Empresa que faz reconhecimento de íris dos olhos faz testes em SP
Chamada de "World ID", a tecnologia transforma o registro da íris em uma sequência numérica e visa diferenciar humanos de robôs
Ter a sua íris escaneada por uma empresa de tecnologia lhe parece algo muito futurístico? Em São Paulo, a organização Worldcoin já realizou testes para registrar dados biométricos pelo "olhar".
Chamado de "World ID", a tecnologia transforma o registro da íris em uma sequência numérica.
Em entrevista ao g1, a Worldcoin afirmou que disponibilizou três locais de atendimento em São Paulo, mas que eles não estão mais disponíveis. A empresa acrescentou que operação no Brasil era um teste e não informou quantas pessoas se cadastraram no país.
"Esses serviços não tinham a previsão de serem permanentes no momento. Esperamos estabelecer serviços contínuos no Brasil no futuro", disse a Worldcoin ao g1.
O objetivo da empresa é firmar parcerias com reguladores internacionais para registrar dados de mais de 8 bilhões de pessoas no mundo.
O projeto foi lançado por Sam Altman, presidente da OpenAI, empresa que criou o ChatGPT. A organização afirmou que o intuito do projeto que escaneia íris é criar um "passaporte digital" visando diferenciar humanos de robôs.
"O World ID é um passaporte digital que permite provar que você é uma pessoa única e real, mantendo o anonimato", diz a empresa em seu site oficial, acrescentando que a iniciativa pode ser usada para se autenticar em aplicativos da web, móveis e descentralizados.
O projeto, porém, acendeu um alerta em autoridades. No Quênia, por exemplo, 350 mil pessoas já tinham se inscrito e a ação foi suspensa pelo governo; segundo a imprensa local. Órgãos reguladores de dados na França, Alemanha e no Reino Unido também estão estudando esta iniciativa.
Em seu site oficial, a Worldcoin afirma que visa estabelecer o acesso universal à economia global, independentemente do país ou histórico.
"Tudo com a intenção de dar as boas-vindas a todas as pessoas do planeta e estabelecer um lugar para todos nós nos beneficiarmos na era da IA", diz a empresa.
Onde os dados coletados serão usados?
A foto da íris é feita por meio da Orb, um dispositivo de imagem biométrica que verifica de forma privada e personalidade de um indivíduo. Com a imagem é criado um código numérico que identifica cada usuário.
De acordo com a Worldcoin, esse código é apagado logo em seguida e os usuários não precisam compartilhar nome, número de telefone, e-mail nem endereço.
Como o código da íris será usado para confirmar a identidade das pessoas e diferenciá-las de robôs, segundo a empresa, a ferramenta pode ser útil para redes sociais que querem verificar se uma conta está sendo realmente usada por um ser humano.
Além disso, a Worldcoin diz que permitirá que governos usem sua infraestrutura em "processos democráticos globais".