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Estimulação elétrica faz pessoas voltarem a andar; entenda como

Pesquisadores do grupo suíço NeuroRestore descobriram quais neurônios são ativados para que isso aconteça

10 nov 2022 - 16h23
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O trabalho concluiu que lesões na medula espinhal podem interromper a cadeia de sinais do cérebro, nos impedindo de andar mesmo quando esses neurônios lombares ainda estão intactos
O trabalho concluiu que lesões na medula espinhal podem interromper a cadeia de sinais do cérebro, nos impedindo de andar mesmo quando esses neurônios lombares ainda estão intactos
Foto: NeuroRestore

Já era sabido que a estimulação elétrica é capaz de fazer pessoas com graves lesões medulares voltarem a andar. Porém, até o momento, o que ainda não se tinha descoberto é a forma que isso era possível. Com a remodelação de um experimento em camundongos, feita pelo grupo NeuroRestore, de pesquisadores suíços, agora parece que estamos mais próximos de uma resposta. 

Uma pesquisa feita por Fabien B. Wagner, Jean-Baptiste Mignardot e vários outros cientistas, publicada na revista Nature em 2018, buscou voluntários que sofreram paralisia grave ou completa por conta de danos na medula espinhal. Eles tiveram melhorias imediatamente, e seguiram tendo resultados positivos cinco meses depois. 

Para entender que tipo de neurônio estava sendo ativado e remodelado pela estimulação da medula espinhal, o grupo NeuroRestore agora realizou um estudo com camundongos. A nova pesquisa também foi publicada este ano na Nature.

O trabalho concluiu que lesões na medula espinhal podem interromper a cadeia de sinais do cérebro, nos impedindo de andar mesmo quando esses neurônios lombares ainda estão intactos. Como não conseguem receber comandos, esses neurônios se tornam não funcionais e podem levar à uma paralisia permanente das pernas. 

Testes por estímulos 

A neurocientista do Instituto Federal Suíço de Tecnologia lausanne (EPFL) Claudia Kathe testou com seus colegas uma tecnologia chamada estimulação elétrica peridural em nove indivíduos, assim como é feito em modelos animais. 

No experimento, a medula espinhal foi estimulada por um neurotransmissor implantado por meio de cirurgia. Ao mesmo tempo, os pacientes foram submetidos a uma neuroreabilitação intensa, com um sistema de suporte robótico que auxiliava os movimentos em várias direções.

Depois de cinco meses de exercícios de estimulação e reabilitação, quatro a cinco vezes por semana, todos os voluntários conseguiram andar com a ajuda de um andador. 

Buscando as explicações para isso, os pesquisadores notaram que os pacientes demonstraram uma redução da atividade neural na medula espinhal lombar enquanto caminhavam. Para os cientistas, isso significa que a atividade está sendo refinada para um subconjunto específico de neurônios, necessários para caminharmos. 

Courtinea Dyani Lewis afirma que “no cérebro, quando você aprende uma tarefa, é exatamente isso – há cada vez menos neurônios ativados" à medida que você melhora nela, disse no artigo.

Visualização de neurônios estimulados
Visualização de neurônios estimulados
Foto: NeuroRestore

Foi com base nisso que Kathe e sua equipe remodelaram esse processo em camundongos e usaram uma combinação de sequenciamento de RNA e transcrição espacial (técnica que permite medir e mapear atividade genética em tecidos específicos).

Eles viram que uma única população de neurônios – desconhecida até então – pode assumir o controle depois de uma lesão, e ela é encontrada dentro da lâmina média da medula espinhal lombar.

As células desse tecido não parecem ser essenciais para fazer animais saudáveis andarem, mas parecem essenciais para a recuperação após uma lesão espinhal. Destruí-las impediu que os ratos se recuperassem. 

Esta é apenas uma, mas muitas descobertas ainda são necessárias. No entanto, escreveram os pesquisadores, essa novidade pode ajudar em mais opções de tratamento e mais qualidade de vida para pessoas com esse tipo de lesões. 

Fonte: Redação Byte
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