Facebook não merece confiança com plano 'louco' de criptomoeda, dizem senadores dos EUA
Parlamentares democratas e republicanos afirmaram nesta terça-feira que o histórico do Facebook sobre o que eles consideram como indigno de confiança deve ficar no caminho do lançamento de uma moeda digital, classificando o plano de "delirante" e "louco" em uma audiência no Senado.
O Facebook está lutando para trazer Washington para seu lado depois que chocou reguladores e parlamentares com o anúncio, em 18 de junho, de que planeja lançar uma criptomoeda chamada libra em 2020.
Desde então, enfrentou uma enxurrada de críticas de políticos e agências financeiras no país e no exterior, que temem que a adoção generalizada da moeda digital pelos 2,38 bilhões de usuários da gigante de mídia social possa bagunçar o sistema financeiro.
"O Facebook demonstrou através de escândalos atrás de escândalos que não merece a nossa confiança", disse o senador democrata Sherrod Brown, membro do Comitê Bancário do Senado, em seu discurso de abertura. "Nós seríamos loucos de dar a eles uma chance de deixá-los experimentar com as contas bancárias das pessoas."
Antes de anunciar seus planos para a libra, o Facebook já estava enfrentando uma reação negativa sobre o mal uso de dados de usuários e não fazer o suficiente para impedir a interferência da Rússia na eleição presidencial de 2016.
David Marcus, o principal executivo da empresa que supervisiona o projeto, deu um depoimento sobre questões que vão desde como a libra pode afetar a política monetária global até como os dados dos clientes serão tratados.
Ele recebeu uma recepção fria dos parlamentares democratas que já acreditam que a empresa é muito grande e descuidada com os dados do consumidor.
"Eu não confio em vocês", disse a senadora republicana Martha McSally. "Em vez de limpar sua casa, você está lançando um novo modelo de negócios."
Marcus, que foi presidente do PayPal de 2012 a 2014, prometeu que o Facebook não começará a oferecer a libra até que as questões regulatórias sejam resolvidas.
Os parlamentares levantaram uma série de preocupações, inclusive sobre como a empresa planeja evitar a lavagem de dinheiro, como os dados e recursos dos consumidores serão protegidos e como a associação baseada em Genebra, criada para administrar o sistema, será regulamentada.
"Eu sei que temos que conquistar a confiança das pessoas por um período muito longo", disse Marcus quando perguntado se os consumidores poderiam confiar no Facebook para não compartilhar suas informações de pagamento.
A empresa de mídia social prometeu que sua subsidiária de pagamentos chamada Calibra só compartilhará dados de clientes com o Facebook e terceiros externos se tiver consentimento, ou em "casos limitados", onde for necessário.