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Dá para clonar pessoas com saliva, como sugere tendência do TikTok?

A ideia é mais uma das brincadeiras do influenciador norte-americano Coby Persin, que viraliza com assuntos polêmicos

25 abr 2023 - 17h47
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Influenciador Coby Persin faz pegadinha de clonagem humana no TikTok
Influenciador Coby Persin faz pegadinha de clonagem humana no TikTok
Foto: Reprodução

Um desafio no TikTok tem chamado atenção de milhares de seguidores: um usuário propôs “clonar” uma pessoa por meio da saliva. A ideia é mais uma das brincadeiras do influenciador norte-americano Coby Persin, que viraliza com assuntos polêmicos. 

Dessa vez, a ideia de Persin era convidar pessoas a lamberem algum objeto ou local público para que ele se deslocasse e coletasse a saliva — prometendo, supostamente, clonar o indivíduo a partir da coleta de DNA. 

Mas isso não seria biologicamente possível, e a ciência pode explicar o porquê.

@thecloneguy

Cloning a Woman in a DNA Laboratory 🧬🥼

♬ original sound - The Clone Master🧬

Tentativas de clonagem humana

Em primeiro lugar, deixemos claro o óbvio: ainda não ocorreu na Humanidade nenhum caso concreto de clonagem da espécie humana, nos mesmos moldes da ovelha Dolly.

Em 1993, os biólogos Jerry Hall e Robert Stillman, da Universidade George Washington, conseguiram permissão para clonar embriões humanos em laboratório. O objetivo era dividi-los em "gêmeos" ou "trigêmeos" idênticos. Os pesquisadores trabalharam com embriões anormais, que nunca poderiam se desenvolver até se transformar em bebês.

Mas o que aconteceu não foi bem uma clonagem, e sim a primeira geminação artificial com embriões humanos. Ou seja, reproduziram em laboratório o processo de criação de gêmeos que ocorre no sistema reprodutor feminino.

Preocupados com o que poderia acontecer, os cientistas deram aos embriões apenas sete dias de vida, A multiplicação celular deles foi interrompida em pleno desenvolvimento.

Em um estudo publicado em 2013 na revista científica Cell, cientistas da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, dos Estados Unidos, afirmaram ter recorrido a métodos semelhantes aos usados na clonagem de Dolly em 1996 para gerar células tronco embrionárias em laboratório.

No entanto, o cientista cazaque Shoukhrat Mitalipov, líder do grupo que realizou o experimento, admitiu que o artigo científico sobre o estudo continha quatro erros de informação, mas garantiu que os resultados estavam corretos. 

Vale deixar claro que existem, na teoria, dois tipos de clonagem humana: a terapêutica e a reprodutiva. A terapêutica envolve colnar células de um adulto para usos medicinais. É uma área ativa de pesquisa, mas não está em prática em nenhum lugar do mundo até o momento.

Já a clonagem reprodutiva implicaria fazer clones humanos do zero, e apesar dos experimentos acima, não só ainda não foi realizada em sua plenitude como é ilegal em muitos países, por uma série de questões éticas.

E o desafio no TikTok?

Bom, se reparar no vídeo acima, dá para reparar que Coby Persin não está realmente interessado em ciência, e sim fazer um pouco de galhofa. Em sua conta, ele escolhe mulheres para ser a imensa maioria das "cobaias" do seu "experimento".

Ele aparece nos vídeos com vários aparatos científicos, como o swab (cotonete usado em laboratório), tubos de ensaio, placas de Petri e coisas do tipo, mas ele não está, de fato, clonando ninguém. É tudo zoeira.

O que é mais preocupante, no entanto, é que as pessoas da trend estão lambendo um monte de objetos públicos, o que é nem um pouco higiênico e pode passar doenças. Basta lembrar que um dos protocolos contra o contágio de covid era evitar tocar nesses objetos e/ou levar as mãos sujas à boca, nariz e olhos.

A única coisa cienfiticamente apurada da trend é que a saliva, de fato, é um componente do corpo que carrega nosso DNA. Empresas que realizam testes de ancestralidade, como 23andMe ou a nacional Genera, usam saliva como amostra. Daí para criarmos clones com ela são outros quinhentos.

Já os testes de DNA partem de amostras biológicas e realizam análises minuciosas dessa molécula, seja para identificar alterações ou fazer comparações com outros testes genéticos. É o que ocorreu no caso de Daniel Alves e de pessoas que solicitam confirmações de paternidade de crianças e jovens. 

Para realizar o teste, basta tirar um pouco sangue da pessoa, mas existem outras formas: retirada de unhas, saliva, fio de cabelo ou sêmen, que não devem estar contaminados. O material é armazenado adequadamente e passa pela avaliação laboratorial. O equipamento usado é o sequenciador de DNA, que mapeia os genes.

Fonte: Redação Byte
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