Escritor diz que IA vai forçar o surgimento de uma classe de inúteis em 2050
No futuro, a crise do emprego não vai passar apenas pela economia e falta de investimento. Com a evolução da tecnologia, esse cenário pode crescer ainda mais, no momento em que muitas tarefas deixem de ser executadas por humanos.
Esse é o raciocínio do escritor Yuval Noah Harari, que escreveu um artigo para o jornal inglês The Guardiam em que lançou a seguinte ideia: até o ano de 2050, vai aparecer uma nova categoria de pessoas - a dos inúteis.
Professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e autor de dois livros que estão fazendo muito sucesso no Brasil, Sapiens — Uma Breve História da Humanidade e Homo Deus — Uma Breve História do Amanhã (ambos lançados pela Companhia das Letras), Harari define essa nova classe como "pessoas que não serão apenas desempregadas, mas que não serão empregáveis".
O desenvolvimento da inteligência artificial terá papel fundamental nessa previsão, segundo o escritor. A tecnologia vai forçar o nascimento de novas profissões, mas o problema é que nem todos vão conseguir se reinventar e encontrar um espaço na nova ordem das coisas. Com isso, se tornarão profissionais que não conseguem se reinserir no mercado de trabalho, pois a tecnologia vai mudar a forma como tudo é produzido, gerenciado e distribuído.
Vida no mundo virtual
Entre as profissões que vão surgir baseadas no desenvolvimento da inteligência artificial está o designer do mundo virtual. Como a tecnologia se atualiza rapidamente, quem não estiver preparado para ela desde o início da carreira profissional pode não ter condições de se adaptar a essa agilidade.
Segundo Harari, um corretor de seguro pode fazer uma transição para o mundo virtual, mas o seu progresso será lento a tal ponto que, quando ele estiver apto, talvez tenha que se reinventar novamente pois a tecnologia já avançou.
Portanto, para o escritor, a questão não é criar novos empregos, mas sim criar empregos em que os humanos possam ter desempenho melhor do que algoritmos.
Possíveis soluções
Como possível solução, ele propõe um sistema de renda básica universal, mas o próprio Harari vê algumas limitações neste momento: como manter essas pessoas ocupadas e satisfeitas? "As pessoas devem se envolver em atividades com algum propósito, ou vão ficar loucas. Afinal, o que a classe inútil irá fazer o dia todo?", questiona.
Outra solução apresentada pelo escritor são os games de realidade virtual em 3D, que poderiam proporcionar mais engajamento emocional do que a vida real. Ele compara essa tecnologia com as religões: "Se você reza todo dia, ganha pontos. Se você se esquece de rezar, perde pontos. Se no fim da vida você ganhou pontos o suficiente, depois que morrer irá ao próximo nível do jogo (também conhecido como céu)".
A inteligência artificial está cada vez mais presente nas nossas vidas, e o que Harari aponta é que essa tecnologia deverá aumentar sua presença no cotidiano. A casa conectada, a Internet das Coisas, assistentes virtuais... tudo isso começa ser algo comum.
Se o mundo virtual ou os games em 3D serão a solução, ainda é cedo para saber. Enquanto isso, vamos acompanhando a tecnologia que a cada dia chega com novidades potencialmente capazes de transformar o mundo em que vivemos.