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De votação à audiência: como as redes sociais mudaram a história do BBB

Plataformas digitais servem para aproximar o público de seus participantes preferidos e mobiliza milhares de pessoas durante as votações

16 jan 2023 - 05h00
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Juliette é uma das BBBs que foram mais favorecidas pelo poder das redes sociais
Juliette é uma das BBBs que foram mais favorecidas pelo poder das redes sociais
Foto: Reprodução

Quando o primeiro Big Brother Brasil surgiu, em 2002, a dinâmica do programa exibido pela TV Globo era totalmente diferente, e a internet também. Ao longo de seus 21 anos de história, o reality show integrou-se cada vez mais com as redes sociais, criando uma grande convergência de mídias. 

O formato do BBB foi baseado em um canal chamado "Veronica", dentro da Holanda, em 1999, além de contar com a referência do livro "1984", do britânico George Orwell, que mostra uma distopia onde um líder autoritário mantinha sob constante vigilância toda a sua população.

A convergência de mídias é uma verdadeira junção entre TV e internet, algo que é foco do teórico norte-americano Henry Jenkins. Para o estudioso, a convergência é uma “palavra que define mudanças tecnológicas, industriais, culturais e sociais no modo como as mídias circulam em nossa cultura”.

E a participação da internet fez com que o Big Brother se tornasse não só o conteúdo com grande audiência na mídia aberta, como também nas redes sociais e estando a todo tempo nos trending topics do Twitter.

Outro fator de convergência está em como o programa alimenta e é alimentado pelas reações do público em tempo real. Os apoiadores de algum brother ou sister são capazes de mobilizações massivas em cada votação, para que seu preferido permaneça no programa por mais tempo ou que rivais e BBBs impopulares sejam eliminados.

Esses grupos fazem mutirões, pedem ajuda para famosos, marcam hora, e se comprometem em conseguir uma determinada quantidade de votos no dia. 

“Os reality shows entraram em uma nova era graças às redes sociais. Antes, as pessoas costumavam assistir à TV todas as noites para saber como o seu participante preferido estava se saindo antes de postarem sobre o programa", disse Mayank Bidawatka, cofundador da rede social Koo. 

Em entrevista ao Byte, Bidawatka explicou que o que acontece na TV agora atinge não só os fãs do reality show, mas outras pessoas também, o que ajuda a aumentar o "awareness" (consciência de marca) e a audiência do programa.

Redes sociais mudaram a forma de votação

BBB 23 já começou a anunciar participantes
BBB 23 já começou a anunciar participantes
Foto: Divulgação, Globo/Paulo Belote

No modelo atual, é impossível pensar a votação do programa sem a internet. O processo, que antes era feito a partir de ligações, hoje pode ser concluído por meio de voto online, no site do programa no portal Globo.com. Mas a dinâmica dos votos também mudou com a criação de fandoms, grupos de fãs do programa e dos participantes nas redes sociais.

A própria rede social de Bidawatka, o Koo, criou uma aba especial para que os usuários no Brasil acompanhem e comentem assuntos relacionados ao BBB23. Outras redes como Twitter e Instagram contam com hashtags e comunidades para tratar o tema junto aos fãs.  

Angélica Ramos, ex-BBB que participou do programa em 2015 e ficou conhecida por não "levar desaforo para casa", diz que ela só entendeu o que significavam aqueles fãs quando saiu do programa, na quinta semana, e foi para o aeroporto. 

"Eu cheguei no aeroporto, tinha um mar de pessoas me esperando. E a partir dali, eu comecei a entender que eu havia perdido minha privacidade. Tem o lado bom, que a gente recebe o carinho e amor, mas eu não tinha essa ideia [da dimensão]", afirmou. 

Angélica, que também participou do programa No Limite em 2021, conta que a internet ajuda bastante, mas não é como é hoje. "Em 2015 era mais brando, mais tranquilo, hoje está muito escancarado". 

Angélica Ramos, ex-participante do BBB15 não tinha dimensão de como a internet poderia infuenciar a legião de fãs após o programa
Angélica Ramos, ex-participante do BBB15 não tinha dimensão de como a internet poderia infuenciar a legião de fãs após o programa
Foto: Arquivo pessoal

E é verdade. A participação das redes sociais e diversas plataformas fez com que o programa batesse recordes mundiais.

Mas houve vacas magras também. Dieguinho Schueng, jornalista especializado em reality shows, lembra que em 2019 o programa teve a pior audiência de todas as edições. “Aquele BBB foi um dos piores em termos de audiência, e se nada fosse feito na edição seguinte, o formato deixaria a TV muito em breve”, disse o jornalista.  

