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Divórcio de Bill Gates é finalizado na Justiça com bolada que pode ultrapassar US$ 70 bi

Os valores da divisão da fortuna não foram informados nos documentos oficiais, mas o juiz que assinou os papeis do divórcio afirmou que foi uma divisão "justa e equitativa"

4 ago 2021 - 11h27
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O fim do casamento de Bill e Melinda Gates foi oficialmente declarado na última segunda-feira, 2, quando um juiz da King County, em Washington, assinou os documentos relativos ao processo de divórcio do casal mais falado do mundo da tecnologia nos últimos meses. O acordo foi firmado na corte americana e encerra os 27 anos de união com um contrato de "justo e equitativo", segundo o documento acessado pelo jornal New York Times.

Isso pode significar que a divisão da fortuna tenha rendido partes iguais — ou relativamente iguais — às partes, no que pode ser uma soma de aproximadamente US$ 76 bilhões para cada um. Isso porque, de acordo com a Bloomberg, a fortuna estimada do casal girava em torno de US$ 151 bilhões.

O documento assinado na corte, porém, não revela como o acordo foi firmado, mas inclui uma anotação avisando que a decisão da separação de bens tinha acontecido "fora da corte", indicando que possa ter sido definida no contrato de separação que ambos assinaram quando anunciaram o divórcio, em 3 de maio. A data inicial para que o divórcio fosse oficializado era apenas em abril de 2022, mas o adiantamento do processo pode ter facilitado a conclusão do acordo.

Ainda, mesmo com o final do processo, Melinda decidiu manter o sobrenome do ex-marido, junto com o seu nome familiar, e passa a ser apresentada como "Melinda French Gates", algo que a bilionária já estava fazendo, sobretudo nas redes sociais.

O documento assinado na corte não prevê nem um tipo de pensão conjugal ou para os filhos, uma vez que os três herdeiros do ex-casal já possuem mais de 18 anos. Também não foi revelado quem vai ficar com a Xanadu 2.0, mansão da família em Washington.

Fim do casamento... mas não do trabalho

Apesar do divórcio, o ex-casal continuará em contato por conta do trabalho na Fundação Bill e Melinda Gates, organização filantrópica mantida pelos dois. As condições para que isso aconteça, porém, foram bem delimitadas no último mês: se em dois anos a administração conjunta não funcionar, o empresário pode retirar a ex-esposa da instituição, "comprando" a sua parte.

Na época do anúncio, um comunicado da Fundação afirmou que nesse período, os dois diretores estarão focados e comprometidos com o trabalho filantrópico e que destinaram uma nova doação de US$ 15 bilhões para ampliar o trabalho em todo o mundo.

"Estou profundamente orgulhosa de tudo o que a fundação e seus parceiros realizaram nas últimas duas décadas para nos aproximar de um mundo onde todos, em todos os lugares, têm a chance de viver uma vida saudável e produtiva", disse Melinda. Acredito profundamente na missão da fundação e permaneço totalmente comprometida como co-presidente de seu trabalho."

Desde maio, quando Bill e Melinda anunciaram o divórcio, o futuro da Fundação tem sido questionado, do ponto de vista da manutenção e do trabalho de seus presidentes. A diretoria, formada apenas pelos Gates e por Buffett, sentiu o peso de dividir o conselho apenas entre o casal divorciado depois da saída do bilionário, o que fez o CEO Mark Suzman anunciar que estava pesquisando nomes para compor a liderança da instituição.

O principal discurso de Bill e Melinda na separação foi o comprometimento com a Fundação e a promessa de que a instituição não sofreria os impactos da decisão do casal.

Escândalos no caminho

O processo de três meses desde o anúncio da separação até a assinatura definitiva na corte passou por diversos escândalos envolvendo Bill Gates e sua reputação revelada durante e após seus tempos de Microsoft. Os casos de traição, assédio e da amizade com o criminoso sexual Jeffrey Epstein deixaram Gates à margem da sua imagem de "bom velhinho" e despertaram os holofotes para um outro lado do empresário — que já existia, segundo diversas matérias do jornal New York Times.

Uma das primeiras histórias que veio a público como possível adicional para a separação foi a amizade de Bill Gates com Jeffrey Epstein, condenado por crimes sexuais. A amizade de Gates com Epstein não agradava Melinda, que expressou o sentimento ao então marido. Ainda assim, Bill Gates continuou as visitas ao criminoso, que se estendiam desde 2008, com estadias na casa de Epstein em Manhattan. O episódio levou Melinda a ligar diversas vezes para seu advogado em 2019 e pedir orientação sobre o divórcio, afirmando que o "casamento já estava quebrado" — mesma expressão que usou no contrato de separação que assinou com Gates.

Segundo o jornal Wall Street Journal, Gates também esteve envolvido em uma série de denúncias de assédio por parte de funcionárias da Microsoft e da Fundação. Por um desses casos, o jornal publicou que o empresário havia sido afastado da diretoria da Microsoft em 2020, em uma investigação interna que o acusava de ter tido um relacionamento sexual com uma das funcionárias da empresa.

O relacionamento considerado inadequado pela empresa aconteceu nos anos 2000, quando Gates ainda era presidente executivo da Microsoft. Na época, o empresário já era casado com Melinda — a união foi oficializada em 1994. Uma investigação sobre o caso se iniciou no final de 2019 e Gates deixou a diretoria em março de 2020, antes da ação ser concluída. A sua assessoria, porém, negou que seu afastamento tenha tido qualquer relação com o caso.

Estadão
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