seus entes queridos. Vamos aguentar e ser fortes", escreveu.
"Pela manhã, o agressor lançou 75 mísseis. 41 deles foram derrubados por nossa defesa aérea", disse o chefe do Exército ucraniano, general Valeri Zaluzhni. Há ainda o relato de que um prédio ligado à infraestrutura energética da Ucrânia foi danificado em um dos bombardeios.
Drones kamikaze
Em setembro, forças da Ucrânia disseram ter abatido o primeiro drone de fabricação iraniana utilizado pela Rússia,o Shahed-136 e o Mohajer-6.
Os drones fabricados no Irã são chamados de "kamikaze" por se destruírem ao atingir o alvo. São armas manuseadas por controle remoto.
Com quilos de explosivos, eles sobrevoam a área de destino durante minutos, ou mesmo horas, até que o condutor, que está em terra, defina o alvo para ataque.
Os drones suicidas têm sido usados como arma tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia. Alguns modelos têm sensores para detectar, classificar e atingir o objeto inimigo de maneira totalmente autônoma — como se fosse uma combinação de míssil e drone.
Drones do tipo Shahed-136 foram identificados em ataque em Dnipro e Odessa, centros industriais importantes.
Iranian attack UAV Shahed-136, eliminated by the #UAarmy near Kupiansk, Kharkiv region.
🇷🇺 and 🇮🇷: A perfect union of two despots.
📷 @kms_d4k pic.twitter.com/M7sQ9PX1hJ
— Defense of Ukraine (@DefenceU) September 13, 2022
O equipamento é informado como capaz de usar uma ogiva com força comparável a um míssil antitanque Javelin, que tem poder o suficiente para destruir blindagens reforçadas.
Justin Bronk, pesquisador em ciências militares do think tank britânico Royal United Services Institute, escreveu em seu Twitter que “as defesas aéreas não podem interceptar todos eles e causarão danos às cidades, bases e provavelmente aos radares. Os parceiros ocidentais devem aumentar as entregas de defesas aéreas de curto e médio alcance para ajudar”.
The damage caused will be tragic and militarily inconvenient. However, Ukraine is united and winning despite whole cities ruined, and heavy barrages of cruise and ballistic missiles. Shahed-136s, even if hundreds get through, are highly unlikely to change the outcome. (15/20) pic.twitter.com/4DeMQrt5Nn
— Justin Bronk (@Justin_Br0nk) September 26, 2022
À medida que a Rússia investe mais em suas investidas por meio de drones do que em mísseis tradicionais, a Ucrânia também assinou contrato para viabilizar um sistema similar, conhecido como Switchblade 600, de origem norte-americana.
O modelo 600 tem ogiva antiblindagem e pode perseguir um alvo por mais de 40 minutos, de acordo com a AeroVironment, empresa que fabrica os drones.