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Entenda como Inteligência Artificial está revolucionando skincare

Apps de análise de pele mostram que algoritmos e visão computacional são capazes de diagnosticar problemas de pele

2 ago 2022 - 05h00
(atualizado às 08h46)
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Empresas têm usado inteligência artificial para sugerir produtos para solucionar problemas de pele do consumidor
Empresas têm usado inteligência artificial para sugerir produtos para solucionar problemas de pele do consumidor
Foto: Freepik

A tecnologia traz muitos avanços para a saude e a estética, e com a pele não tem sido diferente. Mas as coisas nesse campo evoluíram nos últimos anos para além dos novos produtos químicos e aparelhos desenvolvidos em testes. As empresas estão adotando inteligência artificial (IA) para encontrar a melhor abordagem para cada tipo de pele. 

A Natura anunciou em julho um aplicativo capaz de analisar a pele da pessoa com inteligência artificial e realidade aumentada. A Vichy, marca da L'oreal, também têm o app SkinConsultAI, que pretende dar diagnóstico do estado da pele por meio do smartphone. Lá fora, a startup Piction Health mantém um app qua usa IA não só para identificar e gerenciar condições de pele, mas também para diagnosticar câncer a partir das imagens.

A dermatologia, assim como a indústria de cosméticos, é uma ciência interdisciplinar. Portanto, a inteligência artificial vem como uma nova ferramenta da ciência de dados que fornece sugestões — estas, por sua vez, vêm da observação e análise das características físicas dos pacientes nos consultórios.

Como funcionam os apps de análise de pele 

Os aplicativos e plataformas de análise de pele funcionam com visão computacional, um tipo de inteligência artificial que estuda e aplica técnicas de processamento de imagens.

Segundo Álvaro Machado Dias, neurocientista professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), essas ferramentas são formadas basicamente por um identificador das diferentes partes do rosto e uma análise automática delas.

Durante a identificação, usam realidade aumentada, isto é, misturam imagens digitais com reais. Na prática, a câmera do celular é apontada para as diferentes partes do rosto do paciente, como olhos, testa e afins, e o software as reconhece. 

Depois, cada imagem é registrada e enviada para uma plataforma de computação em nuvem, em que um algoritmo classifica cada pele em função de suas características: rugas, presença de manchas, luminosidade e afins. O diagnóstico vai recomendar os produtos mais eficazes para solucionar os problemas identificados.

A validação dessas tecnologias normalmente é feita com amostras de indivíduos com diversidade de características de pele. Em seu desenvolvimento, pessoas de diferentes características testam os produtos. Após a análise dos resultados, é possível haver ajustes para chegar ao produto final e lançá-lo no mercado.

Empresas como Natura e L'oreal já lançaram seus próprios sistemas de inteligência artificial a serviço da pele
Empresas como Natura e L'oreal já lançaram seus próprios sistemas de inteligência artificial a serviço da pele
Foto: senivpetro / Freepik

Eles realmente ajudam nos cuidados com a pele?

Para Dias, a tecnologia atual facilita bastante os cuidados com a pele porque já é capaz de identificar uma série de questões cosméticas e dermatológicas mais sérias. "É inevitável que todo reconhecimento de padrões, incluindo o dermatológico, seja 100% realizado por algoritmos, já que está mais do que provado de que são no mínimo tão bons quanto os especialistas, além de serem rápidos, incansáveis e portáteis", defende.

Analista em inteligência artificial e automação em redes hospitalares, Flávio Henrique da Silva também aprova a iniciativa e diz que a IA já consegue identificar precocemente o câncer de pele (melanoma) por meio de uma regra chamada ABCD. Ela tem essa sigla porque analisa assimetria, borda, cor e diâmetro de algum sinal ou mancha suspeita.

Já Victor Infante, pós-doutor em Ciências Farmacêuticas, crê que a tecnologia pode tanto ajudar quanto dificultar. “Tenho um aparelho que diz medir a hidratação da pele. Ele é muito ruim, limitado. A técnica usada não é a ideal. Porém, muita gente usa em casa ou em clínicas de estética e ele não se baseia no mesmo princípio que usamos para testes. Sendo assim, isso pode gerar mais confusão do que dados seguros”.

Recomendações personalizadas: avanços e polêmicas

Há consenso sobre a inteligência artificial ser capaz de recomendar produtos realmente adequados para cada tipo de pele, o que é bom para clientes e empresas. Mas especialistas discordam sobre o tamanho do papel da IA neste setor.

Para Dias, os consultores e dermatologistas podem perder ao ter suas funções cada vez mais automatizadas. Silva, por sua vez, diz que essas ferramentas atuam mais como auxiliares aos profissionais de saúde, e não como seus substitutos.

A recomendação dos apps de pele funciona da mesma forma que as redes sociais, que personalizam os conteúdos que aparecem para você. Ainda que esse processo tenha pontos positivos, como mencionamos, Infante acredita que precisamos pensar nas questões éticas também. 

Uso de rostos nos apps de análise de pele abre atenção com Lei Geral de Proteção de Dados
Uso de rostos nos apps de análise de pele abre atenção com Lei Geral de Proteção de Dados
Foto: Racool studio / Freepik

Os aplicativos solicitam autorização para realizarem a análise de pele seguindo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), ou seja, pedindo acesso à câmera e tirando fotos — rostos são considerados dados sensíveis na lei. Ele pede atenção para que as empresas não façam uso indevido das imagens.

De acordo com Infante, existem discussões sobre o quanto é ético usar pesquisas com humanos para gerar dados para o consumo, e não dados que serão divididos com a comunidade científica como um todo. 

Nos últimos anos, houve um avanço da união entre as universidades e o setor privado para viabilizar essas tecnologias. "Grandes empresas estão construindo centros de inovação e as universidades estão desenvolvendo neles produtos inovadores para o setor", diz.

No entanto, um possível problema a se antecipar pode ser o racismo algorítmico, ou seja, a classificação incorreta de pessoas em relação à cor. Big techs como Twitter e Google tiveram problemas nos últimos anos com seus algoritmos, que discriminaram pessoas de pele negra em escolhas de imagens. As empresas fizeram correções após as críticas. 

Fonte: Redação Byte
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