Conselho de Supervisão da Meta analisará caso brasileiro sobre conteúdo de teor golpista
Órgão analisará caso sobre conteúdo que convocava pessoas a sitiarem Brasília como última alternativa contra presidência de Lula
O Conselho de Supervisão da Meta (Oversight Board, em inglês) anunciou nesta quinta-feira (9.mar.2023) que analisará um caso ligado ao Brasil, sobre conteúdo que falava em "sitiar" o Congresso Nacional como "última alternativa" contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O CASO. Em 3.jan.2023, um usuário postou vídeo que incluía uma convocação para "sitiar" o Congresso Nacional.
O vídeo mostra trecho de uma fala de um general brasileiro apoiador de Bolsonaro em que ele pede para que as pessoas tomem as ruas e se dirijam ao Congresso Nacional e à Suprema Corte. Um texto por cima do vídeo convoca usuários a irem a Brasília para sitiar os Três Poderes.
- O vídeo teve mais de
18 mil
reproduções, não teve compartilhamentos e foi denunciado7 vezes
.
DENÚNCIAS. No mesmo dia em que o conteúdo foi publicado, um usuário o denunciou por violar a política de Violência e Incitação da Meta. Entre 3.jan e 4.jan, 4
usuários denunciaram o conteúdo 7 vezes
.
- Depois da primeira denúncia, um moderador humano revisou o conteúdo e decidiu que ele não violava a política da Meta;
- O usuário recorreu dessa decisão, mas um segundo moderador humano confirmou a decisão do primeiro;
- No dia seguinte, outras seis denúncias foram revisadas por cinco moderadores diferentes - todos entenderam que o conteúdo não violava a política da rede social;
- O conteúdo não chegou a ser escalado para especialistas;
- Um dos usuários que havia denunciado o conteúdo interpôs um recurso junto ao Comitê de Supervisão. No recurso, a pessoa fez uma ligação entre o potencial de incitação de violência do conteúdo a um grupo de pessoas no Brasil "que não aceita o resultado das eleições".
A ESCOLHA. Segundo o Comitê de Supervisão, esse caso foi escolhido por permitir examinar como a Meta modera conteúdo ligado a eleições e como está aplicando o protocolo de políticas de crise em locais que são designados "temporariamente de alto risco".
MEA CULPA. Só pelo fato do Conselho ter escolhido o caso, a Meta disse que as reiteradas decisões de manter o conteúdo no ar foram um erro.
A empresa acrescentou que, já que os moderadores não mantém um registro do racional das decisões, a Meta não tem mais informações sobre o porquê deles acharem que o conteúdo não violou políticas.
Em 20.jan, o conteúdo foi removido, o criador de conteúdo recebeu um "strike" e ficou limitado de produzir novos conteúdos.
PRÓXIMOS PASSOS. Até 23.mar.2023, a Meta vai receber comentários públicos sobre o tema e está especialmente interessada em comentários que tratem da:
- Situação política no Brasil antes das eleições de outubro e como ela mudou entre outubro de 2022 e 8 de janeiro de 2023;
- Relação entre violência política, negacionismo eleitoral e apelos à mobilização off-line nas redes sociais;
- Quando os esforços de integridade eleitoral da Meta devem começar e terminar, e quais critérios devem orientar as decisões sobre esses prazos, principalmente no que se refere a transições de poder;
- Como Meta deve distinguir entre organização política legítima e ação coordenada prejudicial;
- Como a Meta deve tratar o conteúdo que ataca ou deslegitima instituições e processos democráticos.