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Crianças estão passando mais tempo com telas; quais as consequências?

Segundo especialistas, crianças estão desenvolvendo diversos problemas comportamentais e de saúde por causa do tempo excessivo com aparelhos

24 jul 2022 - 05h00
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Foto: Pixabay

Jovens entram em contato com a tecnologia cada vez mais cedo na vida. Com as restrições impostas pela covid-19, isso piorou. É o que diz um estudo da Universidade Anglia Ruskin, de Cambridge, na Inglaterra. Crianças entre seis e dez anos de idade aumentaram seu tempo de exposição a telas de eletrônicos em uma hora e 20 minutos por dia desde o começo de 2020 até dezembro do ano passado.

O aumento está ligado a diversos fatores, como dietas mais pobres, impactos negativos no sono, problemas de visão e questões de saúde mental, como ansiedade, irritabilidade e aumento da frequência de acessos de raiva. Para especialistas, isso pode trazer problemas comportamentais irreversíveis para as crianças e adolescentes.

A pesquisa foi divulgada na eClinicalMedicine, que faz parte da revista científica The Lancet. Todas as faixas etárias tiveram aumentos no tempo de tela. Crianças com menos de cinco anos de idade registraram um aumento de 35 minutos a mais por dia; adolescentes entre 11 e 17 anos, 55 minutos; e adultos, 58 minutos.

Telas de eletrônicos causam problemas comportamentais

"Crianças entre seis e dez anos não devem passar mais do que uma a duas horas perante as telas. Crianças precisam sair, brincar na natureza”, afirma Evelyn Eisenstein, coordenadora do Grupo de Trabalho Saúde Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Ela explica que, como as crianças estão gastando mais tempo em frente às telas, acabam desenvolvendo diversos problemas comportamentais. “As crianças estão ficando sedentárias, sem fazerem exercícios, e principalmente, com transtornos de sono e irritabilidade".

Outras alterações no comportamento também são comuns, como mais ansiedade, depressão, transtornos de humor, isolamento social e até gestos suicidas. Eisenstein destaca a importância de que as crianças façam atividades fora das telas. "Desconectar é um exercício familiar, ter regras de convivência na família e fora das telas”, diz.

É importante que a criança desenvolva experiências de naturezas diversas: ambientais, emocionais, afetivas, de relação interpessoal, socialização e interação.

"Uma criança que faz música, desenha, faz esportes, explora o espaço ao ar livre, recebe afeto, troca olhares, recebe atenção de seus pais e familiares, têm mais conexões neuronais, mais desenvolvimento cerebral e constrói uma arquitetura neurológica mais forte”, explica Paulo Telles, pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

O médico alerta que não existem benefícios neurológicos no uso das telas em comparação com a vida real. "Não se iluda ou se engane com nomes bonitos ou músicas agradáveis, as telas são 'lobos com pele de cordeiro'", afirma.

Outro alerta importante vai para jogos ou aplicativos que possuem aspecto inocente, mas podem gerar impactos negativos, como ansiedade, depressão, vício e violência.

Também é importante controlar o tempo das crianças nas redes sociais. "Elas aumentam a incidência de bullying, distorção de imagem, sexualização precoce, comportamentos auto lesivos, indução e riscos de suicídio. Sem falar de problemas visuais, auditivos e posturais”, explica o pediatra.

Aprendizagem de crianças sofre perdas com uso de telas

Com as aulas online durante a pandemia, diversas crianças tiveram queda no rendimento e desempenho escolar. Houve perda de concentração, perda de memória e desatenção ao conteúdo das aulas.

Eisenstein destaca a importância de ter a tela como um meio de aprendizado, como para procurar informações e fazer um trabalho, por exemplo, e não usá-la como uma distração passiva. “Uma, duas, três horas no máximo durante o dia. A vida é aqui fora e não lá dentro das telas”, diz.

O que médicos recomendam no uso de telas para crianças

A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que o uso de telas fique limitado a uma hora por dia para crianças entre dois e cinco anos de idade, e duas horas, no máximo, para crianças de seis a 10 anos. Para adolescentes, o máximo recomendado é de três horas diárias até os 18 anos de idade. No caso de recém-nascidos e bebês até dois anos, o ideal é que não haja uso de telas.

Também é importante que os pais ou responsáveis fiquem em alerta para alguns sinais que podem indicar que as crianças estão dependentes das telas, como:

  • Falta de controle de tempo de tela e de interesse por outras atividades;
  • Quando a criança só fala sobre jogos ou aplicativos na maior parte do tempo e apresenta dificuldades para socializar;
  • Quando a criança mostra sinais de abstinência quando está longe de aparelhos eletrônicos.
Fonte: Redação Byte
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