Edição de genes pode reverter danos de ataque cardíaco, sugere estudo
Pesquisadores descobriram que impedir a ativação de um gene específico durante um ataque cardíaco pode evitar danos no coração
Um gene responsável por causar "danos em cascata" após ataques cardíacos foi editado em laboratório, em teste com camundongos, e o procedimento realizado foi suficiente para reverter as consequências, deixando o coração ileso após o ataque. O experimento foi feito por cientistas da UT Southwestern e teve seus resultados publicados na Science.
O que os pesquisadores descobriram é que o maior dano de um ataque cardíaco — responsável por bloquear os vasos sanguíneos que alimentam o órgão e restringir o oxigênio transportado — é ocasionado pela ativação do gene CaMKIIδ. Basicamente, quando o coração está estressado, acontece a oxidação de dois aminoácidos metionina que fazem parte da proteína CaMKIIδ, e isso gera a ativação do gene, responsável por uma série de funções nas células cardíacas.
O grupo de cientistas então chegou concluiu que se as metioninas pudessem ser convertidas em aminoácidos diferentes, a oxidação não aconteceria, e portanto, o gene não seria ativado. Isso pouparia as consequências negativas da ativação do CaMKIIδ para o coração.
Testes bem-sucedidos
Para testar a ideia, o pesquisador Simon Lebek e sua equipe usaram o método de edição genética CRISPR-Cas9. Os resultados mostraram que células não editadas, quando colocadas em uma câmara de baixo oxigênio, desenvolveram vários marcadores de danos, e depois, morreram. Mas o mesmo não aconteceu com as células modificadas geneticamente.
Como deu certo, o experimento também foi testado com camundongos. O procedimento foi induzir um ataque cardíaco nesses animais, restringindo o fluxo sanguíneo deles por 45 minutos e, em seguida, entregando componentes de edição de genes CaMKIIδ para o coração de alguns deles.
Nenhum deles teve a função cardíaca totalmente comprometida. No entanto, enquanto os ratos sem edição de genes registraram piora ao longo do tempo, os que tiveram edição melhoraram constantemente nas semanas seguintes, ficando com uma condição cardíaca praticamente igual à de antes.
"Normalmente, privar o coração de oxigênio por um período prolongado, como muitas vezes acontece em um ataque cardíaco, irá danificá-lo substancialmente. Mas aqueles animais cujos músculos cardíacos foram submetidos à edição de genes após ataques cardíacos induzidos parecem ser essencialmente normais nas semanas e meses seguintes", afirmou Eric Olson, diretor do Centro Hamon de Ciência e Medicina Regenerativa e presidente de Biologia Molecular da UTSW.