Cuba começa a vender planos de internet móvel por US$ 45 ao mês
País é um dos mais desconectados do Ocidente; até agora, só era possível acessar a rede em smartphones em redes de Wi-Fi públicas
Um dos países mais desconectados do Ocidente, Cuba começou a oferecer neste mês seus primeiros planos de internet móvel 3G. Por enquanto, o serviço está sendo oferecido a autoridades e jornalistas de agências de notícias, mas a expectativa é de que os 5 milhões de cubanos que têm contas de celular poderão contratar o serviço até o final do ano.
A proposta faz parte do plano do presidente Miguel Diaz-Canel, o primeiro em mais de seis décadas a comandar o país sem fazer parte da família Castro, para melhorar a economia local e defender os ideais comunistas da Revolução Cubana. Analistas, no entanto, apostam que a popularização da internet pode enfraquecer o controle governamental de informações que entram e saem da ilha latina, onde o Estado detém o monopólio da mídia. Hoje, Cuba tem problemas sérios de liberdade de expressão e bloqueia o acesso de seus cidadãos a blogs e sites de oposição.
"Para mim, é uma mudança radical", diz Yuris Norido, que trabalha para diferentes agências de notícias governamentais, além da televisão. "Agora posso saber das notícias onde quer que eu esteja, inclusive onde elas acontecem." Além de jornalistas, empresas e embaixadas também tem conseguido comprar planos de dados da Etecsa, a companhia de telecomunicações local. Hoje, um plano de dados 4 GB (gigabytes) custa o equivalente a US$ 45 por mês. O preço promete ser o principal impeditivo para o acesso popular, no entanto: hoje, o salário médio de um cubano é de US$ 30 por mês.
É uma grande evolução: até 2013, só era possível acessar a internet em Cuba em hotéis para estrangeiros. De lá para cá, a Etecsa construiu diversos pontos públicos de Wi-Fi: para utilizá-los, o cubano ou turista deve comprar cartões com senhas, que custam o equivalente a US$ 1,50 e dão direito a uma hora de acesso à internet.
Além disso, a empresa estatal passou a permitir que alguns cubanos também tenham conexões de banda larga fixa em suas casas. Hoje, porém, apenas 11 mil lares cubanos estão conectados - número bem abaixo da meta governamental de colocar internet em pelo menos metade dos domicílios do país até 2020.
"Já estive muitas vezes na loja da Etecsa para saber se poderíamos ter acesso em casa", diz Yuneisy Galindo, de 28 anos, enquanto usava um dos pontos públicos de acesso de Wi-Fi em Havana. "Mas eles nos dizem que não estão prontos e vão nos ligar."
Hoje, a maioria dos celulares em Cuba já são smartphones. No entanto, enquanto a América Latina já completou sua transição para o 4G, Cuba está apenas instalando 3G agora - no mesmo momento em que operadoras de países desenvolvidos já fazem testes com o novo padrão 5G, que promete conexões de até 1 gigabit por segundo (1Gbps).