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Especialista da Unesco afirma que falta apoio ao professor

Para Francésc Pedró, professor precisa de apoio e não de tablets

25 nov 2014 - 18h23
(atualizado às 18h45)
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<p>Os docentes devem criar bem suas ações em sala e para isso devemos dar mecanismos a eles, aquilo que eles realmente precisam, afirma Francésc Pedró</p>
Os docentes devem criar bem suas ações em sala e para isso devemos dar mecanismos a eles, aquilo que eles realmente precisam, afirma Francésc Pedró
Foto: Cris Torres-Seeduc/RJ / Divulgação

Ajudar os professores é dar apoio a eles e não dar dispositivos tecnológicos, é o que afirma o espanhol Francésc Pedró, chefe da divisão de políticas setoriais, tecnologia e educações da Unesco.

Em entrevista ao Terra, o especialista em educação compartilhou o conteúdo de sua palestra realizada em um seminário internacional realizado em São Paulo nesta terça-feira.

Na palestra, Pedró apresentou informações de um estudo sobre o uso da tecnologia na educação no Brasil, Chile, México, Espanha, Peru e Espanha, e abordou até que ponto a tecnologia pode evoluir no setor nessas regiões.

“Temos detectado uma grande entrada de tecnologia na educação. Como a programação (de informática) nas aulas de matemática por parte da robótica. No segundo ponto, das experiências que mostramos, percebemos que a tecnologia já está sendo levada a níveis mais básicos da educação”, afirma o especialista.

<p>Sala de aula da Escola Estadual Padre Antônio Jorge Lima, em Bauru</p>
Sala de aula da Escola Estadual Padre Antônio Jorge Lima, em Bauru
Foto: Facebook / Reprodução

“O terceiro ponto é escalar e generalizar as experiências. Vimos que é preciso dar apoio aos professores. Muitas das politicas públicas focam na distribuição de dispositivos de tecnologia (tablets). Como podemos ajudá-los a fazer um bom trabalho?”, questiona Pedró. “No Brasil, quantos professores protestam por estes dispositivos? Nenhum! Isto não é necessidade do professor, são apenas respostas e formas de trabalho na sala de aula”.

Ele ainda ressalta a necessidade de melhoria dos salários dos professores, englobando não apenas as horas em aula, mas também pagando o tempo que um professor prepara a aula.

“Para ser um docente de melhor qualidade é preciso pagar não só as aulas, os momentos com os alunos, mas as horas de preparo das aulas, as pesquisas feitas, enfim, o tempo dedicado fora da sala de aula”, afirma o espanhol.

Tecnologia na sala de aula

O especialista da Unesco ainda aponta que não são apenas dispositivos - como tablets e celulares, computadores, lousas digitais - que podem fazer mudanças em salas de aulas, mas, sim, as ações ligadas a essas tecnologias. Ele cita como exemplo usos da tecnologia em países da Europa, e diz que precisa não apenas de computador e internet, mas da interação dos alunos.

<p>Projeto Loon do Google, sala de aula foi conectada pela primeira vez à internet graças aos balões de internet</p>
Projeto Loon do Google, sala de aula foi conectada pela primeira vez à internet graças aos balões de internet
Foto: Google Loon / Divulgação

“Nas ciências já é muito evidente, com as simulações de física e química em computadores. Na matemática, também com a programação e a robótica. Nas ciências sociais e nas línguas, já existem exemplos de escolas que estão conectadas pela internet, grupos escolares em países distintos”, exemplificou o especialista. “É um enorme incentivo para treinar o inglês, além de realizar uma integração social e a criação de uma sociedade cientifica”.

“Os próprios estudantes atuam em parceria, com seus celulares e outros dispositivos móveis. Eles mostram os problemas hoje em suas comunidades, na Europa. Com isso, estamos criando cidadãos que estão tomando consciência dos problemas”, completa Pedró.

Revolução na educação

Sobre a possibilidade de a tecnologia ajudar a revolucionar a educação, Francésc Pedró afirma que a possibilidade de ter uma nova revolução (na educação) existe, mas está “mais na retórica do que na realidade”.

“A tecnologia pode dar a possibilidade de outro tipo de escola. Mas temos muitos empecilhos. A aceitação dos pais, das escolas, as políticas de ensino. Enfim, é uma série de coisas que não permitem reinventar a escola de cima abaixo”, disse Pedró.

Por outro lado, alguns exemplos já são citados pelo especialista da Unesco, como a escola online Khan Academy.

“A Khan Academy é um exemplo mais clássico de uso da tecnologia na academia. Mas é um impacto muito limitado. Eles trabalham o conceito da classe invertida, em que o aluno leva o estudo para a casa por meio da internet e vídeos (no YouTube). É um paradigma do uso da tecnologia para milhões de pessoas”, explica o espanhol, que também cita os Moocs (massive open online course ou curso online aberto massivo, em tradução livre) também como “bons exemplos” de tecnologia na educação.

Porém, ele afirma que na sala de aula ainda não há grandes exemplos “massivos”. Isto devido a cada docente ter seu próprio meio de “ensinar, entender a necessidade e a cultura do aprendizado de seus alunos”.

“Os docentes devem criar bem suas ações em sala e para isso devemos dar mecanismos a eles, aquilo que eles realmente precisam”, completa.  

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Fonte: Terra
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