EUA vivem crise de solidão tão nociva à saúde quanto 15 cigarros por dia
Estudo do cirurgião geral dos EUA aponta os impactos da solidão na nossa saúde; Vivek Murthy diz que ele mesmo é vítima disso
Os Estados Unidos enfrentam uma epidemia de solidão tão perigosa quanto o hábito de fumar 15 cigarros por dia, afirmou o cirurgião-geral dos Estados Unidos, Vivek Murthy, uma das autoridades na área da saúde no país.
O gabinete do cirurgião geral dos EUA — que, por sua vez, é o porta-voz em assuntos de saúde pública no governo federal do país — publicou um estudo onde relata sua própria experiência e traz dados alarmantes sobre o impacto do isolamento social na saúde das pessoas.
Em entrevista à BBC, o médico disse que se inclui no índice de pessoas que vivenciam uma “profunda sensação de solidão”.
Estima-se que quase 50% de todos os norte-americanos tenham sido afetados. As autoridades de saúde do país estão pedindo que o isolamento social seja levado a sério, e tratado da mesma forma como a obesidade ou o abuso de drogas.
Murthy relatou que suas batalhas contra a solidão ocorreram durante e logo após o término de sua primeira passagem como cirurgião-geral, em abril de 2017.
“Quando assumi o cargo de Cirurgião Geral em 2014, não via solidão como um problema de saúde pública. Mas isso foi antes de eu embarcar em uma turnê de entrevistas pelo país, onde ouvi histórias de meus colegas que me surpreenderam”, disse. Murthy. Segundo ele, as pessoas diziam que se sentiam isoladas, invisíveis e insignificantes.
O impacto da solidão em nossa saúde
O levantamento do cirurgião geral mostra que nos últimos anos, cerca de um em cada dois adultos nos EUA relataram ter experimentado solidão.
A solidão aumenta o risco de morte prematura em quase 30% — por problemas de saúde, incluindo diabetes, ataques cardíacos, insônia, demência, AVC, depressão e ansiedade.
O impacto na mortalidade de estar socialmente desconectado é semelhante ao de fumar até 15 cigarros por dia, e ainda maior do que associados à obesidade e inatividade física.
A falta de interação social também está ligada a menor desempenho acadêmico e pior desempenho no trabalho, de acordo com o estudo.