Filme da Netflix aborda mistérios dos gatos; o que ciência sabe sobre eles?
O documentário Dentro da Mente de um Gato, da Netflix, traz curiosidades sobre esses bichinhos que adoram trazer alegria para os humanos
No Antigo Egito, as pessoas acreditavam que os gatos eram criaturas mágicas e que traziam boa sorte. Para muitos gateiros de plantão no século XXI, eles estavam certos. Felis Catus é o nome científico do bichinho tema do documentário Dentro da Mente de um Gato, disponível na Netflix.
A espécie é derivada do gato selvagem africano. Todos os gatos, grandes ou pequenos, descendem da família Felidae. Há 3 milhões de anos, os Felis (gatos pequenos, mais parecidos com os pets) se dividiram dos Panthera (gatos grandes, como os leões).
Em 10 mil anos, segundo o documentário, o DNA felino mudou muito pouco. Então, como é ter um caçador nato dentro de casa? Os gatos podem correr a uma velocidade de mais de 40 quilômetros por hora. Eles têm mais vértebras que a maioria dos mamíferos e possuem discos amortecedores extremamente elásticos prontos para dar agilidade e força para a caça.
A inteligência felina
Os cachorros têm fama de aprenderem truques e comandos por voz. Porém, segundo o documentário, os gatos sabem o próprio nome e conseguem entender cerca de 160 palavras.
As irmãs ucranianas Maryna e Svitlana são destaque no documentário da Netflix e ficaram famosas por participarem do reality show de talentos America 's Got Talent. Em seu perfil no Instagram (@savitskycats), elas mostram os truques ensinados aos felinos: saltos sincronizados, caminhadas em duas patas, equilíbrio em corda bamba. São feitos que deixariam qualquer cachorro treinado com inveja.
Língua de gato
A famosa língua áspera do gato tem sua função. Carnívoros, os gatos domésticos têm um sistema digestivo adaptado para consumir carne crua. E a textura da língua é útil quando o bichano precisa raspar até o último pedaço de carne grudado no osso da sua presa. Claro que, hoje, existem diversas rações balanceadas sendo vendidas, dispensando a necessidade da caça pelo gato.
Além disso, a língua áspera também ajuda na higiene do gatinho. A sua elasticidade e capacidade de alcançar praticamente todo o corpo com a boca são responsáveis pelos banhos que esses bichanos realizam quase que diariamente.
Afinal, o que tem na mente de um gato?
Apesar de parecer o contrário, os gatos amam os seus donos tanto quanto os cães. Existe um mito de que os gatos se apegam ao ambiente e não às pessoas, mas não é verdade. Eles também reconhecem quando são chamados pelo nome. Se vão responder ou não, aí fica por conta deles.
Subir prateleiras, se esconder em caixas de papelão, arranhar sofás e outros comportamentos estão ligados diretamente ao DNA dos seus ancestrais predadores. A visão noturna privilegiada também é herança genética.
Eles reconhecem nossas emoções e têm comportamentos distintos quando estão com medo, felizes, quando se sentem ameaçados ou quando confiam no humano que está por perto. Fofo, não?
Os mistérios do ronronar e na urina
Mas apesar de estarem sempre por perto dos humanos, sabemos menos sobre o comportamento felino do que gostaríamos. Por exemplo, por que os gatos ronronam?
Sam Watson, responsável pela pasta de ciência da ONG britânica em prol de animais RSPCA, disse em reportagem de 2018 à BBC que há pouco conhecimento sobre como os gatos ronronam entre si no ambiente selvagem, apesar de ser claro que eles ronronam ao cuidar um do outro. "Pode ser que exista um [ronrom] para 'eu quero isso', outro para 'vamos compartilhar o que temos'."
Uma hipótese é a de que as vibrações do ronronar sejam fisicamente rejuvenescedoras. Acredita-se que frequência dessas vibrações - com um alcance entre 20Hz e 150HZ - pode promover o crescimento dos ossos conforme eles enrijecem em resposta à pressão. Outras frequências podem fazer coisas similares aos tecidos.
Outra curiosidade é que gatos usam uma "arma química" para subjugar ratos, segundo um estudo do Instituto de Ecologia e Evolução, em Moscou, lançado em 2015. A equipe identificou uma substância na urina de felinos que "enganaria" o cérebro de roedores.
Os pesquisadores descobriram que ratos jovens expostos à substância, batizada de felinina, tendem a ter menos medo de gatos quando crescem - não reagem com fuga imediata, por exemplo, ao sentir o cheiro dos predadores.
Outra dúvida sobre a biologia dos gatos é quantos anos eles vivem. Não é uma tarefa fácil estabelecer a média de vida, mas muitos especialistas já tentaram. Com as melhorias na nutrição e na medicina veterinária, incluindo vacinas e agentes terapêuticos, os felinos passaram a viver mais de 15 anos e, em alguns casos, chegam a ultrapassar as duas décadas.
