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Como redes sociais se prepararam para contra-atacar fake news eleitorais

Plataformas investiram em parcerias com TSE e agências de checagem de fatos e dizem derrubar conteúdo enganoso relacionado às eleições

15 ago 2022 - 20h06
(atualizado em 16/8/2022 às 05h00)
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Quatro anos após eleições de 2018, fake news evoluíram para deepfakes e áudios editados
Quatro anos após eleições de 2018, fake news evoluíram para deepfakes e áudios editados
Foto: Freepik

As redes sociais e apps de mensagens tentam não repetir o problema das eleições de 2018, quando essas plataformas foram usadas para divulgar fake news que prejudicavam candidatos. Neste ano, algumas delas anunciaram parcerias com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e com agências de checagem de fatos. Outras ações foram a remoção maior de conteúdo enganoso e dar mais visibilidade a informações oficiais.

Se há quatro anos as redes sociais foram subestimadas nesse quesito, agora é um consenso de que são um importante campo político. “É onde as pessoas vão debater ideias, decidir o voto delas. Da mesma forma que as ruas são reguladas, a internet também precisa ser. Passou de hora de ter uma regulação forte e atualizada dos espaços virtuais”, diz David Nemer, professor da Universidade da Virgínia (EUA) e participante do projeto Sentinela Eleitoral, que investiga a desinformação online nas eleições deste ano.

Mesmo com o aprendizado, há novos desafios. “Antes, elas [as fake news] eram muito absurdas, escrachadas. Hoje, estão mais sutis, exatamente para enganar as pessoas”, diz Magaly Prado, jornalista e autora do livro "Fake news e inteligência artificial: o poder dos algoritmos na guerra da desinformação". Como exemplos, ela cita a popularização do deepfake (vídeos que reproduzem a aparência e voz de pessoas reais, inserindo-as em contextos falsos) e áudios editados (trechos de áudios reais de alguém, recortados e montados até formar frases).

Outro problema é o engajamento gerado por conteúdo enganoso. Estudos mostram que um post com título bombástico ou imagem sensacionalista pode mobilizar mais o público. “Uma notícia normal, verdadeira, não mexe tanto com as pessoas. Já a fake news mexe com a crença. E isso provoca mais engajamento, mais audiência”, afirma Prado. 

Esse engajamento pode levar as plataformas a serem ainda coniventes com os conteúdos enganosos, na visão de Nemer. “Eu acredito que estão interessados em tornar a plataforma mais saudável, mas desde que não comprometa o engajamento, que se traduz em renda financeira para eles”, diz Nemer. Veja abaixo as maiores atitudes das plataformas para o pleito deste ano. 

WhatsApp

Desde dezembro de 2019, quando o TSE aprovou a regulamentação proibindo o disparo de mensagens em massa por meio eletrônico nas eleições municipais de 2020, o WhatsApp decidiu reduzir o limite de encaminhamento de mensagens e restringir o recurso de listas de transmissão para 256 pessoas, que precisam ter o remetente adicionado como contato.

A plataforma diz banir automaticamente cerca de 8 milhões de contas por mês em todo mundo por comportamento não-autêntico. Nas eleições municipais de 2020, a plataforma baniu mais de 360 mil contas no Brasil durante o período eleitoral.

O aplicativo também identifica e remove anúncios de empresas que oferecem serviços ilegais de disparos em massa e marketing político automatizado no aplicativo, além de ter atuado judicialmente contra essas empresas. Outra medida citada foi a criação de um chatbot do TSE no aplicativo, permitindo que os eleitores interajam com a instituição para checagens sobre notícias falsas e informações relevantes sobre a eleição.

Existem, ainda, parcerias com organizações independentes de checagem de fatos para que verifiquem conteúdos enviados pelos usuários para checagem.

YouTube

Alana Rizzo, gerente de políticas públicas do YouTube Brasil, disse ao Terra Byte que as eleições do Brasil são "prioridade" e que atuam para remover rapidamente conteúdo que viola as regras da plataforma. “Recentemente, por exemplo, atualizamos nossa Política de Integridade Eleitoral, que não permite, entre outros, afirmações falsas sobre fraudes generalizadas nas eleições de 2018 e 2014”, diz.

Outros conteúdos não permitidos são os que enganam os eleitores sobre como votar, que trazem informações falsas sobre a inelegibilidade de candidatos ou que incitam o público a atrapalhar quem está tentando votar.

A plataforma também diz reduzir a disseminação de conteúdo que esteja no limite da conformidade com suas políticas e recomenda contas confiáveis quando as pessoas buscam informações sobre o tema, recompensando esses perfis.

A plataforma cita ainda outras ações, como o lançamento de painéis informativos em 2022 (incluindo um sobre a segurança das urnas eletrônicas), criação do projeto Jogo Limpo (um fundo de apoio a organizações dedicadas à checagem de informações) e parcerias com o TSE e com a organização International Center for Journalists. 

