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Facebook tem recorde de público; por que plataforma ainda é tão forte?

Rede social da Meta resiste à concorrência e contraria previsões pessimistas, agregando mais de 3 bilhões de usuários diários ativos

4 ago 2023 - 05h00
(atualizado às 11h26)
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Especialistas comentam os erros e acertos do Facebook após plataforma bater recorde de usuários
Especialistas comentam os erros e acertos do Facebook após plataforma bater recorde de usuários
Foto: Poder360

Se você é da época que viu os usuários do finado Orkut migrando para uma nova rede social chamada Facebook, pode se assustar com o fato de que a plataforma está prestes a completar 20 anos de existência. E batendo recordes: são mais de 3 bilhões de usuários ativos no mundo todo. 

Em fevereiro de 2004, Mark Zuckerberg, com apenas 20 anos, criou o "Thefacebook", em parceria com seus colegas de quarto em Harvard: Dustin Moskovitz, Chris Hughes e o brasileiro Eduardo Saverin.

O que os jovens universitários provavelmente não imaginariam, é que estavam criando a rede social mais popular do mundo e que atingiriam, em 2023, o marco de quase 40% da população mundial acessando a plataforma. 

Nesses quase 20 anos, diversas redes sociais surgiram e também se tornaram sucessos avassaladores, como o Twitter, o Instagram, o TikTok, o Snapchat, entre outras. Mas, apesar de toda a inovação digital, o Facebook não deixou de ser uma das redes sociais mais populares. O que pode estar por trás desse sucesso? 

O número de 3,08 bilhões de usuários mensais é um novo recorde para o Facebook, que chegou ao primeiro bilhão em 2012 e alcançou a marca dos dois bilhões em 2017.

“Esse é um feito inédito e até agora imbatível na história. Para efeito de comparação, o TikTok, que é de uma empresa chinesa e tem livre acesso à audiência do país, tem cerca de um bilhão de usuários ativos por mês”, comentou Ian Black, CEO da New Vegas, agência com foco em marketing digital.

Entenda a “potência” Facebook

  • Usuários ativos diários do Facebook no mundo: 2,06 bilhões (+5% em relação ao ano anterior); 
  • O Facebook agora tem mais de 3 bilhões usuários de ativos mensais (+3% em relação ao ano anterior);
  • Os usuários ativos diários continuam a crescer em todo o mundo, inclusive nos EUA e no Canadá. 

Em nota enviada ao Byte, a Meta, empresa dona do Facebook, afirmou que o engajamento geral no Facebook e no Instagram continua forte. 

Sobre o que impulsiona o desempenho de receita, a empresa destacou duas principais questões: “A capacidade de oferecer experiências envolventes para nossa comunidade e nossa eficácia em monetizar esse envolvimento a longo prazo”. 

Facebook bate recorde de usuários ativos em todo o mundo, são mais de 3 bilhões de pessoas
Facebook bate recorde de usuários ativos em todo o mundo, são mais de 3 bilhões de pessoas
Foto: Getty Images

De acordo com dados de janeiro de 2023 da Statista, o país com o maior número de visitantes do Facebook é a Índia, com 314,5 milhões. Em seguida estão os Estados Unidos (175 milhões), a Indonésia (119,9 milhões) e o Brasil (109 milhões).

“O Facebook não está morto”

Black comenta que estamos acostumados a classificar como mudança grandes iniciativas de redesign, como vem ocorrendo com o Twitter (recentemente renomeado para X) e com mais frequência no Instagram.

O publicitário enumera alguns recursos em que o Facebook trabalha com competência, como. 

  • O feed, principal área da rede social para checar atualizações de perfis e páginas;
  • A possibilidade de armazenamento de conteúdo pessoal compartilhável;
  • As comunidades;
  • Funcionalidades de classificados;
  • Mensagens instantâneas pela plataforma própria Facebook Messenger;
  • Integração dos seus produtos, como Instagram, WhatsApp e o próprio Messenger.

A maioria dessas ferramentas existe há algum tempo, mas isso não significa que o Facebook não protagonize mudanças, na visão dele.

Quais são as redes sociais mais famosas do mundo? Quais são as redes sociais mais famosas do mundo?

“Não creio que o Facebook tenha mudado pouco nos últimos anos. O que parece não ter mudado é o velho hábito de marqueteiros e publicitários de atuarem num pensamento binário e ávido por novidades que provoca uma distorção dos fatos, como essa bobagem repetida à exaustão de que o Facebook morreu”, disse Black. 

Uma das maiores apostas recentes da plataforma é o Reels, formato de vídeo mais curto lançado em 2022 que surgiu para competir com o TikTok e nos mesmos moldes do que foi usado com sua rede social "irmã", o Instagram, desde 2019.

Também em 2022, o Facebook começou a introduzir recursos de bate-papo (chat em grupo) dentro das comunidades; e expandiu o Modo Profissional, uma experiência de perfil para criadores acessarem ferramentas de monetização e criação de vídeos profissionais.

