Estímulos ao nervo vago podem combater os efeitos inflamatórios da covid-19
Cientistas austríacos desenvolveram uma tecnologia que estimula o nervo vago, evitando efeitos inflamatórios do corpo causados pela covid-19
Cientistas descobriram que estímulos ao nervo vago têm efeitos anti-inflamatórios no corpo que podem combater a resposta inflamatória causada pela covid-19. O nervo vago se estende do cérebro para a maioria dos nossos órgãos, e age regulando os reflexos anti-inflamatórios do organismo. Se a regulação, no entanto, gerar uma resposta muito fraca, isso pode causar inflamações excessivas e afetar a regeneração do próprio corpo.
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Sistemas auriculares de estímulo ao nervo vago (aVNS), então, podem ser utilizados para restaurar o equilíbrio entre a resposta inflamatória protetiva inicial e permitir que o processo de regeneração funcione de forma devida. Teorias já previam que essa técnica poderia ajudar em casos severos de covid-19 em 2020, o que foi testado por uma equipe de cientistas da Universidade Tecnológica de Viena.
Impedindo o corpo de se machucar
De acordo com o estudo elaborado pelos pesquisadores, o sistema aVNS consegue não apenas parar a reação inflamatória dos pacientes, mas até mesmo reverter essa ação, impedindo que a resposta do corpo faça mais dano a si do que a própria infecção pelo SARS-CoV-2. Mas a terapia é realmente bem-sucedida devido às adaptações feitas de acordo com o organismo do paciente.
Se um sistema aVNS manda impulsos elétricos constantemente, pode acabar causando efeitos adversos, como dor, além de consumir muito mais energia: é preciso fazer com que ele reaja individualmente ao paciente, enviando estímulos apenas quando necessário.
Para isso, os pesquisadores desenvolveram um sistema de ciclos fechados que só estimula o nervo vago quando o cérebro está "ouvindo", ou seja, quando o coração se contrai e o sangue flui para as veias, ou quando o paciente exala o ar. Assim, estímulos muito fortes ou muito fracos podem ser evitados, o que acontece com frequência quando se abusa do aVNS.
E como monitoramentos de medidas simples do sistema funcionam apenas para o passado (não sendo possível tirar medidas instantâneas do presente), foi necessário trabalhar com simulações preditivas. O aVNS foi adaptado para trabalhar com o sistema parassimpático do organismo, sistema de feedback do corpo, que o permite medir sinais biológicos e enviar os estímulos apenas quando necessário, como uma pílula elétrica inteligente.
Desde 2020, os estudos evoluíram para conseguir aplicar as tecnologias necessárias para a terapia. Em maio deste ano, os cientistas responsáveis publicaram um artigo detalhando o procedimento e seus benefícios no periódico científico Analog Integrated Circuits and Signal Processing.
Fonte: Analog Integrated Circuits and Signal Processing, Frontiers
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