Estudo mostra aumento de anúncios negativos nas redes sociais após atentado contra Trump
Anúncios foram classificados como negativos por utilizarem linguagem de ataque e hostilidade contra os candidatos
Um estudo recente da Universidade de Syracuse (EUA) revelou um aumento no número de anúncios negativos nas redes sociais após a tentativa de assassinato do ex-presidente e candidato Donald Trump, em julho. O estudo, conduzido pelo projeto ElectionGraph, parte do Instituto de Democracia, Jornalismo e Cidadania (IDJC), monitorou a presença de desinformação durante a corrida presidencial dos EUA, com um foco especial em anúncios hostis veiculados no Facebook e no Instagram.
A pesquisa, que teve apoio da plataforma de análise de dados Neo4j, apontou que aproximadamente 5 milhões de dólares foram gastos em anúncios que envolvem potenciais fraudes de cartão de crédito, o que corresponde a 4% do total de gastos em campanhas publicitárias por organizações externas.
Segundo os pesquisadores, os anúncios foram classificados como negativos por utilizarem linguagem de ataque e hostilidade contra os candidatos. O estudo também revelou a existência de padrões de comportamento "inautêntico" em algumas páginas que disseminam desinformação, com o intuito de enganar o público.
Entre setembro de 2023 e agosto de 2024, a chapa democrata (inicialmente Biden-Harris, depois Harris-Walz) superou os gastos da campanha de Trump em uma proporção de 10 para 1, investindo cerca de 50 milhões de dólares contra 5 milhões da campanha republicana nas plataformas da Meta.
No estado da Pensilvânia, essa diferença foi ainda mais expressiva, alcançando 12 para 1. No entanto, Trump superou os democratas em anúncios classificados como "incivil", com uma proporção de 5 para 1.
Impacto na percepção dos eleitores
A análise também revelou que, em termos de impressões, o Partido Democrata alcançou cerca de 1 bilhão de visualizações nas redes sociais, comparado a 250 milhões para o Partido Republicano. Esses números não incluem os gastos de Trump em sua própria rede social, Truth Social, ou em outras plataformas como X (antigo Twitter).
Além disso, cerca de 3.500 páginas do Facebook, administradas por organizações externas, investiram 55 milhões de dólares nos últimos 12 meses para influenciar a opinião pública.
Pesquisa
Os pesquisadores utilizam a tecnologia da Neo4j para rastrear a origem de dados e identificar possíveis campanhas de desinformação, proporcionando uma visão mais clara de como a desinformação é disseminada nas plataformas digitais.
Um dos principais desafios encontrados pelo estudo é a dificuldade em monitorar plataformas como TikTok e Snapchat, que não oferecem acesso público a dados de anúncios.
Jennifer Stromer-Galley, pesquisadora principal do projeto, afirmou estar preocupada com o impacto da desinformação nas redes sociais: “Esses anúncios parecem legítimos, mas estão repletos de falsidades e deepfakes, poluindo ainda mais o ambiente de informação e enganando os eleitores”. A tecnologia da Neo4j, segundo o cientista chefe Jim Webber, é fundamental para identificar esses padrões complexos de manipulação, que seriam difíceis de detectar sem o uso de ferramentas avançadas.