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Foguete 'abandonado' colide com a Lua e levanta debate sobre lixo espacial

Especialistas afirmam que o foguete pode ter criado uma cratera na Lua, de 10 a 20 metros de diâmetro

7 mar 2022 - 10h58
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Depois de sete anos vagando pelo espaço, um foguete "abandonado" colidiu com a Lua nesta sexta-feira, 4. Revelado por astrônomos em janeiro, o veículo é o primeiro caso de lixo espacial a atingir o satélite natural da Terra.

De acordo com astrônomos que acompanharam o evento, a colisão aconteceu às 09h25 (horário de Brasília) na sexta-feira - o foguete chegou à Lua com uma velocidade de aproximadamente 8.000 km/h. Como a queda se deu no lado mais distante da Lua, não foi possível acompanhá-la por telescópios ou espaçonaves.

Especialistas afirmam que o foguete pode ter criado uma cratera na Lua, de 10 a 20 metros de diâmetro. Nas próximas semanas, a espaçonave robótica Lunar Reconnaissance Orbiter, da Nasa, deve começar a registrar imagens do local do impacto.

Astrônomos amadores e profissionais identificaram o foguete em janeiro por meio do Guide, um software de observação de estrelas e asteroides. A origem do veículo, porém, foi motivo de confusão. Inicialmente, o astrônomo americano Bill Gray, criador do Guide, indicou que a nave era do modelo Falcon 9, da SpaceX. Duas semanas depois, porém, o especialista corrigiu a informação, dizendo que se tratava de um propulsor chinês, o Chang 5-T1 - a China, contudo, nega que seja a dona do foguete.

A confusão na identificação do "pai" do veículo se deve à dificuldade de rastrear detritos espaciais. Além disso, assumir a identidade de um lixo espacial não é uma responsabilidade que uma empresa ou governo gostaria de ter.

O episódio tem funcionado como um alerta para a poluição crescente do espaço. Bill Gray aproveitou a ocasião para pedir sistemas de rastreamento de foguetes mais rígidos. Além disso, recomendou que fornecedores de lançadores fizessem a disponibilização pública das últimas trajetórias. Também disse que devem considerar a redução do lixo espacial, desorbitando os propulsores não-utilizados sempre que possível. Por fim, o cientista sugeriu a criação de uma organização internacional para realizar o rastreamento preciso desses objetos, frisando que esse programa deveria ser bem financiado.

Especialistas descartam efeitos da colisão para a Terra e para os satélites em nossas órbitas. Apesar de ser um lixo espacial, o foguete abandonado poderá trazer ganhos científicos: os fragmentos gerados pela colisão e as imagens que sondas espaciais farão da cratera após o choque podem ser uma ferramenta importante para novas descobertas sobre o solo lunar e sobre a força de impacto no satélite.

Estadão
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