Script = https://s1.trrsf.com/update-1727287672/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Estamos perto de saber real impacto da humanidade nas camadas da Terra

Cientistas revelam descobertas sobre o período Antropoceno; há debate sobre se esse período deveria fazer parte da formação do planeta

10 jul 2023 - 12h43
(atualizado às 15h02)
Compartilhar
Exibir comentários
Os períodos geológicos da Terra são marcados pelas rochas e grandes eventos: podemos estar prestes a ganhar um período dedicado aos efeitos dos humanos no planeta com o Antropoceno (Imagem: Goinyk/Envato)
Os períodos geológicos da Terra são marcados pelas rochas e grandes eventos: podemos estar prestes a ganhar um período dedicado aos efeitos dos humanos no planeta com o Antropoceno (Imagem: Goinyk/Envato)
Foto: Canaltech

Um grupo de geólogos e outros cientistas trabalham em uma missão de grande importância desde 2009. E ela deve se encerrar nesta terça-feira (11), quando a equipe entregará a localização do ponto zero do Antropoceno, a época geológica em que a humanidade passou a tomar conta do planeta.

O Grupo de Trabalho do Antropoceno foi criado para estudar a linha do tempo geológica da Terra para responder a algumas perguntas.

A primeira seria algo como: uma escavação nas camadas de rochas e sedimentos da Terra daqui a um milhão de anos mostraria uma assinatura humana distinta o suficiente para marcar um limite geológico claro?

O Grupo de Trabalho concluiu que as atividades humanas expulsaram o planeta — e seus habitantes — da estabilidade da época do Holoceno, que começou há 11.700 anos, quando a última era glacial terminou.

O limiar para a "época dos humanos" proposto pela primeira vez em 2002 pelo Nobel de Química Paul Crutzen, disseram os estudiosos, deveria ser em meados do século 20.

Nesta época houve um aumento acentuado de diversos fatores causados pelos humanos. Concentração de gases de efeito estufa, poluição microplástica, espécies invasoras, vestígios radioativos de testes de bombas atômicas e outros marcadores da nossa espécie se somaram ao que os cientistas agora chamam de Grande Aceleração.

Também resta outra questão: qual o único depósito de lago, recife de coral, núcleo de gelo ou outro repositório geológico de evidência que melhor personifica o Antropoceno?

O "vencedor" será anunciado na terça-feira em coletivas de imprensa conjuntas na Max Planck Society em Berlim e em uma reunião de cientistas do grupo de trabalho em Lille, na França.

Uma mudança de paradigma

O fruto das longas pesquisas do Grupo de Trabalho do Antropoceno agora deve ser validado por um grupo de cientistas céticos da Comissão Internacional de Estratigrafia (ICS) e da União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS).

No entanto, as chances disso acontecer são pequenas por conta de diferenças entre os cientistas. Alguns geólogos questionam se o Antropoceno merece ser incluído na Carta Cronoestratigráfica Internacional, a linha do tempo oficial de 4,6 bilhões de anos do planeta. A justificativa, dizem eles, é que a teoria não atende aos critérios técnicos, mesmo reconhecendo uma ruptura com o passado.

Ao mesmo tempo, marcar o fim do Holoceno e o início de uma nova época nos forçaria a refletir sobre o impacto devastador da humanidade. Pela primeira vez na história da Terra, uma única espécie não apenas mudou radicalmente a morfologia, a química e a biologia do planeta, mas está ciente disso.

Crutzen, que ganhou um Nobel por identificar os produtos químicos produzidos pelo homem que destroem a camada protetora de ozônio, esperava que o conceito e a realidade do Antropoceno concentrassem as mentes nos desafios futuros.

“Pode muito bem ser uma mudança de paradigma no pensamento científico”, disse ele em um simpósio em 2011, segundo o portal de ciências Phys.Org.

"É o reconhecimento de que, 'Oh meu Deus, temos pontos de inflexão. Oh meu Deus, o Holoceno é o único estado que pode nos apoiar'", disse à AFP Johan Rockstrom, chefe do Instituto Potsdam de Pesquisa do Impacto Climático.

"A mudança de paradigma é a percepção de que estamos saindo do Holoceno e entrando no Antropoceno."

Outros cientistas, no entanto, permanecem não convencidos e seguem fazendo lobby contra o Antropoceno ser adotado como uma época formal da formação da Terra.

"As condições que provocaram a glaciação" - uma dúzia de mini-eras glaciais nos últimos milhões de anos - "não mudaram, então podemos esperar que o Holoceno seja simplesmente outro interglacial", disse Phil Gibbard, secretário do ICS, ao Podcast "Geology Bites" no ano passado.

Ele sugeriu que o planeta poderia continuar nesse padrão por mais 50 milhões de anos.

Quanto ao Antropoceno, Gibbard sugeriu chamá-lo de um "evento" que abrange milênios de alterações humanas no meio ambiente.

Para Jan Zalasiewicz, um geólogo experiente que aceitou o desafio de liderar o Grupo de Trabalho do Antropoceno em um campo minado de resistência por mais de uma década, isso não é bom o suficiente.

A falha em ratificar formalmente o conceito, disse ele, deixaria a impressão de que as condições do Holoceno que permitiram o florescimento da civilização humana ainda existem.

 "Estou preocupado pois, se a palavra 'Antropoceno' continuar a significar coisas diferentes para pessoas diferentes, ela perderá seu significado e simplesmente desaparecerá", disse à AFP. 

Fonte: Redação Byte
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Seu Terra












Publicidade