Entrevistas de emprego falsas com uso de deepfake estão em alta no Brasil
Técnica de manipulação de vídeos com inteligência artificial avançou bastante nos últimos anos e está mais acessível, inclusive para os bandidos
O deepfake é um ótimo exemplo de como a tecnologia avançou rapidamente a um patamar que há 20 anos era mais próximo da ficção científica. A manipulação de vídeos com ajuda da inteligência artificial consegue consegue substituir o rosto de pessoas de uma forma que fica até difícil saber se é um programa de computador ou face original — com direito a voz e maneirismos de alta fidelidade. O problema é que essa técnica também tem sido usada em fraudes.
Os cibercriminosos vêm ampliando o uso de deepfakes em golpes nos últimos anos. De troca de rostos para explorar a imagem de celebridades em filmes eróticos, passando por criação de identidades falsas, até uso da face de uma pessoa morta para continuar recebendo benefícios, as fraudes vêm se multiplicando em várias frentes. E uma das que vem aparecendo com mais frequência ultimamente é o uso dessa técnica em falsas entrevistas de emprego.
O alerta vem de Alexandre Nery, gerente de soluções de autenticação e prevenção a fraude da Serasa Experian, durante evento organizado por Mobile Time nesta quarta-feira (19). O especialista destacou que 80% das tentativas de golpes no Brasil ocorrem na validação de identificação, e que 5% delas já estão relacionadas ao deepfake.
Segundo Nery, o deepfake progrediu rapidamente. No começo, era necessário um conhecimento mais profundo sobre inteligência artificial, além de um hardware mais poderoso para rodar. Agora, há várias opções de softwares de código aberto, e, embora ainda seja necessário um computador com placa de vídeo e processador avançado, o uso dessa técnica está mais perto de qualquer um que quiser usar — a configuração mínima é de máquinas na faixa de R$ 15 mil e há vários tutoriais na web ensinando a utilizar.
Mas vale destacar também que, além de promover a evolução da inteligência artificial com material audiovisual — o que contribui com outras áreas ligadas a esses temas —, o deepfake pode ser usado de maneiras interessantes nas artes e no entretenimento — é possível, por exemplo, rejuvenescer e até "ressuscitar" atores em um filme.
E já há um próximo passo para essa tecnologia: a conversão de texto em imagem por meio de padrões abertos, como o Dall-E2, Midjourney AI e Meta AI text-to-video.
Como você pode se proteger das fraudes com deepfakes?
Ainda não há exatamente formas certeiras de se defender completamente, já que, em muitos casos, a manipulação é muito elaborada. Nery afirma que o importante é manter várias ações de proteção, como análise de documento, verificação de dispositivo, informações de cadastro e dados históricos do usuário, além de biometria.
As defesas mais apropriadas atualmente contra as fraudes de deepfake, segundo o especialista, são device intelligence, para chegar a confiabilidade do aparelho; media compliance, que analisa se o dado gerado pelo celular é confiável; algoritmos para verificar se alguma regra dado invalida a informação; e inteligência artificial com modelos de aprendizado de máquina, que já conseguem ser um "antideepfake", fazendo uma varredura detalhada para conferir a veracidade do conteúdo.
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