Foi no ano seguinte, em 2020, o reality começou a programação com metade dos participantes no time "Camarote", com celebridades e outra metade formando o grupo dos "Pipocas", que conta com representantes anônimos. "Nesse primeiro ano, o Boninho já colheu o feedback do público — que amou a ideia — e repetiu a fórmula no ano seguinte", avaliou Dieguinho.

No dia 31 de março de 2020, o reality teve um dos maiores paredões da história, com a disputa entre os participantes Felipe Prior, Manu Gavassi e Mari Gonzalez.

A disputa mobilizou celebridades como Bruna Marquezine, Neymar, a cantora Iza e jogador Gabigol para que fossem feitos mutirões. Foram registrados 1.532.944.337 votos no site oficial, número que entrou para a lista do Guinness World Records com a maior quantidade de votos do público recebidos por um programa de televisão. 

Votação pode ser feita em apenas um clique
Votação pode ser feita em apenas um clique
Foto: Divulgação/GShow

O poder dos fandoms

Não precisa ir muito longe para acreditar na mobilização e poder desses grupos. No Instagram, o fandom “girahforever”, central de notícias sobre os amigos e participantes Gilberto e Sarah, do BBB 21, ainda é atualizado com informações e interações entre os ex-participantes. 

O participante Felipe Prior, do BBB 20, que teve um dos fandoms mais ativos e participou do maior paredão da história ganhou na época até uma música cujo nome fazia alusão a essa comunidade, a chamada “Tropa do Prior”.

Schueng avalia, no entanto, que esses mutirões só acontecem quando há celebridades de massa. "Por exemplo, se eu falar em Faustão ou Xuxa, todo mundo sabe quem é. No entanto, no BBB desse ano (2023), o programa trouxe celebridades nichadas", disse.

Para o jornalista, com essa nova dinâmica de pessoas conhecidas por nicho, como tiktokers ou Youtubers, não deve demonstrar que os participantes tenham volume de votos. "O que deve ser julgado é o jogo deles, quem eles são, dentro do reality. É isso que determina se podem ou não ter um mutirão grande de votos", disse.

Sensação de proximidade?

Para Bidawatka, ao convidar influenciadores e famosos para o programa nas edições recentes, o BBB conseguiu despertar a curiosidade do público, gerando buzz antes mesmo de sua estreia. 

“As pessoas querem se sentir mais próximas de seus ídolos, querem saber o que eles fazem a cada momento, então ver aquele influenciador ou celebridade 24 horas por dia, não mais limitado a alguns posts e stories, é o que atraiu a internet para esse fenômeno”, disse. 

No entanto, Angélica lembra que para quem é anônimo, isso não funciona da mesma forma. "Depois de um tempo, esses seguidores vão se perdendo [deixam de seguir o participante]. Existe uma legião de fãs, mas que na verdade acompanha o programa", avaliou. Para a ex-BBB, essas pessoas deixam de seguir e buscam novas pessoas e realities assim que acaba a edição da vez.

Ainda assim, a ex-participante destaca que tem uma base forte de fãs. "Essa galera está muito acostumada quando eu apareço muito, quando eu sumo muito. Mas eu entendi que não podia mais entregar todo meu tempo aqui [online]", disse Angélica. 

O mesmo é defendido pelo cofundador do Koo. "Os reality shows estabelecem uma comunidade que faz com que os espectadores se sintam parte do programa, e a rede social é um canal fundamental para isso", afirmou Bidawatka.

Exemplo disto é a campeã do BBB21, Juliette Freire, advogada e maquiadora, ela saiu do anonimato para se tornar um dos maiores fenômenos das redes sociais. Quando ainda participava do reality, ela alcançou 24 milhões de seguidores no Instagram. Hoje, ela soma um total de 32,4 milhões de seguidores na rede.

"Seria mais sem graça sem a perspectiva das mídias sociais. O que incentiva as pessoas a buscarem outros conteúdos e opiniões nas redes é a curiosidade em saber o que os outros estão pensando. O medo de ficar por fora dessas interações faz com que haja maior engajamento nas plataformas", avaliou o fundador da Koo.

Dieguinho avalia que o público quer fazer parte do programa avaliando, julgando e comentando sobre os participantes. "As redes sociais assumiram papel fundamental neste sentido, até mesmo para a direção do programa para determinar uma nova dinâmica, um novo caminho para o reality", finaliza. 

Fonte: Redação Byte
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