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'Engenharia que salva vidas' usa 3D, dados, inteligência artificial e nanotecnologia

Profissional que une áreas de conhecimento ganha cada vez mais espaço em setores de inovação e na aposta feita por healthtechs

11 jul 2022 - 05h11
(atualizado às 11h15)
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Se o engenheiro é um profissional habilitado a resolver problemas e planejar soluções, nas últimas duas décadas há um profissional específico para atuar com este intuito dentro da área da Saúde: o engenheiro biomédico. "É a engenharia que salva vidas. É o 'backstage da Medicina'. É quem desenvolve e conserta os equipamentos utilizados por médicos e enfermeiros", explica Patrícia Marcondes dos Santos, coordenadora da graduação em Engenharia Biomédica da Universidade do Vale do Paraíba (Univap).

Os engenheiros também atuam dentro dos centros cirúrgicos em casos de operações de média e alta complexidade, que utilizam equipamentos e dispositivos elétricos e eletrônicos. É da Univap o primeiro curso de graduação em Engenharia Biomédica do Brasil, inaugurado em 2001. A instituição possui um Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento com 50 laboratórios utilizados pelos estudantes da área. Além disso, há sete clínicas - Veterinária, Odontologia, Análises Clínicas, Fisioterapia, Enfermagem, Estética e Nutrição - abertas ao público. "Os alunos da graduação fazem a gestão de todo o parque tecnológico dessas clínicas. São cerca de 700 ordens de serviço por semestre, incluindo chamados para manutenção preventiva dos equipamentos ou calibração", diz ela.

Vale também pensar em otimização de procedimentos. Atualmente, trabalha-se ali, por exemplo, no desenvolvimento de uma tecnologia que possa resolver a questão da bomba de vácuo responsável pela sucção do sangue e saliva em cirurgias bucais. Embora a atual seja eficaz e imprescindível, utiliza muita água, 800 ml por minuto.

Perfil

Segundo Patrícia, o perfil do aluno que procura pela graduação em Engenharia Biomédica é aquele que adora a área médica, mas não se vê operando um paciente, e ao mesmo tempo é apaixonado por tecnologia. "Sem tecnologia, não tem saúde", diz ela.

A partir do 7º semestre, currículo do Einstein oferece Biomecatrônica e Robótica, Engenharia de Células e Tecidos, Nanobiotecnologia e IA
A partir do 7º semestre, currículo do Einstein oferece Biomecatrônica e Robótica, Engenharia de Células e Tecidos, Nanobiotecnologia e IA
Foto: Einstein / Divulgação / Estadão

Pela complexidade da missão, o engenheiro biomédico é um profissional bastante híbrido e diferenciado, na visão de Welbert Pereira, gerente de ensino e coordenador da graduação de Engenharia Biomédica do Einstein. "A depender do projeto, é preciso usar de modelagem matemática e computacional, seguida de construção de sensores e dispositivos mecatrônicos. Em outros cenários de problemas da saúde, a solução passa por engenharia de células com edição do DNA doente e construção de um órgão com bioimpressão 3D. Podemos ainda pensar numa inovação que reúne próteses de coluna com biomateriais avançados que se conectam a computadores. Enfim, a variedade e a diversidade das complicações de saúde exigem uma formação igualmente transversal."

Currículo

Para transitar nesse universo, o currículo do curso do Einstein traz disciplinas como Matemática, Física, Programação e Dados, Biologia, Anatomia e Fisiologia Humana, Biomecânica, Design, Manufatura e Instrumentação Biomédica. A partir do sétimo semestre, entram Biomecatrônica e Robótica, Engenharia de Células e Tecidos, Nanobiotecnologia e Inteligência artificial.

"O domínio tecnológico é dificilmente alcançado por profissionais da assistência separados dos que atuam nas engenharias. E o mais interessante: a união desses dois mundos (Medicina e Engenharia) no profissional da Engenharia Biomédica é mais efetiva nos projetos do que colocar juntos médicos e engenheiros, cujas ciências e linguagens encontram barreiras que prejudicam criação e inovação. O engenheiro biomédico dialoga muito bem com as Exatas, as tecnologias, a Saúde e o mercado, e isso é também um diferencial", diz Pereira. Por isso, as oportunidades no mercado estão em expansão. "Há muito investimento em healthtechs, além de empresas de tecnologia criando e crescendo seus departamentos de saúde, indústrias farmacêuticas buscando novas formas de alcançar tratamentos e curas, grandes centros de diagnóstico inovando sensores, kits de autoteste e ferramentas, além da bioinformática."

Inspiração

Foi em uma healthtec que a engenheira biomédica Thaís Veriato, de 25 anos, conquistou seu primeiro emprego, depois de se dedicar por seis anos à pesquisa. Hoje atua como trainee no departamento de pesquisa e desenvolvimento da Bright, companhia que desenvolveu a fotocêutica, uma terapia customizada de fotobiomodulação que atua no tratamento de dores e inflamações musculoesqueléticas usando inteligência artificial. "Antes, ficava dentro de um laboratório criando coisas e fazendo testes, sem ter a visão de como chegaria ao paciente. Hoje, consigo acompanhar um procedimento com o uso do dispositivo, ver o funcionamento e avaliar possíveis pontos de melhoria", conta. "Minha conversa é com o aplicador, que manuseia o dispositivo, mas acompanho o relato dos pacientes e vejo o sentido do meu trabalho."

O gosto pela profissão foi despertado depois que a mãe, que possui uma insuficiência cardíaca grave, passou por uma cirurgia para a colocação de um marca-passo, um dispositivo eletrônico. Entre a equipe multidisciplinar que a atendeu, havia engenheiros biomédicos. Ao entender, na prática, a importância desse profissional, Thaís, que até então estudava Engenharia Mecânica, resolveu migrar de curso.

"O marca-passo tem fios que são conectados ao coração e dão vida para a minha mãe. Se ela não o tivesse, poderia sofrer um impacto a qualquer momento. Sempre quis (na vida profissional) contribuir com a saúde de alguma forma. Minha mãe especificamente não vou conseguir ajudar, mas quero deixar algo para alguém no mundo", afirma a engenheira biomédica.

Olhar de gestão

O engenheiro que busca atuar em Saúde também pode optar por uma especialização em Engenharia Clínica, curso que prepara o profissional para atuar em instituições de saúde, tanto na administração das áreas de tecnologia médica quanto no gerenciamento do parque tecnológico. No Einstein, o curso tem como foco desenvolver entendimento da gestão das tecnologias médicas pela integração das disciplinas de Anatomia, Fisiologia e Instrumentação, em paralelo à apresentação ds ferramentas de suporte.

Na Unyleya, a especialização em Engenharia Clínica visa a capacitar o discente para gestão de tecnologias e serviços em ambiente hospitalar e exibir as ações de biossegurança. Oferecida na modalidade a distância, a pós tem disciplinas como Equipamentos de Esterilização, Diálise e Centro Cirúrgico, Fundamentos de Ciências da Saúde e Instalações Hospitalares.

Estadão
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