Equipe com brasileiros revela rosto digital do faraó egípcio Tutancâmon
Faraó Tutancâmon, da 18ª dinastia, tinha queixo "recuado" e volume cerebral acima da média dos homens modernos
O rosto do faraó Tutancâmon ganhou uma nova aproximação facial graças ao trabalho de uma equipe que continha dois brasileiros: o designer 3D Cicero Moraes, do grupo Arc-Team, e Thiago Beaini, professor de Odontologia Legal na Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
O estudo com as imagens do rosto do líder milenar foi publicado na edição de junho da revista Italian Journal of Anatomy and Embryology e também está disponível na plataforma ResearchGate.
Os pesquisadores usaram o software Blender 3D para fazer a aproximação facial. A partir de dados sobre o crânio de Tutancâmom, produziram dois modelos: um mais objetivo, em preto e branco, e um colorido, com estimativas de tom de pele baseadas em um outro estudo de 2005.
O desafio adicional, contam os pesquisadores, foi fazer toda a reconstrução sem ter acesso físico ao corpo do faraó, trabalhando com registros divulgados por outras pesquisas e com o crânio de um doador.
"'Com os dados de proporção e algumas medidas cefalométricas importantes, foi possível pegar o crânio digital de um doador virtual e ajustá-lo para que se tornasse o crânio de Tutancâmon", diz o Moraes, o designer brasileiro, ao portal The Daily Mail.
Eles pontuam que, para evitar a polêmica do embate entre o que é arte e o que tem embasamento científico em processos de reconstrução facial, eles decidiram seguir com o termo "aproximação". Há "pouco espaço para intervenções subjetivas por parte dos pesquisadores", dizem.
Segundo os pesquisadores, Tutancâmon tinha retrognatismo mandibular, que visualmente causa a sensação de um queixo "recuado".
"Para mim, ele parece um jovem com um rosto delicado. Olhando para ele, vemos mais um jovem estudante do que um político cheio de responsabilidades, o que torna a figura histórica ainda mais interessante", comenta Moraes.
O volume do cérebro do egípcio era de 1.431,21 cm³, sendo maior do que o volume cerebral do homem médio moderno (1.233,58 cm³).
Outro trabalho de Moraes
O mesmo designer brasileiro foi responsável por liderar uma equipe que reconstituiu o rosto de um combatente medieval que morreu, provavelmente, em decorrência de um brutal golpe de machado na cara.
Ele participou da Batalha da Gotlândia, em 1361, na qual fazendeiros suecos enfrentaram o exército dinamarquês. Após 660 anos, podemos rever como era um dos participantes do sangrento conflito.
Sem identificação, o homem teve seu crânio estudado com fotogrametria e escaneado por uma equipe de arqueologistas: seus restos haviam sido enterrados próximos ao campo de batalha improvisado onde tudo ocorreu.
Com uma rachadura que vinha da parte inferior da mandíbula, abaixo de onde se encaixam os dentes, e ia até a cavidade onde o nariz ficava, a caveira chamou a atenção de Moraes, que buscou fazer a reconstrução do homem.