De medicina avançada a (mais) fakes eleitorais: o que esperar da IA em 2024
Saiba como inteligência artificial poderá impactar diferentes setores e comportamentos; plataformas devem crescer 38% na América Latina
Cada vez mais presente — e popular — no dia a dia das pessoas, a inteligência artificial (IA) deu grandes passos em 2023, o que eleva as expectativas para o próximo ano sobre as possibilidades de aplicação. Das transformações no trabalho aos impactos no processo das eleições municipais de 2024, os olhares se voltam para o que pode ser criado a partir da emergente tecnologia.
O mercado de IA generativa pode crescer para US$ 1,3 trilhão (R$ 6,3 trilhões) nos próximos dez anos em um cenário que tinha negócios de apenas US$ 40 bilhões (R$ 194 bilhões) em 2022, segundo a Bloomberg Intelligence (BI).
De acordo com o relatório, a crescente procura de produtos de IA generativa poderá incluir cerca de US$ 280 bilhões (R$ 1,3 trilhão) em novas receitas de software, impulsionadas por assistentes especializados e novos produtos de infraestrutura. E adianta que empresas como Amazon WebServices, Microsoft, Google e Nvidia poderão ser as maiores beneficiárias.
Segundo a consultoria IDC, as plataformas de IA devem crescer 38% na América Latina em 2024, ao mesmo tempo em que as empresas vão sofrer uma maior pressão nos gastos com infraestrutura de rede. Com toda essa movimentação, vale conferir abaixo algumas expectativas para o ano que vem em torno da inteligência artificial.
IA conversacional
A evolução dos chatbots, capazes de manter conversas naturais com os usuários, já não é suficiente. A tendência para o próximo ano é alcançar um novo patamar de IA conversacional em diferentes setores, como atendimento ao cliente, assistentes virtuais para determinadas tarefas e a interação com pacientes na área da saúde.
Medicina
O campo da medicina será bastante impactado pela IA. A expectativa é ter diagnósticos mais rápidos e precisos, tratamentos personalizados e avanços na pesquisa médica, favorecendo a descoberta de terapias e medicamentos. ]
Aprendizado profundo (deep learning)
Trata-se da técnica de IA em que computadores aprendem tarefas complexas, sem programação. O esperado é ter maior precisão, da medicina à previsão do tempo. E mais, também o mercado financeiro será impactado, pois a análise de dados complexos permitirá insights profundos e melhores estratégias de investimentos.
Proliferação de deepfake
Docentes do Centro de Inteligência Artificial Voltada ao Ser Humano da Universidade de Stanford (EUA) esperam ver novos modelos multimodais, particularmente na geração de vídeo, e alertam que a preocupação maior deve se voltar para a desinformação e deepfakes.
“Precisamos estar mais atentos a deepfakes. Veremos a disseminação de vídeos em que as pessoas ‘dizem’ coisas que nunca disseram. Os consumidores precisam estar cientes disso, assim como os eleitores. Também veremos legislação [sobre o tema]”, pontuaram James Landay, Anand Rajaraman e Venky Harinarayan, em artigo publicado no site da universidade.
Para eles, a promulgação de regras generalizadas de IA pela União Europeia poderá afetar grandes empresas de tecnologia, incluindo as americanas.
Robótica
É aguardado o aprofundamento da integração entre IA e robótica. Indústria, agricultura e logística são setores que podem ser beneficiados. Robôs autônomos se tornarão mais versáteis e conseguirão gerenciar armazéns e otimizar rotas de entregas. Permitirão executar tarefas complexas e precisas em ambientes dinâmicos.
Startups de IA e a regulamentação do mercado
Na Europa, as startups de IA movimentaram fundos de investimentos bilionários em 2023 e a expectativa é de uma abordagem de investimento mais discreta em 2024.
Tudo indica que as startups que lidam com "problemas específicos do setor" estarão muito mais em voga no próximo ano, conforme declarou Andreas Riegler, sócio-geral da Apex Ventures, ao site Business Insider. "Isso pode incluir saúde, finanças, manufatura e outros setores onde a IA pode trazer valor significativo", acrescentou.
As startups de IA "horizontais", que oferecem uma ampla variedade de usos, como o ChatGPT ou o gerador de imagens Stable Diffusion, chamaram atenção, mas regulamentações esperadas na Europa podem ameaçar os projetos.
O parlamento da União Europeia anunciou em junho a Lei de IA (AI Act) com o objetivo de estabelecer padrões de segurança, testes e limitações para quem deseja atuar na área. Em novembro, EUA, China, Reino Unido e mais 25 países anunciaram um acordo internacional que tem como objetivo regular sistemas de inteligência artificial considerados de ponta.
O que esperar do processo eleitoral no Brasil
Uma grande incógnita é como a utilização da IA vai impactar nas campanhas municipais e influenciar nas escolhas dos eleitores. O combate às fake news será um desafio evidente. As novas possibilidades trazidas pelas novas ferramentas, como manipulações de conteúdos, deverão gerar muitas incertezas e dúvidas sobre desinformação e a veracidade das peças de divulgação dos candidatos.