Facebook e Instagram vão revisar proibição de mamilos nas redes
A determinação vem após a censura de duas postagens no Facebook de uma conta administrada por um casal transgênero e não-binário
O Facebook e o Instagram, ambas redes sociais da Meta, poderão liberar em breve fotos em que mamilos aparecem, de acordo com o jornal The Guardian.
A discussão vem mais de dez anos depois do movimento de mães que amamentam contra o Facebook, em 2008, que estava considerando as fotos delas como conteúdo pornográfico na época. Outro ponto polêmico é que, apesar de proibir "mamilos femininos" à mostra, nenhuma das empresas proíbe os "mamilos masculinos".
Em uma decisão desta terça-feira (17), o conselho de supervisão da Meta, composto por acadêmicos, políticos e jornalistas, recomendou que a organização modificasse sua classificação de nudez adulta e atividade sexual para que seja "regido por critérios claros que respeitem os padrões internacionais de direitos humanos".
A determinação vem depois da censura de duas postagens no Facebook de uma conta administrada por um casal transgênero e não-binário. As postagens eram do casal de topless, mas com os mamilos cobertos, descrevendo a saúde trans e arrecadando dinheiro para a cirurgia de transição nas legendas.
Os posts foram notificados por usuários e removidos pelo sistema de inteligência artificial (IA) da plataforma. O casal recorreu da decisão e os posts foram restaurados. A partir do acontecido, o conselho notou que a política da Meta é baseada numa visão binária de gênero e na distinção entre corpos femininos e masculinos.
Isso tornaria as regras para a exclusão de mamilos "pouco claras" para usuários não-binários, interssexuais e transgênero, segundo o conselho. Por isso, determinou que a Meta "defina critérios claros, objetivos e que respeitem os direitos" para moderar a nudez.
Além do movimento de 2008, das mães que amamentavam e protestaram contra o Facebook, em 2013 a onda do #FreeTheNipple (libere o mamilo, em português) também se tornou popular.
Embora a ideia esteja sendo discutida, há dúvidas sobre como sistemas de inteligência artificial (IA) poderiam ser capazes de criar uma nova política sobre os mamilos. Isso porque um casal arrecadando dinheiro para cirurgias não é o mesmo que alguém pedindo sexo online, como exemplifica o The Guardian.
"A questão interessante será a tensão sobre como a Meta pode criar novas regras sem abrir as comportas para a pornografia, e é por isso que essas regras existem em primeiro lugar. Isso deveria ser possível, mas sou cético sobre se é se a moderação de conteúdo for automatizada", afirmou Emily Bell, diretora do Tow Center for Digital Journalism, ao Guardian.
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