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Delatora do Facebook pede por regulação de gigantes de tec no Congresso dos EUA

'O Facebook pode mudar de nome, mas, a menos que mude seus produtos, ele continuará a prejudicar a segurança de nossas comunidades e a ameaçar a integridade de nossa democracia', disse Frances Haugen em audiência

1 dez 2021 - 16h27
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Frances Haugen, delatora do Facebook, voltou a pedir pela regulação da rede social, e de outras grandes empresas de tecnologia, diante de congressistas americanos. Nesta quarta, 1.º, a ex-funcionária do Facebook que vazou documentos internos da companhia participou de uma audiência realizada pelo Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Estados Unidos.

"O Facebook pode mudar de nome, mas, a menos que mude seus produtos, ele continuará a prejudicar a segurança de nossas comunidades e a ameaçar a integridade de nossa democracia", afirmou ela em seu discurso inicial em referência à mudança de nome do Facebook para Meta. A audiência faz parte de uma série de debates sobre mudanças na Seção 230, lei de 1996 que regula a liberdade de expressão e a moderação de conteúdo na internet. A regra diz que as plataformas e sites não são responsáveis pelo conteúdo ali publicado por terceiros.

Há entre congressistas democratas e republicanos consenso de que a lei precisa ser alterada para responsabilizar as grandes empresas de tecnologia sobre a forma como os conteúdos são distribuídos nessas plataformas. Porém, há divergências sobre a essência sobre o que deve motivar a regulação: republicanos se preocupam principalmente em questionar restrições a conteúdos e perfis conservadores em plataformas digitais — na audiência, alguns representantes do partido lembaram sobre como notícias sobre a origem do novo coronavírus foram censuradas —, enquanto democratas culpam as empresas por permitirem a disseminação de desinformação e discurso de ódio na internet.

Percebendo a possibilidade de unificar os dois lados, Frances disse: "O Facebook quer que vocês se enrolem em um longo debate sobre os detalhes de diferentes abordagens legislativas. Não caiam nesta armadilha. O tempo é importante", afirmou. Ela pediu aos legisladores que abram a caixa preta do Facebook porque a empresa não teria os incentivos para ser transparentes.

Porém, os deputados pareciam esperar que a ex-funcionária é que revelasse os segredos da empresa. Ela foi perguntada em diversas ocasiões sobre o funcionamento dos algoritmos, como o conteúdo é distribuído e como as decisões são tomadas na empresa. Ela acabou repetindo aquilo que já trouxe nos Facebook Papers e em outras audiências realizadas nos EUA e na Europa: o design dos algoritmos da empresa priorizariam conteúdos extremos para impulsionar o engajamento dos usuários, o que seria benéfico para a empresa em termos financeiros.

"Estamos aqui hoje por causa de decisões tomadas deliberadamente pela liderança do Facebook. Durante meu período na companhia, o Facebook repetidamente encontrava conflito entre os seus lucros e a segurança dos usuários. A chefia sempre solucionava os problemas em favor de seus lucros. O Facebook escondeu de vocês as inúmeras maneiras de tornar a plataforma mais segura", disse.

"O Facebook não vai mudar, enquanto os incentivos não mudarem", acrescentou.

O depoimento desta quarta é uma continuação da audiência realizada em março, que ouviu os CEOs do Facebook, Amazon, Google e Twitter. Na época, todos pediram por regulamentação, mas é algo que os congressistas parecem dispostos a repelir - a ideia de autorregulação do setor foi rejeitada pela maioria dos que discursaram no comitê.

TikTok entra na dança

Além de críticas a Facebook, Twitter e Amazon, legisladores e testemunha aumentaram a pressão sobre o TikTok - em outubro, a empresa chegou a testemunhar junto com outras empresas de tecnologia. Entre os questionamentos, estavam a conexão do app com o governo chinês, sua capacidade de distribuir conteúdo político, a maneira sobre como os algoritmos funcionam e o impacto em crianças e adolescentes.

Os legisladores fizeram perguntas específicas sobre o app chinês. "O algoritmo de hiperamplificação torna o TikTok ainda mais viciante. Ele escolhe os conteúdos mais viciantes e espalham para a maior audiência possível. Isso é algo muito perigoso e está afetando crianças muito pequenas", afirmou Frances.

A ex-funcionária do Facebook afirmou também que a estrutura do algoritmo permite que a ByteDance, proprietária do aplicativo, censure discursos que não agradam a companhia com mais facilidade.

Estadão
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