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Engenharia do futuro: humana e robô

Tendência de currículos de graduação e pós é multidisciplinaridade, que inclui até aulas para controlar medo de falar; e já é possível se graduar em Engenharia de Robôs

11 jul 2022 - 05h11
(atualizado às 11h16)
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Embora o Ministério da Educação reconheça mais de 40 graduações em Engenharia, cada uma com suas especificidades, a tendência é de uma formação multidisciplinar. "Por muito tempo, a preocupação era estritamente com a performance técnica, sem levar em conta a pessoa e o cidadão. As instituições focavam na formação de um profissional que era bom para resolver problemas complicados. Mas hoje ele precisa resolver problemas complexos. O complicado está dentro da sua área do conhecimento, mas o complexo envolve várias outras", afirma José Carlos de Souza Junior, reitor do Instituto Mauá de Tecnologia. "Na pós também acontece algo parecido: as novas tecnologias atraem profissionais que querem se reciclar e ter uma visão ampliada."

A formação multidisciplinar, na visão de Souza Junior, atende a uma necessidade do jovem da atualidade. "Hoje, não há mais a tradição de ser formado para o emprego e para uma profissão, porque as pessoas mudam de carreira. Cada ser humano é uma startup que pode pivotar de uma hora para outra, dependendo do caminho que toma." Dentro da grade curricular da Mauá, os alunos trabalham com projetos e atividades especiais que colaboram no desenvolvimento de competências socioemocionais. Entre elas, há opções como teatro, ioga e controle do medo de falar.

Sem fronteiras

Gustavo Donato, reitor da FEI, concorda com a abordagem multidisciplinar. "Um engenheiro mecânico responsável pelo projeto de sistemas de mobilidade como veículos, aeronaves e até cadeiras de rodas não pode atuar sem competências e domínio de tecnologias de Engenharia Elétrica, Automação e Controle, Programação, Ciência da Computação e visão computacional (autônomos)", exemplifica. Para ele, a Engenharia está no centro quando "pensamos em soluções para o agronegócio e a segurança alimentar, saúde e bem-estar, energias limpas, água e saneamento, mobilidade segura e autônoma, manufatura digital, química verde, novos materiais ou biotecnologia". "Tudo passa por desenvolvimentos de Engenharia, devidamente articulados com outras áreas."

Além disso, a FEI lançou, em 2019, um curso inédito de graduação no Brasil: Engenharia de Robôs, que combina competências de computação, Inteligência Artificial, Engenharias Elétrica, de Automação e Controle, Mecânica, de Materiais, entre outras. O estudante Guilherme Nicolau Maróstica, de 22 anos, é um dos criadores do Robô Hera, do projeto RoboFEI, que existe desde 2003 com a proposta de criar robôs para competições mundiais.

Com a RoboFEI, o estudante já viajou pelo mundo para participar de várias disputas de robótica, e não para de aprender. "Desenvolvemos um robô para auxiliar pessoas com baixa mobilidade. Dentro da liga são avaliadas diversas tarefas domésticas, como retirar o lixo da cozinha, tirar compras, encontrar coisas pela casa. Somos pentacampeões e nos tornamos uma referência mundial, pois há seis anos estamos entre as dez melhores equipes do mundo", comemora Maróstica.

Estadão
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