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É possível criar luz usando a força da gravidade, segundo nova teoria

Pesquisadores dizem que a energia gravitacional nas condições extremas do Big Bang poderia criar fótons de luz

14 abr 2023 - 12h03
(atualizado às 12h08)
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No início do universo, regiões de intensa gravidade podem ter excitado o campo eletromagnético o suficiente para criar luz
No início do universo, regiões de intensa gravidade podem ter excitado o campo eletromagnético o suficiente para criar luz
Foto: Carl Knox (OzGrav, ARC Center of Excellence for Gravitational Wave Discovery, Swinburne University of Technology)

Lá no início do universo, durante as condições exóticas do Big Bang, ondas de gravidade podem ter abalado o espaço-tempo com tanta força que criaram radiação espontaneamente, convertida em luz. Essa é a nova teoria de equipe de cientistas do Departamento de Física da Universidade McGill, Montreal, no Canadá.

Um artigo descrevendo as descobertas foi publicado na revista Science Direct. 

Se você acha esse conceito difícil de entender, saiba que ele está presente em pequenas coisas do seu dia a dia. Por exemplo, quando você está sentado em um balanço e quer ir mais alto e rápido, naturalmente começa a bombear as pernas para frente e para trás para pegar impulso.

Se você sair do ritmo, o balanço para de subir. Esse tipo particular de fenômeno é conhecido na física como ressonância paramétrica.

E o que isso tem a ver com a gravidade?

Nessa situação, as pernas atuam como um mecanismo de impulso externo. Quando elas correspondem à frequência de ressonância do sistema — neste caso, seu corpo que está sentado em um balanço — elas transferem energia para o sistema fazendo com que o balanço seja mais alto.

Esses tipos de ressonância acontecem em todos os lugares, e os pesquisadores do Canadá descobriram que uma exótica ressonância paramétrica pode ter ocorrido no início do universo.

Proporções imensas 

Os cientistas usaram um evento hipotético que pode ter ocorrido quando nosso universo tinha menos de um segundo de idade, chamado de inflação.

Durante esse processo, o cosmo cresceu em proporções dramáticas, tornando-se muitas ordens de grandeza maior do que era antes. Na teoria, o fim da inflação teria sido algo muito confuso, pois as ondas gravitacionais se espalharam pelo cosmos.

Elas são ondulações no espaço-tempo causadas por eventos dramáticos no universo, tais como colisões entre objetos como estrelas de nêutrons e buracos negros..

O problema é que as ondas gravitacionais são extremamente fracas e é necessário construir detectores capazes de medir distâncias menores que a largura de um núcleo atômico para encontrar as que passam pela Terra. 

No entanto, pesquisadores apontaram que no universo extremamente primitivo essas ondas gravitacionais podem ter se tornado tão fortes que podem ter criado padrões de ondas estacionárias (de frequências iguais) em que elas não estavam viajando, mas sim paradas, quase congeladas no lugar em todo o cosmos. 

E dessa forma que caminha a pesquisa: como as ondas gravitacionais são basicamente ondas de gravidade (geradas por duas forças), os locais onde as ondas são mais fortes representam uma quantidade excepcional de energia gravitacional.

Gerando luz

Assim, a equipe descobriu que essa interação poderia ter grandes consequências para o campo eletromagnético existente no início do universo naquela época. Regiões de intensa gravidade podem ter excitado o campo eletromagnético o suficiente para liberar parte de sua energia na forma de radiação, criando luz.

Este resultado dá origem a um fenômeno inteiramente novo: a produção de luz apenas a partir da gravidade

Até o momento, não há nenhuma situação no universo atual que possa permitir que esse processo aconteça. 

“Nosso resultado é um primeiro passo na direção de investigar possíveis implicações da conversão de ondas gravitacionais via ressonância paramétrica em cosmologia e astrofísica”, escreveram. 

De acordo com os pesquisadores, agora o maior desafio em encontrar aplicações diretas será alcançar as condições necessárias no universo atual.

Fonte: Redação Byte
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