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FaceApp tenta explicar questões de privacidade, mas confunde usuário

Dona de app gratuito que 'envelhece o usuário', russa Wireless Lab divulgou comunicado nesta quarta-feira; nota não esclarece pontos genéricos dos termos de uso do serviço

17 jul 2019 - 13h33
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Filtro FaceApp recolhe informações e compartilha com anunciantes 
Filtro FaceApp recolhe informações e compartilha com anunciantes
Foto: FaceApp/Divulgação / Estadão

O FaceApp - aquele aplicativo que envelhece os rostos dos usuários - virou mania nas redes sociais por permitir uma visão do futuro, aplicando um filtro nas fotos. Na mesma medida que teve sucesso, porém, o app para iPhone e Android levantou questões de privacidade e utilização de dados. Nesta semana, o Estado mostrou que a empresa, por exemplo, compartilha informações das pessoas com anunciantes. Outro ponto de preocupação apontado por especialistas é a maneira como a empresa estaria montando um banco de dados de imagens de rostos. Nesta quarta-feira, após críticas globais, a startup responsável pelo app tentou responder algumas questões. Mas o resultado acaba mais confundindo o usuário do que acalmando a situação.

Em comunicado divulgado à imprensa americana, a Wireless Lab, startup russa que é dona do FaceApp, diz que pode armazenar as fotos por até 48 horas em seus servidores.

Segundo ela, é uma medida para melhorar a performance do serviço. A empresa diz que ainda permite "cortar caminho" quando usuários carregam a mesma foto no aplicativo.

Além disso, a startup russa diz que carrega em seus servidores apenas a foto selecionada pelo usuário - um dos temores de especialistas é que o serviço tivesse acesso a todas as fotos da galeria de imagens do telefone.

Afirmações genéricas

No comunicado, a companhia dá a entender que quando o usuário não faz login no aplicativo, suas fotos não são cruzadas com outras informações de maneira que ele possa ser identificado. Esse é o caso com 99% das pessoas que usam o app. A Wireless Lab, porém, não fala o que acontece quando alguém decide fazer o login."Todos os recursos estão disponíveis sem o login, e você pode logar apenas na tela de configurações. O resultado disso é que 99% dos usuários não fazem login; portanto, não temos acesso a quaisquer informações que possam identificar uma pessoa", diz o documento.

Segundo a companhia, ela não compartilha ou vende nenhuma informação dos usuários para terceiros, o que também é uma meia verdade. Ela pode não vender nome ou endereço físico, mas compartilha cookies, logs e outras informações de navegação. Está escrito nos próprios termos de uso do app: "Podemos também compartilhar certas informações, como cookies, com parceiros de publicidade. Essa informação permitiria redes de anunciantes, entre outras coisas, a entregar anúncios direcionados que elas creditam que seriam de interesse".

O FaceApp também diz que pode compartilhar os dados com "empresas irmãs", que legalmente fazem parte do seu mesmo grupo de negócios."Se vendermos ou transferirmos parcialmente ou integralmente o FaceApp e suas propriedades, suas informações, como conteúdo do usuário ou qualquer outra informação coletada por meio do serviço, estarão entre os ítens vendidos ou transferidos", avisa o contrato.

Por fim, a Wireless Lab diz que não transfere dados para a Rússia, onde empresas têm de manter servidores no País se lá quiserem operar - o fato de a startup ser de lá levantou preocupações. De fato, no contrato do FaceApp está escrito que os dados são armazenados nos EUA. Isso, porém, não elimina completamente a possibilidade do app transferir dados para nações amigas da Rússia. Nem mesmo a possibilidade completa dos dados terminarem no país governado por Vladimir Putin.

Parte do documento diz: "Suas informações coletadas por meio do serviço podem ser armazenadas e processadas nos EUA ou em qualquer país onde o FaceApp, seus afiliados ou prestadores de serviços mantenham instalações". O contrato vai além, e lava as mãos em relação a países com leis mais duras de privacidade, como o Brasil ou a União Europeia.

"O FaceApp, seus afiliados ou prestadores de serviços podem transferir informações que coletamos sobre você, incluindo informações pessoais, entre fronteiras e do seu país ou jurisdição para outros países ou jurisdições. Se você está na União Europeia ou em outras regiões com leis sobre coleta e uso de dados diferentes da lei americana, perceba que podemos transferir informações, incluindo informações pessoais, para países e jurisdições que não têm as mesmas leis de proteção que a sua jurisdição".

Vale lembrar: os EUA ainda não têm uma lei específica de proteção de dados, como a União Europeia ou o Brasil. Além disso, por não ter sede no Brasil, pode ser difícil acionar o FaceApp na Justiça no caso de um vazamento de dados massivo - ou mesmo em qualquer questão jurídica.

Estadão
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