Deixa seu bebê na frente do celular? Pare ou ele poderá ter atraso de desenvolvimento
Crianças que passavam quatro horas ou mais em frente às telas têm atraso no desenvolvimento das habilidades de comunicação
Um novo estudo publicado hoje no renomado The Journal of the American Medical Association Pediatrics trouxe preocupações sobre os efeitos da exposição excessiva a telas em crianças com um ano de idade.
A pesquisa revelou que crianças expostas a mais de quatro horas diárias de dispositivos eletrônicos enfrentaram atrasos notáveis em áreas cruciais do desenvolvimento, como comunicação, resolução de problemas e habilidades motoras.
Embora as telas tenham se tornado parte integrante da vida moderna, o estudo destaca um impacto potencialmente prejudicial nas habilidades fundamentais das crianças.
- Os resultados do estudo indicaram que o desenvolvimento de habilidades de comunicação e resolução de problemas foram particularmente afetados quando as crianças atingiram a marca de 2 e 4 anos;
- Além disso, as habilidades motoras finas e aspectos das interações pessoais e sociais também demonstraram atrasos em crianças expostas a um maior tempo de tela durante o primeiro ano de vida;
- No entanto, uma descoberta intrigante foi observada: os atrasos pareceram diminuir conforme as crianças alcançaram a idade de 4 anos.
O estudo
O estudo envolveu 7.097 crianças e seus pais, selecionados em 50 clínicas obstétricas e hospitais no Japão durante o período de 2013 a 2017.
Os pais informaram sobre o tempo que seus filhos de um ano passavam diante de telas em um dia "típico", abrangendo atividades como assistir TV, DVDs, jogar videogames, usar celulares e tablets.
Mais tarde, quando as crianças atingiram as idades de 2 e 4 anos, os pais completaram um questionário destinado a avaliar o desenvolvimento de seus filhos em várias áreas, incluindo comunicação, coordenação motora ampla e fina, resolução de problemas e habilidades sociais e pessoais.
Aos 2 anos de idade, aquelas crianças que passavam quatro ou mais horas diárias em frente às telas tinham uma probabilidade quase duas vezes maior de experimentar atrasos no desenvolvimento das habilidades de comunicação e resolução de problemas.
Foi observado que aqueles que gastavam quatro ou mais horas por dia com telas tinham uma probabilidade quase cinco vezes maior de apresentar atrasos na comunicação e quase três vezes maior de enfrentar atrasos na resolução de problemas aos 2 anos de idade.
Este estudo mostra que “o tempo de tela antes dos 2 anos de idade afeta o desenvolvimento em muitas áreas e tem mais impacto na comunicação e nas habilidades de resolução de problemas”, disse Sarah Adams, pediatra e diretora médica do Akron Children's Hospital em Hudson, Ohio.
Essas descobertas ressaltam a necessidade de uma abordagem equilibrada no uso de dispositivos eletrônicos por crianças em seus primeiros anos de vida.
A pesquisa também lança luz sobre a importância de diretrizes claras para os pais e cuidadores, a fim de garantir um equilíbrio saudável entre a exposição à tecnologia e as atividades tradicionais que promovem o desenvolvimento holístico das crianças.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda o uso de tela para menores de dois anos por nenhum tempo.