Além disso, a Meta recentemente anunciou seu próprio serviço pago de verificação de contas Meta Verified, como ocorre no X (ex-Twitter). A função será aplicada no Instagram e no Facebook.

Diversas gerações no mesmo lugar

Entender que atualmente diversas gerações coexistem nas redes sociais pode ser uma estratégia do portfólio da Meta, que tem outros produtos além do Facebook. 

Para a publicitária Rafaela Lotto, diretora de conteúdo da YouPix no Brasil — consultoria que cria estratégia e negócios para criadores — cada rede pode estar centrada em manter ativo os usuários que se identificam com a plataforma. 

“As redes hoje não são mais como antigamente, que eram 'coisa de jovem'. Hoje, três ou mais gerações coexistem nesse espaço e a descentralização possibilita que cada ambiente esteja adaptado para determinado consumidor”, afirmou Lotto.

“Se a gente generalizar um pouco, podemos observar que nossos pais estão no Facebook, nós estamos no Instagram e nossos filhos no TikTok. Se todo mundo estivesse no mesmo ambiente, e a Meta estivesse tentando com o Facebook 'agradar todo mundo' possivelmente não teria sido bem-sucedido”, opina a publicitária. 

Mark Zuckerberg, criador e proprietário do Facebook
Mark Zuckerberg, criador e proprietário do Facebook
Foto: CartaCapital

Anúncios e comunidades: o segredo do sucesso

Uma plataforma de anúncios consistente e inclusiva. Este é o pilar destacado por Ian Black como importante para o sucesso do Facebook quase 20 anos após sua criação. 

“Eu diria que a plataforma de anúncios é a mais poderosa ferramenta para o sucesso da rede. É o que mantém a plataforma em termos financeiros e incentiva os aperfeiçoamentos em todos os aspectos. Mas, ainda mais importante é o seu aspecto inclusivo”, afirmou.

Para justificar o aspecto inclusivo do Facebook, Black citou que os meios tradicionais (TV, impressos, rádio) tem uma limitação estrutural que os tornam caros e inacessíveis para muitos anunciantes. 

Já a rede social da Meta, ao lado do Google, foram os principais responsáveis por tornar os anúncios digitais algo acessível para todos os tamanhos de negócios, ao apresentar formatos com diferentes propostas e preços.

“Hoje, se eu tenho uma empresa que vende cursos, blusas de crochê ou aulas de javanês, eu posso anunciar no Facebook para uma audiência que tenha potencial de compra. É uma ferramenta extremamente necessária para os tempos atuais em que o empreendedorismo é uma realidade para uma grande parcela da população”, explica o publicitário. 

Rafaela Lotto, do YouPix, lembra que as comunidades e grupos de usuários têm um poder bastante importante no Facebook.

“Esse poder de comunidade do Facebook não vemos em outras plataformas. Diria que essa é uma das fortalezas. Já do ponto de vista do creator [criador de conteúdo], é a única plataforma do Meta que monetiza o conteúdo de forma consistente e isso é um atrativo para que eles continuem ativos por lá”, diz a publicitária.

    O futuro: inteligência artificial e mais criadores como apostas

    Em uma publicação sobre as novidades da plataforma, o Facebook explica que recomendações baseadas em inteligência artificial (IA) para conectar pessoas é uma parte importante do trabalho da empresa. 

    “Usamos inteligência artificial para identificar criadores que possam atender aos seus interesses e para melhorar a forma como recomendamos Reels e outros conteúdos relevantes de criadores em seu feed”, explica o Facebook. 

    Ian Black disse estar “bastante curioso" sobre como a IA vai contribuir para o aperfeiçoamento da plataforma e o impacto para usuários e clientes, com a possibilidade de reunir negócios de todos os tamanhos.

    O Facebook também afirmou que vem investindo fortemente na criação de ferramentas para criadores “para ajudar a crescer e gerenciar comunidades de fãs e expandindo as formas de ganhar dinheiro como criador”, disse a empresa. 

    Rede social chegou ao Brasil em 2008, quando a plataforma inseriu o português brasileiro como um dos idiomas
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    Foto: Tirachard via Freepik

    Desafios

    Apesar de ter os anunciantes e a monetização como um dos pilares do sucesso, especialistas destacam que o anunciante está em busca de mais pessoas. Com isso, o sucesso comercial é decorrente de uma audiência engajada e presente na plataforma. 

    “Sem ela, a monetização não acontece e o modelo de negócio não para de pé. O desafio das plataformas é atrair e manter essa audiência para que a receita com publicidade seja relevante”, afirmou Rafaela Lotto.  

    Como ponto negativo, a publicitária afirma que “a falta de prioridade para a questão das fake news e discursos de ódio afastou não só usuários como anunciantes, talvez de forma irreversível”. Esta questão, diz Lotto, é um ponto que deveria ser melhorado. 

    “Mas, de forma geral, acredito numa convivência entre as redes e não mais aqueles cenários que observamos anos atrás de uma rede matando a outra”, destacou. 

    Fonte: Redação Byte
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