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Crianças conscientizam público na web, mas supervisão de pais é fundamental

Perfis como Mãe de Celíaca e Mariana Educada bombam, mas acompanhamento adulto é essencial para proteger saúde mental de jovens na internet

12 out 2023 - 05h00
(atualizado em 18/10/2023 às 11h36)
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A celíaca Bella e sua mãe, Gra Chiquetti; o menino cego e autista Daniel; e Mariana, com Síndrome de Down, compartilham vivências na internet
A celíaca Bella e sua mãe, Gra Chiquetti; o menino cego e autista Daniel; e Mariana, com Síndrome de Down, compartilham vivências na internet
Foto: Reprodução / Instagram @maedeceliaca @notasdadiversidade @marianaeducada

"É como largar a criança sozinha em uma balada". É assim que Kelli Angelini, advogada especializada em direito digital e autora de livros sobre jovens na internet, define a experiência na web da vasta maiora dos menores de idade no Brasil.

Embora de aparência amigável, as redes sociais não são ambientes feitos para crianças nem mesmo quando funcionam "bem". Que dirá quando se tornam palco de dinâmicas imprevistas, como bullying e até a prática de crimes.

Mas isso significa que os pequenos devam ser alienados do mundo digital a qualquer custo? Não necessariamente. Não é raro encontrar perfis em que crianças protagonizam iniciativas positivas na internet, como a conscientização sobre condições de saúde menos conhecidas ou o compartilhamento de talentos improváveis

Na página do Instagram Mãe de Celíaca, Gra Chiquetti, de 44 anos, compartilha a rotina ao lado de Bella, 10, sua filha portadora da doença celíaca. Nessa condição autoimune, o corpo reage de forma defensiva ao glúten, proteína comum em muitos dos ingredientes mais populares do Brasil.

A doença celíaca tem difícil diagnóstico, não possui trartamento medicamentoso e impõe uma alimentação altamente restitiva, sem a ingestão de glúten, por toda a vida. No Mãe de Celíaca, o foco de Gra é mostrar que é possível aliviar os impactos psicológicos da restrição nos pequenos.

"No passado, era mais difícil achar receita sem glúten. Uma vez, errei todas as receitas que eu tinha feito, era 11 da noite e não tinha pão sem glúten para vender na minha cidade. Não teria nada para a Bella comer no dia seguinte e chorei muito. Fiz uma promessa para Nossa Senhora que, se ela me capacitasse, eu ia compartilhar minhas receitas para que não passassem pelo que passei", disse o Byte a dona do perfil.

Quem faz a gestão da página é a mãe. Bella aparece nas postagens e faz algumas interações, mas tudo é feito sob o olhar de um adulto. 

"A Bella é uma criança mais tímida. Sempre que aparece, é porque perguntei antes se podia filmar e se ela queria participar", diz Gra.

No final de agosto, um vídeo no qual um garoto adivinhava as notas musicais emitidas pela chegada na estação dos trens do metrô de São Paulo viralizou nas redes sociais. Quem aparece é Daniel, cego, autista e "minimúsico", mas palavras de sua mãe Hedrienny Cardoso.

A página compartilha dicas de vivência com deficientes visuais e algumas atividades feitas por Daniel e os irmãos. Por último, mas não menos importante, uma série de postagens na qual o menino se diverte adivinhando a nota musical da buzina de carros em vídeos mandados por seguidores da página.

O perfil de Vânia Santana, 47 anos, e sua filha, Mariana, 11, mostra que a Síndrome de Down é um "mero detalhe" na vida da dupla. Na página Mariana Educada, a criança, portadora da condição, compartilha a sua rotina com mais de 700 mil seguidores.

"Ela sempre gostou de gravar vídeos e, desde pequena, eu filmava para mostrar para a família e amigos e quebrar aquele tabu inicial sobre a Síndrome de Down. Sempre foi natural na rotina dela", diz Vânia.

