Especialistas se preocupam com nova IA de buscas do Google; entenda
AI Overview poderá ser personalizado para cada usuário e vai oferecer suporte para perguntas mais complexas
O Google lançou nesta segunda-feira (20) o recurso AI Overview, baseado em inteligência artificial generativa. A tecnologia — por enquanto em operação nos Estados Unidos — vai permitir que os resultados de busca sejam acompanhados por resumos e imagens explicativas. No entanto, a ferramenta traz preocupação para alguns especialistas.
O AI Overview também poderá ser personalizado para cada usuário e vai oferecer suporte para perguntas mais complexas. O usuário poderá incluir informações sobre vários aspectos em uma mesma pesquisa.
"Descobrimos que, com AI Overviews, as pessoas usam mais a busca e ficam mais satisfeitas com seus resultados", diz Liz Reid, chefe de pesquisa no Google, no blog da empresa.
Reid também afirma que, com a nova solução, as páginas que aparecem dentro do novo modelo recebem mais cliques do que se aparecessem nas listagens tradicionais.
"À medida que expandimos essa experiência, continuaremos a nos concentrar no envio de tráfego valioso para editores e criadores", diz Reid. "Como sempre, os anúncios continuarão a aparecer em slots dedicados em toda a página, com rotulagem clara para distinguir entre resultados orgânicos e patrocinados."
A empresa espera que o serviço atinja centenas de milhões de usuários até o final desta semana e um bilhão de pessoas até o final do ano.
Riscos
O AI Overviews pode reduzir os cliques em links de outras fontes, gerando impacto em veículos jornalísticos, pontua o cientista-chefe do Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, Ronaldo Lemos, em entrevista à Folha.
Já o professor de economia da Universidade de Houston, Haaris Mateem, diz que a prática do Google de "pegar só o creme" —trata-se de uma tática comercial de restringir o acesso à parte mais lucrativa de um setor econômico.
"Isso reduz ainda mais as chances de um criador ganhar dinheiro com os artigos ou vídeos que produzir", diz Mateem à Folha.
Para a professora Anya Schiffrin, diretora de tecnologia, mídia e comunicações da Universidade Columbia em Nova York, as gigantes da tecnologia, como o Google, se aproveitam do controle que detêm sobre os dados para obter vantagens no mercado e, por isso, não compartilham informação.
Poder das big techs
O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) divulgou, em dezembro de 2023, o resultado da Consulta sobre Regulação de Plataformas Digitais, que aponta, entre outras problemáticas, a concentração de dados e poder econômico das big techs no Brasil.
O documento traz um mapeamento dos riscos oferecidos pelas atividades exercidas pelas plataformas digitais e as medidas regulatórias sugeridas como potencialmente capazes de mitigar esses riscos.
Entre os tópicos que receberam maior atenção, sobressaíram os relacionados a riscos e medidas de mitigação associadas à concentração econômica e de dados e a moderação de conteúdos. Leia mais aqui.