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Esta empresa inventou uma cápsula inteligente para suicídio assistido

Com ajuda da AI, pacientes que desejam morrer devem responder a perguntas e apertar o “botão”; prática levanta discussão sobre ética

13 out 2022 - 15h09
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Conceito de Sarco, uma cápsula que poderia produzir uma rápida diminuição do nível de oxigênio
Conceito de Sarco, uma cápsula que poderia produzir uma rápida diminuição do nível de oxigênio
Foto: Divulgação

A inteligência artificial (IA) já é parte da vida de grande parte da população, de aplicativos de celular a carros. Agora, uma organização sem fins lucrativos, chamada Exit International, quer trazê-la para a morte — uma cápsula em formato de caixão permite que um indivíduo pratique a eutanásia em ajuda de terceiros.

O equipamento, chamado Sarco, é o terceiro protótipo que a Exit International imprimiu e instalou em 3D. O número um foi exibido na Alemanha e na Polônia. “O número dois foi um desastre”, disse Philip Nitschke, conhecido como "Doutor Morte". Agora ele corrigiu os erros de fabricação e está pronto para lançar: “Este é o que será usado”.

Selado dentro da máquina, uma pessoa que escolheu morrer deve responder a três perguntas: Quem é você? Onde está você? E você sabe o que acontecerá quando você pressionar esse botão? Em seguida, o Sarco vai encher com gás nitrogênio e o ocupante vai desmaiar em menos de um minuto e morrer por asfixia em cerca de cinco. 

No Brasil, não há ainda nenhuma inciativa do tipo e a eutanásia é proibida. Se você estiver precisando de ajuda, saiba que existem centros especializados e gratuitas de prevenção ao suicídio (ler no final da reportagem).

“Desmedicalizar a morte”

Desmedicalizar a morte é um plano de 25 anos de Nitschke. Ele quer tornar o suicídio assistido o mais desassistido possível, dando às pessoas que optaram por se matar autonomia e “dignidade em seus momentos finais”. "Você realmente não precisa de um médico para morrer", disse o "Doutor Morte" em um comunicado. 

“Eu não queria sentar lá e dar a injeção. Se você quiser, aperte o botão”, disse Nitschke.

A morte assistida é autorizada em alguns países, e o caso mais recente é do cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard, que morreu no dia 13 de setembro, por suicídio assistido, conforme comunicou o jornal francês Liberation, a partir de informações da família. 

Na maioria dos EUA, isso só pode ser aplicado em casos de doenças terminais e incuráveis, que geram sofrimento insuportável ao paciente. Na Suíça, onde morreu Godard, essas condições não são necessariamente pré-requisitos. Lá, a interpretação de "sofrimento insuportável" é mais ampla. 

“Ainda existe a crença de que, se uma pessoa está pedindo para morrer, ela tem algum tipo de doença mental não diagnosticada”, afirmou Nitschke. “Que não é racional para uma pessoa buscar a morte.”

Para isso, o médico apresenta uma solução: a Exit International está trabalhando em um algoritmo que Nitschke espera que permita às pessoas realizar uma espécie de autoavaliação psiquiátrica em um computador. 

Se uma pessoa passar nesse teste online, o programa deve fornecer um código de quatro dígitos para ativar o Sarco. “Esse é o objetivo”, diz Nitschke. “Dito tudo isso, o projeto está se mostrando muito difícil.” 

Inteligência artificial na morte

Em alguns locais, a inteligência artificial é usada para triagem e tratamento de pacientes em um número crescente de áreas de saúde. À medida que os algoritmos se tornam uma parte cada vez mais importante do cuidado, é necessário garantir que seu papel seja limitado a decisões médicas, não morais.

Agora, a pressa em automatizar levanta grandes questões sem respostas fáceis, dizem os pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Perguntas como: “Que tipo de decisão é apropriada usar um algoritmo para fazer? Como esses algoritmos devem ser construídos? E quem tem uma palavra a dizer sobre como eles funcionam?”.

Nitschke tem a distinção de ser a primeira pessoa a administrar legalmente uma injeção letal voluntária em outro ser humano. O primeiro paciente dele, um carpinteiro de 66 anos chamado Bob Dent, que sofria de câncer de próstata há cinco anos, explicou sua decisão em uma carta aberta: “Se eu mantivesse um animal de estimação nas mesmas condições em que estou, seria processado”.  

O médico queria apoiar as decisões de seus pacientes. Mesmo assim, ele estava incomodado com o papel que eles estavam pedindo para ele — então, desenvolveu uma máquina para tomar o seu lugar. A máquina era um computador conectado a uma seringa. O Sarco é uma iteração desse dispositivo original, que mais tarde foi adquirido pelo Science Museum em Londres.

Onde buscar ajuda?

  • O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias. A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, é gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular;
  • CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde);
  • UPA 24H, SAMU 192, Pronto-Socorro e Hospitais.
Fonte: Redação Byte
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