Com a administração das redes sociais de Mariana, a própria família pôde se conectar e aprender mais sobre o universo da síndrome.

"Conheci mais pessoas com Down, aprendi a admirar as potencialidades das pessoas e criei amizades. Do contrário também: muitas mães me procuram e eu mostro que dá pra ter uma vida tranquila", comenta a mãe.

Por que boa supervisão faz toda a diferença

Os exemplos citados seguem um princípio básico, na visão de especialistas, na hora de decidir deixar uma criança entrar no mundo das redes sociais: a supervisão parental.

Quais são as redes sociais mais usadas no mundo? Quais são as redes sociais mais usadas no mundo?

"É um ambiente que não tem proteção, não leva em consideração a fase de desenvolvimento e há o contato com qualquer pessoa, inclusive criminosos. As crianças também não sabem lidar com comentários ofensivos. Se não houver um adulto conversando e instruindo, o impacto na saúde mental pode ser grande", diz a advogada Kelli Angelini.

A vida fora das redes poupa os pequenos de exposições e problemas complexos do mundo digital que nem mesmo os adultos aprenderam a lidar. Barrar uma socialização quase inevitável nos dias de hoje, entretanto, também pode ser difícil. Conter danos é o que exige mais jogo de cintura por parte dos responsáveis.

"As crianças imitam os pais e o que os adultos fazem. Para elas, a diferença entre o mundo conectado e o desconectado não exste, porque não conheceram a vida offline", diz Luciana Corrêa, gerente de conhecimento na Globo e autora de pesquisa sobre o consumo e a produção infantil de vídeos para crianças pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

O que diz a lei

Muitas plataformas de redes sociais estabelecem em seus termos de serviço uma idade mínima de 13 anos para a criação de contas, como é o caso do Facebook, Instagram, YouTube e TikTok.

Essa idade mínima é uma prática comum não apenas no Brasil, mas em muitos outros países, e tem origem no Ato de Proteção da Privacidade Online para Crianças dos Estados Unidos (COPPA, na sigla em inglês) que estabelece a idade mínima de 13 anos para coleta de informações de crianças por sites e serviços online.

"Existe responsabilidade das plataformas pois elas lucram com as crianças e os adolescentes. Temos que exigir que sejam desenvolvidas ferramentas de proteção", diz Angelini.

O artigo 14 da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) determina que dados pessoais de crianças e de adolescentes deverão ser tratados em seu melhor interesse. Em outras palavras, qualquer orientação ou decisão envolvendo os pequenos deve levar em conta o que é melhor e mais adequado para a satisfação dos seus anseios, podendo sobrepor, inclusive, aos interesses dos próprios pais. 

"Qualquer campanha que divulga coisas importantes é positiva, mas continua sendo uma criança. Ela não sabe onde está sendo exposta, não entende o contexto e não tem a opção de não ser famosa", diz Corrêa.

A referência de idade na legislação brasileira é do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que define que criança é a pessoa de até 12 anos de idade incompletos e, adolescente, aquela entre 12 e 18 anos.

Como conter danos ao deixar a criança entrar no mundo da internet?

Evite o abandono digital

O ambiente da web deve ser encarado como qualquer outro espaço de socialização do mundo físico. O jovem que cria uma conta em rede social deve receber a instrução e atenção devida do núcleo familiar.

Estabeleça regras

As redes sociais foram feitas para prender a atenção, tornando o uso saudável difícil até para os adultos. Combine horários, limites diários e condições em que seu filho poderá ter acesso à internet.

Converse

Jovens podem ter mais dificuldade em lidar com frustrações do que adultos. Controle expectativas sobre o que é um conteúdo muito ou pouco acessado e tente evitar comparações irreais.

Reconheça

A rotina de administrar uma página dar trabalho e especialistas comparam ser influencer a uma profissão do mundo offline. Certifique-se de que as atividades não estão atrapalhando o dia-a-dia normal da criança, que deve brincar, descansar e ter sempre os estudos em dia.

Fonte: Redação Byte
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