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Como minimizar os efeitos na saúde do tempo que passamos na frente do celular e de outras telas

É cada vez mais difícil limitar o tempo que dedicamos a esses dispositivos; segundo psicólogos e oftalmologistas, há malefícios para a saúde física e mental.

26 fev 2018 - 09h18
(atualizado às 12h17)
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Passamos o dia inteiro olhando para telas: do celular, do computador - pessoal e do trabalho -, da TV, do tablet, do GPS, do caixa eletrônico.

E é cada vez mais difícil calcular (e limitar) o tempo dedicado a essas telas.

A intromissão das redes sociais nas nossas vidas tampouco ajuda. Passamos horas por dia checando nosso Facebook, Instagram e outras plataformas. Utilizamos o WhatsApp de maneira constante.

O uso desmedido de novas tecnologias preocupa especialmente entre os mais jovens
O uso desmedido de novas tecnologias preocupa especialmente entre os mais jovens
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"As preocupações sobre o dano produzido por passar tempo demais diante da tela - sobretudo usando as redes sociais - aumentaram", diz Amy Orben, que investiga os efeitos das redes sociais nas relações humanas na Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Mas quanto tempo é muito tempo?

Julgamento pessoal

"Estabelecer uma quantidade saudável de tempo diante da tela não é uma tarefa fácil", afirma Orben.

"Há experiências negativas, mas isso não significa que o uso da tecnologia, em termos gerais, seja prejudicial. É complicado afirmar sobre como ela afeta as diferentes pessoas."

Olhar telas de aparelhos por tempo demais pode afetar os olhos
Olhar telas de aparelhos por tempo demais pode afetar os olhos
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Para a doutora em psicologia experimental, definir uma quantidade correta de tempo para telas e redes sociais depende do "julgamento pessoal" de cada um.

Um estudo que Orben e outros pesquisadores da Universidade de Oxford fizeram para a Unicef (o órgão das Nações Unidas para a infância) em 2017, em que examinaram 120 mil jovens de 15 anos do Reino Unido, verificou que o aumento do número de horas em frente à tela usando redes sociais e outras ferramentas estava vinculado a uma melhora do bem-estar, "possivelmente porque reforçam as amizades".

"As tecnologias digitais parecem ser benéficas para as relações sociais do jovens, embora o impacto nos níveis de atividade física seja inconclusivo."

Substituir atividades vitais pela tela tampouco é bom, assegura ela. Mas não há uma norma definida sobre um limite.

A psicóloga afirma que o tempo frente à tela pode ser comparado à ingestão de açúcar. "Em geral, a gente concorda que açúcar demais é ruim para a saúde. Mas o efeito depende de outros fatores, como o tipo de açúcar e a pessoa. O mesmo se aplica às redes sociais."

"Por enquanto, temos que confiar nos nossos próprios critérios para decidir quanto tempo dedicamos às redes sociais."

A regra do 20-20-20

Professor de oftalmologia do Weill Cornell Medical College de Nova York, Christopher Starr diz que o tempo excessivo em frente à tela afeta nossos olhos.

"Alguns de nós passamos até nove horas por dia usando dispositivos com telas. Pode ser muito esgotante", escreveu no blog da empresa especializada em "desintoxicação digital" Time To Log Off ("hora de se desconectar"), sediada em Londres.

"Imagina estar em uma academia e segurar um peso durante todo o tempo. Seu bíceps estaria extremamente dolorido nove horas depois. O mesmo acontece com seus olhos. Temos que descansar para aliviar esses músculos."

Passar tempo demais em frente a telas pode prejudicar nossos olhos
Passar tempo demais em frente a telas pode prejudicar nossos olhos
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Para isso, Starr sugere seguir uma regra chamada 20-20-20.

"Para cada 20 minutos diante de um computador ou dispositivo móvel, temos que olhar em direção a um objeto que esteja a 20 pés (seis metros) de distância durante 20 segundos ou mais. E assim os músculos dos olhos relaxam."

Outros especialistas, como os da Associação Canadense de Oftalmologia, também recomendam essa técnica.

A oftalmologista Breth Lenox explica no site da organização que a 20-20-20 é "uma regra de ouro".

Além de afetar os olhos, passar tempo demais em frente à tela pode atingir outras áreas do corpo, como o pescoço e as costas.

Entre meia hora e uma hora por dia

A psicóloga americana Jean Twenge, da Universidade Estadual de San Diego, na Califórnia, recomenda reduzir o tempo de uso desses dispositivos - sobretudo no caso das crianças.

Twenge é a autora principal de um estudo que foi publicado em 2017 na revista científicaClinical Psychological Science, da Associação para o Avanço da Ciência Psicológica (APS, na sigla em inglês).

O estudo vincula o aumento do suicídio entre jovens com o tempo que passam usando tecnologias digitais.

"Entre meia hora e uma hora por dia. Esse parece ser o tempo usando dispositivos eletrônicos adequado para a saúde mental dos jovens", diz a especialista.

Segundo seu estudo, os adolescentes nos Estados Unidos passam cinco horas ou mais por dia em frente a seus aparelhos e têm 71% mais probabilidade de ter um fator de risco para o suicídio.

E isso independentemente do conteúdo que consomem, assegura. Quanto maior o número de horas, maiores as possibilidades de sofrer de depressão.

"É uma quantidade de tempo excessiva. Duas horas por dia implica um risco ligeiramente elevado. E com três horas por dia ou mais há um aumento pronunciado entre quem tem ao menos um fator de risco de suicídio."

A norma das duas horas ao dia é o que recomenda também a Academia Americana de Pediatria (AAP, na sigla em inglês) e o Instituto Nacional de Saúde dos EUA, e não se aplica a crianças menores de dois anos.

A medida beneficiaria também os adultos. Twenge recomenda deixar o celular de lado depois dessas duas horas "e passar o resto do tempo fazendo coisas mais benéficas para sua saúde mental e felicidade, como dormir, ficar com amigos e familiares, sair na rua e praticar esportes".

Especialistas recomendam norma de duas horas por dia em frente à tela
Especialistas recomendam norma de duas horas por dia em frente à tela
Foto: Getty Images / BBC News Brasil
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