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Como jogadores de futebol sentem o peso da idade no corpo

Aos 37 anos, Marta foi convocada para a sua sexta Copa do Mundo, mas técnica não garante a melhor do mundo como titular

12 jul 2023 - 05h00
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Rainha Marta será mais uma vez a camisa 10 da Seleção. Mas a titularidade ainda é incógnita – Daniela Porcelli/CBF
Rainha Marta será mais uma vez a camisa 10 da Seleção. Mas a titularidade ainda é incógnita – Daniela Porcelli/CBF
Foto: Jogada10

Melhor jogadora da história do futebol feminino, a brasileira Marta se despede da Copa do Mundo nesta edição do torneio. Recordista em troféus de melhor jogadora do mundo pela Fifa, com seis ao todo, a atleta vai encerrar sua participação no Mundial que ocorre na Austrália e Nova Zelândia.

A competição começa dia 20 de julho e a estreia do Brasil será contra o Panamá, no dia 24, às 8h (horário de Brasília). 

Aos 37 anos, Marta foi convocada para a sua sexta Copa do Mundo. Porém, a técnica da seleção brasileira, Pia Sundhage, não garante que a rainha irá atuar como titular. A camisa 10 ficou sem jogar por 11 meses após uma lesão no joelho, e voltou aos campos em fevereiro deste ano, em amistosos da seleção brasileira. 

Em entrevista ao Byte, o professor de Endocrinologia e Metabologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alexandre Hohl, explica que a idade é muito importante, mas que existem outros fatores para otimizar o rendimento de atletas com o passar do tempo. 

"Certamente a quantidade de massa muscular de uma pessoa de 35 anos é diferente de alguém de 30 ou 25, mas tudo vai depender de alguns fatores. Primeiro a questão genética. Algumas pessoas têm predisposição genética para adquirir massa magra com mais facilidade", explica.

A segunda questão, segundo o especialista, se dá pela modalidade esportiva: se ela exige mais explosão ou resistência. Outra questão muito importante é a dedicação ao treino e, por fim, a memória muscular.

Ao envelhecer, Hohl explica, o atleta cria uma memória muscular que permite manter uma qualidade de músculo maior que a população em geral. 

Quando se fala, por exemplo, de uma atleta de 35 anos, comparativamente ela terá uma massa muscular diferente de uma atleta de 20, mas não significa que isso será ruim.

Marta entrou no segundo tempo e comentou sobre a ida para mais uma Copa do Mundo
Marta entrou no segundo tempo e comentou sobre a ida para mais uma Copa do Mundo
Foto: Thais Magalhães/CBF / Esporte News Mundo

"A de 35 anos pode ter quantidade muscular com eficiência. Além do que, ela vai ter habilidades técnicas que alguém de 20 anos talvez não tenha. Esse somatório que irá fazer com que a qualidade dela seja igual, melhor ou pior na comparação de atletas", explicou o endocrinologista.

O professor também reitera que a qualidade alimentar vai ser determinante para o músculo: "uma alimentação saudável, não ter excesso de álcool, ser fumante, uso de drogas, são fatores que fazem toda a diferença". 

Não é só o que se tem de genética. A quantidade de lesões na carreira também entra na lista de variáveis que impactam o rendimento de uma atleta. 

"As pessoas param, pois o ritmo de treino é extenuante. Em geral começam muito cedo, é importante entender que não tem como manter isso a vida inteira. E certamente dependerá da modalidade", diz o professor da UFSC. 

Quando a idade pesa?

Sabemos que atualmente os atletas podem manter bons níveis de desempenho por mais tempo, em comparação há algumas décadas. Vários estudos recentes trazem algumas evidências sobre a relação entre idade e desempenho no futebol.

As conclusões destes estudos, publicadas pelo centro de estudos do Barcelona, sugerem aspectos significativos para levar em consideração: existe uma clara perda de desempenho físico em jogadores com mais de 30 anos em comparação com jogadores de futebol mais jovens.

Após analisar 10.739 jogadores da La Liga espanhola durante a temporada 2017-2018, pesquisadores descobriram que a distância total percorrida por jogadores com mais de 30 anos é 2% menor do que a percorrida por jogadores mais jovens.

A distância percorrida, o número de esforços ou sprints [ações em alta intensidade] e a velocidade máxima alcançada também diminuíram significativamente, entre 5% e 30%.

A perda de desempenho é especialmente drástica naqueles com mais de 35 anos. Essa tendência foi observada em todas as posições, embora os jogadores nas laterais pareçam experimentar uma perda menor de nível de desempenho.

Essa evolução de desempenho também foi observada em jogadores que participaram da liga alemã.

A distância total percorrida, o número de sprints (impulso mais rápido que 6,3 m/s por pelo menos um segundo) e o número de corridas rápidas (mais rápido que 5,0 m/s por pelo menos um segundo) diminuiu 3,4%, 21% e 12%, respectivamente, em jogadores com mais de 30 anos em comparação aos jogadores mais jovens.

Atualmente, Marta defende o Orlando Pride, da liga americana de futebol - Foto: Richard Callis/SPP/CBF
Atualmente, Marta defende o Orlando Pride, da liga americana de futebol - Foto: Richard Callis/SPP/CBF
Foto: Richard Callis/SPP/CBF / Jogada10

Desempenho tático melhora com a idade

Segundo o estudo divulgado pelo Barça Innovation Hub, jogadores mais velhos têm uma vantagem em campo: o desempenho técnico-tático parece ser melhor. A porcentagem de passes bem-sucedidos é 3-5% maior em jogadores com mais de 30 anos em comparação com jogadores entre 16 e 29 anos.

É possível que a deterioração do desempenho físico dos jogadores seja compensada por uma melhora em outras habilidades, como tomada de decisão e inteligência de jogo.

Outro estudo, também divulgado pelo Barça Innovation Hub, sugere que a sincronização dos jogadores mais experientes durante a competição (ou seja, a coordenação dos seus movimentos durante o jogo) é melhor do que a dos mais jovens e melhora com menos sessões de treino.

Fonte: Redação Byte
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