Telegram

Em março deste ano, o Telegram foi bloqueado no Brasil, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), por não ter colaborado com investigações do inquérito das fake news. Isso aconteceu após a plataforma ignorar solicitações da Justiça brasileira. Em resposta, o fundador do aplicativo, Pavel Durov, atendeu às demandas do STF, que incluíam a remoção de uma mensagem de Jair Bolsonaro contendo links para um inquérito da Polícia Federal sobre uma invasão hacker dos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral.

Na ocasião, o Telegram citou medidas para evitar desinformação no aplicativo, como realizar monitoramento manual diário dos 100 canais mais populares do Brasil, acompanhar as principais mídias brasileiras, marcar determinadas postagens em canais como imprecisas, restringir postagem pública para usuários banidos por espalhar desinformação, atualizar os Termos de Serviço, promover informações verificadas e fazer análise legal e de melhores práticas.

Algumas redes sociais, como WhatsApp e YouTube, já fizeram parcerias com o STF para oibir fake news
Algumas redes sociais, como WhatsApp e YouTube, já fizeram parcerias com o STF para oibir fake news
Foto: Obi - @pixel6propix / Unsplash

Twitter

Uma das medidas já adotadas pelo Twitter (e para qualquer tipo de conteúdo, não apenas eleitoral) é a possibilidade de marcar ou excluir tuítes que contenham mídia enganosa. Ou seja, qualquer tipo de conteúdo manipulado ou fora do contexto que possa confundir as pessoas.

O Twitter também dará continuidade a outra ação, em parceria com o TSE: incluir, quando alguém faz uma pesquisa relacionada às eleições, informações oficiais entre os primeiros resultados.

Novidade nesta eleição, a política de integridade cívica do Twitter proíbe o uso da plataforma para manipular ou interferir em eleições ou outros atos cívicos, incluindo publicar ou compartilhar conteúdo que induza as pessoas ao erro sobre como participar de um ato cívico.

Neste mês, começará a funcionar um chatbot para tirar dúvidas sobre o processo eleitoral. A última medida citada pela plataforma, que deve ser implementada em breve, é a aplicação de etiquetas em contas de candidatos a presidente, governador, senador e deputado federal. O objetivo é tornar mais fácil para o usuário identificar se está interagindo com alguém que está concorrendo a um cargo.

TikTok

Como medida para evitar a desinformação sobre as eleições, o TikTok citou uma página no aplicativo que reúne vídeos do perfil do TSE sobre as eleições. A área, chamada Guia das Eleições 2022, pode ser acessada ao clicar em um dos banners na parte inferior da página de pesquisa. Vídeos identificados como relacionados às eleições recebem o aviso “Saiba mais sobre as eleições brasileiras”, que também redireciona para a página.

Além disso, há avisos em páginas de hashtags relacionadas às eleições no Brasil, para lembrar as pessoas de conferir as informações apresentadas e relatar conteúdo que possam violar as políticas da plataforma.

O app também diz remover conteúdos enganosos sobre processos cívicos quando identificados. Há parcerias com agências de checagem de fatos para ajudr na verificação desses conteúdos.

Por fim, eventualmente, quando alguém tenta compartilhar um vídeo contendo informações que não podem ser verificadas, pode ver um aviso informando-o sobre isso.

Facebook e Instagram

A Meta menciona, entre as medidas contra fake news eleitorais no Instagram e no Facebook, a remoção de conteúdo contrário às suas diretrizes. Isso inclui mídias que desestimulam votos ou que induzem as pessoas ao erro com relação à votação, além de conteúdos que representem riscos às pessoas no mundo offline. Nas eleições municipais de 2020, por exemplo, foram removidas mais de 140 mil peças, antes do primeiro turno, que violavam as políticas das redes. 

Além disso, a partir de 2022, o TSE tem um canal direto com o Facebook e o Instagram para reportar conteúdos que possam estar violando regras dos aplicativos. A denúncia é analisada pela Meta. Pessoas também podem denunciar posts que acreditem conter informações falsas. Agências independentes em parceria com a Meta checam os fatos.

Os posts que forem identificados como falsos ou parcialmente falsos têm distribuição reduzida. Quando aparecem no feed, são cobertos, para que as pessoas decidam se querem visualizá-lo. Eles também trazem rótulos com mais informações.

Outra ação citada pela Meta foi a inclusão, em postagens sobre eleições, de rótulos que direcionam as pessoas para informações oficiais no site da Justiça Eleitoral. Peças de publicidade política também devem ser identificadas com um rótulo. Para obtê-lo, os anunciantes precisam verificar sua identidade antes de impulsionar o conteúdo.

Por fim, próximo às eleições, a Meta terá o Centro de Operações para Eleições, que tem o objetivo de acelerar o tempo de resposta a possíveis interferências à integridade do pleito.

Fonte: Redação Byte
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