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Computação em nuvem ajuda a reduzir emissões de carbono

14 nov 2012 - 08h03
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A computação em nuvem pode ser uma alternativa para empresas reduzirem emissões de carbono. É o que diz um estudo realizado pelo Carbon Disclosure Project - organização sem fins lucrativos focada em oportunidades de negócios que driblem o aquecimento global. Conforme o relatório, uma companhia do ramo de bebidas e alimentos, por exemplo, pode diminuir as emissões em 30 mil toneladas em um período de cinco anos ao transferir seu banco de dados para uma nuvem pública, economizando até US$ 12 milhões. O número equivale às emissões anuais de 5,9 mil veículos de passeio.

Relatório projeta redução de emissão de carbono a partir da utilização de computação em nuvem
Relatório projeta redução de emissão de carbono a partir da utilização de computação em nuvem
Foto: Shutterstock

O documento afirma que a virtualização dos servidores torna a redução possível principalmente por conta da energia economizada - seja energia elétrica ou aquela gerada a partir da queima de combustíveis fósseis (como no abastecimento de geradores). O Chief Information Officer (CIO) do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R), Carlos Sampaio, explica que a construção e manutenção de data centers particulares - o modelo mais tradicional da Tecnologia da Informação (TI) - requer não só máquinas com alta capacidade de processamento, mas também sistemas de refrigeração e conservação que assegurem o pleno funcionamento dos servidores. Financeiramente, a contratação de um serviço na nuvem pode não ser muito mais barata do que a aquisição desse aparato, mas a eliminação do custo de manutenção e a redução nas emissões de CO² devem pesar na hora da decisão. "A virtualização diminui a necessidade de controle de energia. A empresa lucra porque está economizando", analisa Sampaio.

O relatório projeta que, em 2020, empresas americanas com rendimentos superiores a US$ 1 bilhão por ano irão investir 69% do orçamento em recursos baseados na nuvem - 39% em nuvens privadas e 30% em públicas. Os benefícios econômicos obtidos por essas companhias por meio da economia de energia devem chegar a US$ 12,3 bilhões no mesmo período - em 2012, a previsão ficou abaixo dos US$ 2 bi. A redução nas emissões de carbono também apresenta números elevados, podendo chegar a 85,7 milhões de toneladas por ano - equivalente ao montante gerado por 16,8 milhões de veículos de passeio em um ano. No futuro, o relatório demonstra que as emissões, mesmo com o uso da nuvem, crescerão 36% entre 2011 e 2020 - ainda assim, o valor é metade do projetado para um cenário sem a utilização desse recurso.

Mais vantagens

A substituição dos data centers por servidores virtuais permite que empresas armazenem seus dados a milhares de quilômetros de distância. "Uma empresa da região nordeste que tenha um data center em outro lugar reduz o gasto de energia de maneira sensível", exemplifica Sampaio. Para os fornecedores de serviços de computação na nuvem, essa vantagem se traduz na possibilidade de escolher uma região mais favorável para montar o centro de dados, onde as temperaturas são mais baixas, dispensando o uso de ar-condicionado e contribuindo para a redução de CO² na atmosfera.

O aproveitamento da potência dos computadores também aumenta com o uso da nuvem. O número não atinge os 100%, mas a nuvem pode permitir o uso entre 50% e 60% do potencial das máquinas utilizadas como servidor - na TI tradicional, Sampaio estima que esse índice chegue no máximo a 30%. O restante, segundo o CIO, permanece como capacidade ociosa. Ainda longe do ideal: na avaliação de Sampaio, 40% é um número alto para representar a ociosidade do computador.

A razão entre a energia consumida pelo data center - levando em conta a infraestrutura necessária para sua manutenção - e a energia efetivamente utilizada pela tecnologia é calculada no índice chamado Power Usage Efectiveness (PUE, sigla em inglês para "eficiência do uso de energia"). O relatório aponta que, em 2011, os Estados Unidos registraram PUE 2 em data centers tradicionais, 1.8 para servidores de nuvem privada e 1.5 para nuvem pública. A projeção é de que, em 2020, esses números sejam 1.65, 1.5 e 1.25, respectivamente. "Vão gastar menos e ser mais efetivos na utilização da energia", simplifica o CIO do C.E.S.A.R.

No Brasil, o PUE gira em torno de 2.5 atualmente, com projeção de diminuir para 2 até o fim da década, especifica Sampaio. "Um dos maiores agressores desse valor de PUE é o custo com refrigeração, com coolers ligados 24 horas por dia para manter a temperatura agradável aos servidores", explica. O número sempre será maior do que 1, já que nem toda a energia consumida é realmente aproveitada. Até 2020, ano-base da projeção do estudo, o CIO prevê uma virada. "A TI tradicional não pode mais ser compreendida como servidores individuais, mas sim como virtualização", aposta Sampaio.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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