Excelente resultado do leilão 5G empolga especialistas
Investimentos em nova tecnologia podem superar US$ 1 trilhão nos próximos 20 anos.
No maior leilão ocorrido no Brasil desde o pré-sal, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vendeu os lotes de frequência de 5G aos investidores interessados em explorar a nova tecnologia no país.
Com isso, o Brasil dá um passo decisivo rumo à quinta geração de internet móvel. O governo federal calcula que o 5G possa gerar mais de US$ 1 trilhão em investimentos diretos e indiretos nos próximos 20 anos. Para os especialistas, trata-se de uma grande oportunidade para o desenvolvimento do país, em diversos setores da economia.
“Investimentos muito relevantes serão realizados na infraestrutura de telecom do país. Isso significa geração de empregos, impostos e, principalmente, potencial de desenvolvimento econômico e inclusão digital”, explica José Ronaldo Rocha, sócio da EY e líder de consultoria para Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT).
O leilão do 5G no Brasil representa um marco nas telecomunicações no país?
José Ronaldo Rocha:
Sim, alguns fatores justificam essa relevância. Entre eles, o fato de ser o maior leilão em quantidade de espectro ofertado já realizado no mundo. Também foi o maior leilão da América Latina em comprometimento de recursos. Foi um leilão abrangente que focou no desenvolvimento do setor e em aspectos estruturais do Brasil. Com políticas focadas em obrigações de implantação de rede, será possível maximizar a aplicação de recursos no desenvolvimento de infraestrutura e, como consequência, alavancar o desenvolvimento econômico e a inclusão social/digital, com muito mais eficiência e velocidade.
Os resultados foram os esperados? Quais os benefícios para o governo e para o mercado de banda larga?
O leilão teve um excelente resultado. Quase todos os lotes foram vendidos, sendo a grande maioria adquirida com ágio. Para o governo, o maior benefício foi a garantia de que investimentos muito relevantes serão realizados na infraestrutura de telecom do país. Isso significa geração de empregos, impostos e, principalmente, potencial de desenvolvimento econômico e inclusão digital. A arrecadação obtida também é relevante, mas, sem dúvida, o desenvolvimento do setor e avanço na conectividade serão mais importantes para a sociedade.
Na prática, quando as pessoas começarão a ter acesso ao 5G?
A estimativa é que, no início do próximo ano, usuários que já tiverem terminais e dispositivos conectados 5G compatíveis com a canalização brasileira poderão ter acesso aos serviços 5G. Inicialmente, esse acesso será concentrado nas grandes capitais e algumas cidades com operação piloto, uma vez que algumas grandes operadoras já têm equipamentos instalados, operando em 4G, que também são compatíveis com o 5G, a partir de ajustes e carregamento de software.
O leilão foi apenas o primeiro passo concreto em relação ao 5G. O que deve acontecer a partir de agora, em termos de instalação de infraestrutura etc.?
A partir de agora começa uma corrida de diversos provedores para serem os primeiros a oferecer serviços 5G em cada região. Esse pioneirismo ajudará na construção de uma imagem inovadora e na oferta de melhores serviços que a nova tecnologia representa, para conquistar e fidelizar os clientes. Deve começar um forte e intenso processo de implantação e expansão de redes, visto que novos sites serão necessários. Um elemento que será crítico para a massificação do uso das tecnologias 5G será a disponibilidade e a aquisição de terminais e demais dispositivos 5G pelos clientes.