Falta de sinal telefônico limita acesso à internet na ajuda aos Yanomami
Ministério das Comunicações e Correios enviaram 1.000 chips de celular, mas atendimento das operadoras móveis é fraco na região
Apesar dos esforços do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, para ajudar nas operações humanitárias que acontecem na terra indígena Yanomami, em Roraima, com o envio de 1.000 chips de celular, a região precisa enfrentar outro problema: a falta de cobertura telefônica.
Segundo relatou a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ao Estadão, “a região fica em local isolado sem atendimento das prestadoras móveis, que têm obrigações de atendimento nas sedes municipais, localidades e aglomerados urbanos”, declarou o órgão de fiscalização.
A falta da cobertura na terra indígena, localizada a 230 quilômetros de distância de Boa Vista, é o que limita a possibilidade da implementação tecnológica para ajudar nas operações.
O anúncio do envio dos chips aconteceu na última sexta-feira (10) e o ministro, ao lado do presidente dos Correios, Fabiano Silva, disse que o objetivo era “facilitar a comunicação entre as equipes que prestam assistência nas terras indígenas Yanomami, localizadas entre os Estados de Roraima e Amazonas”.
Chips limitados
Segundo o Estadão, na prática, o uso dos chips se mostra limitado, já que, dentro da terra indígena Yanomami, a única forma de conexão viável se dá por meio de conexão via satélite.
No dia 9 de fevereiro, a pasta anunciou que iria instalar antenas de conexão banda larga via satélite para apoiar o atendimento médico à população e fortalecer ações de enfrentamento à situação de emergência da região.
Os Correios atuam, desde 2017, como um tipo de “operadora virtual” de telefonia. Na região de Boa Vista, a empresa faz a locação da estrutura que é fornecida pela empresa Surf Telecom, que, por sua vez, aluga a rede de telefonia móvel da TIM.
Isso significa que qualquer celular com chip do Correios Celular só vai funcionar se estiver na área em que a TIM tiver cobertura, o que não inclui a terra Yanomami.
A reportagem do Estadão questionou a pasta e a estatal, que afrimaram que “os chips foram enviados para facilitar a comunicação entre as equipes humanitárias e de apoio que estão prestando assistência à população”.
O órgão negou que os itens sejam desnecessários. “Naturalmente, a localização dessas equipes é dinâmica, entretanto, suas bases possuem a cobertura do serviço. Portanto, a informação de que os chips não funcionam não é verdadeira”, disseram.