Entenda a tecnologia de pagamento autônomo, usada em lojas de roupas e supermercados
Tecnologia de etiquetas inteligentes, também conhecida por RFID, tem aplicações como registro de itens no caixa, estoque e segurança
Pode parecer mágica: você está no terminal de autoatendimento, coloca as roupas que quer comprar sobre uma superfície, a máquina lista item por item e informa o total da compra.
Mas não é. A comodidade de registrar sua compra sem ter de passar peça a peça no leitor de código de barras está cada vez mais presente em estabelecimentos comerciais brasileiros.
Isso é possível graças à tecnologia de etiqueta inteligente, também conhecida por RFID, sigla em inglês de identificação por radiofrequência.
Trata-se da mesma tecnologia adotada pelos cartões recarregáveis do transporte público e pelos serviços de pagamento automático de pedágio.
Sinal do leitor
Formada por um microchip e uma antena, presos a um substrato, que pode ser uma folha de plástico, o RFID usa ondas eletromagnéticas para identificar e rastrear objetos. Quando recebe sinal de um leitor próximo, a etiqueta envia um número de registro para o leitor.
As etiquetas usadas em roupas e outras artigos de consumo, assim como o cartão de transporte público e a tag de pedágio, são passivas. Não têm fonte de energia própria e respondem ao sinal do leitor.
Também existem etiquetas com bateria, que podem ser lidas a distâncias que chegam a centenas de metros.
Diferentemente do código de barras, que tem leitura ótica, a etiqueta inteligente só precisa estar próxima do leitor, sendo lida mesmo se não estiver visível.
Segurança e estoque
Além de permitir o registro de diversos produtos de uma vez no caixa, a tecnologia de RFID também garante a segurança as lojas, avisando se alguém tentar levar os produtos sem pagar, e melhora o controle de estoque
A Renner, por exemplo, colocou RFID em 100% dos itens vendidos em suas lojas, num projeto implementado entre 2018 e 2021. Mais de 500 milhões de produtos vendidos já receberam etiquetas, e são feitas mais de 4 milhões de leituras por dia.
Em algumas aplicações, como as lojas conceito da Amazon, o cliente não precisa nem passar por um caixa. Ao sair da loja, o valor dos produtos é imediatamente debitado do cartão registrado em sua conta.
A queda dos preços das etiquetas e a sua miniaturização tem tornado o RFID mais e mais acessível ao varejo. Uma etiqueta inteligente custa atualmente alguns centavos.
Eu to é chocadérrima com o autoatendimento da Renner, que não tem que passar nada na leitora
Tu só joga a sacola ali e ela diz tudo que você colocou e quanto que deu
— Bic Müller (@bicmuller) December 21, 2022
Rastreamento e privacidade
A tecnologia também pode ser usada para rastrear animais, como gado, ovelhas e cabras. Em 2009, pesquisadores da Universidade de Bristol colocaram microtransmissores RFID em formigas para estudar seu comportamento.
Mas também existem aplicações polêmicas do RFID, como sua implantação em seres humanos. A primeira pessoa a ter uma etiqueta inteligente implantada no corpo foi o artista norte-americano Eduardo Kac, em 1997.
Como ela pode ser lida por proximidade, a aplicação em seres humanos levanta sérias questões sobre privacidade.
Apesar de precursores da tecnologia terem sido usados na Segunda Guerra Mundial, a primeira patente foi registrada pelo inventor norte-americano Mario Cardullo em 1973, para um equipamento de pedágio.